Foi aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) uma nova posologia que permite aos pacientes com leucemia mieloide crônica (LMC) que atingiram a remissão da doença a pararem de tomar a medicação, conforme avaliação e monitoramento médico.
Este é um marco importante no cenário de tratamento de LMC no Brasil, segundo os especialistas, trazendo benefícios de longo prazo aos pacientes e também ao sistema de saúde brasileiro, com a economia de recursos que será realizada.
Atualmente, com a utilização de terapias-alvo, mais da metade dos pacientes com LMC consegue conquistar a remissão completa da enfermidade. Em três anos, 1 a cada 2 pacientes que descontinuaram o tratamento mantiveram resposta e não precisaram retornar com a medicação.
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“A descontinuação do tratamento possibilita a diminuição dos eventos adversos, a redução do custo de tratamento, a possibilidade de engravidar e a mudança na percepção de doença, uma vez que não haverá mais a necessidade de tomar o remédio diariamente”, afirma André Abrahão, diretor médico da Novartis Oncologia.
Como funciona
Os pacientes são considerados elegíveis para a descontinuação do tratamento (TFR) quando:
- Possuem LMC na fase crônica;
- São tratados por, pelo menos, 36 meses com nilotinibe;
- Apresentam resposta molecular profunda sustentada (RM 4,5 – células leucêmicas indetectáveis) mantida durante, pelo menos, 12 meses imediatamente anterior a descontinuação do tratamento.
Os estudos clínicos ENESTfreedom e ENESTop indicaram que mais da metade dos pacientes (52%) mantiveram a remissão 144 semanas após suspenderem o tratamento com nilotinibe, o que comprova a eficácia do remédio e a possibilidade de descontinuação.
Como alguma recaída pode ocorrer durante a remissão livre de tratamento, os pacientes elegíveis à descontinuação devem ser monitorados pelos seus respectivos médicos responsáveis.
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Evolução no tratamento
Há apenas 20 anos, havia poucas opções de tratamento para pacientes com de leucemia mieloide crônica. Os medicamentos disponíveis na época apresentavam alta toxicidade e baixa eficácia.
Entretanto, no cenário atual já existem algumas opções de tratamento para esses pacientes. O médico tem a possibilidade de definir a melhor estratégia, de acordo com o perfil do paciente, seja com inibidores da tirosina quinase (terapia-alvo), transplante de medula óssea, imunomodulador, quimioterapia ou radioterapia.
Atualmente, a remissão livre de tratamento (TFR) somente é possível quando o paciente é tratado com alguma terapia-alvo.
Referências bibliográficas:
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- ABRALE – Incorporação do exame PCR ao SUS: uma vitória dos pacientes. Disponível em: https://abrale.org.br/abrale-noticias/461-incorporacao-do-exame-pcr-ao-sus-uma-vitoria-dos-pacientes. Acesso em agosto de 2020.
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