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Reumatologia6 março 2024

Todos os pacientes com PsA respondem completamente às terapias avançadas?

Estudo canadense avaliou os índices de MDA em pacientes com Artrite Psoriásica (PsA) em tratamento com terapias avançadas
Por Gustavo Balbi
A Artrite Psoriásica (PsA) é uma artropatia inflamatória que faz parte do grupo das espondiloartrites e que pode cursar com dano articular significativo, manifestações extra-articulares e limitação funcional. Recentemente, a PsA experimentou uma grande revolução no seu tratamento, de maneira análoga ao que foi observado para a artrite reumatoide, com o surgimento de diversas moléculas biológicas e sintéticas alvo específico que melhoraram muito os desfechos relacionados à doença.   Leia mais: Artrite Séptica: abordagem inicial   Entre elas, pode-se destacar os anti-TNF, os inibidores da IL-12/IL-23 e da IL-23, inibidores da IL-17A, inibidores da fosfodiesterase, inibidores da JAK e análogos do CTLA-4. Dentre os alvos terapêuticos desejados, um desfecho frequentemente utilizado é o MDA (Minimal disease activity, ou mínima atividade de doença). Gladman et al. desenvolveram um estudo de vida real no Canadá para avaliação do atingimento da MDA nos pacientes em uso de terapia avançadas (que inclui os biológicos e os sintéticos alvo específicos). 

Métodos do estudo sobre terapias avançadas

Trata-se de um estudo observacional retrospectivo que avaliou dados dos registros International Psoriasis and Arthritis Research Team (IPART) e Rhumadata, que são bases de dados de vida real que incluem pacientes com artrite psoriásica. Todos os pacientes incluídos do IPART e 78,5% dos pacientes do Rhumadata preencheram os critérios CASPAR. Apenas os dados de centros canadenses foram utilizados no presente estudo. Estima-se que cerca de 95% dos pacientes acompanhados nesses centros foram incluídos, de modo a minimizar vieses de seleção.  Foram incluídos dados de pacientes com 18 anos ou mais no momento do diagnóstico de PsA, que iniciaram terapias avançadas para PsA (incluindo as classes citadas na introdução deste texto) entre janeiro de 2010 e dezembro de 2019 e que tinham registros clínicos pelo menos 6 meses após o início desses tratamentos. Para os pacientes que fizeram mais de uma terapia avançada, foi considerada apenas a última.  O desfecho primário analisado foi a proporção de pacientes que atingiram o MDA após 6 meses do início da terapia avançada. Diversos outros desfechos secundários foram analisados. 

Resultados 

Foram incluídos 1.596 (57% do IPART e 43% Rhumadata). A idade média foi de cerca de 50 anos e 48,8% dos pacientes foram do sexo feminino. Os anti-TNF foram a última terapia avançada prescrita para 65% dos pacientes, seguidos de 18% de anti-IL17, 7,4% de anti-IL12/IL23, 7,0% de inibidores da PDE4 e 1,4% de iJAK. Desses, 48,1% eram naïve de terapias avançadas e 24,9% já tinham falhado a uma terapia avançada; 26,9% eram multifalhados.  Acesse também: Artrite psoriásica: como diagnosticar?   A proporção de pacientes que não atingiram o MDA na avaliação de 6 meses foi de 69%, incluindo todas as regiões analisadas. Estratificando por classe, 66,5% dos pacientes com anti-TNF e 73,8% dos pacientes com anti-IL17 não atingiram o MDA. Os autores também observaram que a falha de se atingir o MDA foi maior quanto maior o número de terapias avançadas prévias. Dos pacientes com uso prévio de 3 ou mais terapias avançadas, 80,3% não atingiram o MDA.  O atingimento de baixa atividade de doença (LDA, definida por DAPSA < 14) também foi baixa: 58,8% dos pacientes não atingiram o LDA. Em algumas regiões analisadas, mas não em todas, também foi observada uma menor chance de se atingir o LDA quanto maior o número de terapias previamente utilizadas.  Os dados foram muito semelhantes na análise de 12 meses. 

Comentários 

Com esse estudo, é possível verificar que a maioria dos pacientes com PsA não atingem os critérios para mínima ou baixa atividade de doença, mesmo com o uso de múltiplas terapias avançadas.  Esse dado é importante para que o paciente seja orientado e reforça a necessidade de novos estudos para que novas moléculas sejam continuamente desenvolvidas e aperfeiçoadas, de modo a oferecer tratamentos mais eficazes para essa grave doença.  Leia ainda: Ter animais de estimação auxilia no controle da artrite reumatoide?
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Referências bibliográficas

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