A residência é um período na formação médica de grandes expectativas e desafios. O desenvolvimento profissional se mistura com a necessidade de amadurecimento e aprendizado de novas habilidades, assim como gestão do tempo e determinação de prioridades.
O cotidiano pode variar bastante em demandas e estrutura de atividades, porém alguns pontos são comuns nos diferentes serviços, assim como as responsabilidades.

Demanda assistencial
A prática assistencial, seja em um ambulatório, enfermaria ou centro cirúrgico, é o grande pilar da residência médica, constituindo etapa fundamental da formação supervisionada do residente.
O contato com o paciente, discussões clínicas com profissionais experientes e a tomada de decisão são necessários para o desenvolvimento do raciocínio clínico e amadurecimento médico.
Sem dúvidas, a maior parte da rotina na residência é composta de atividades práticas assistenciais, promovendo um grande fluxo de aprendizado, de forma que nessas atividades é desenvolvida a capacidade de aplicação prática da teoria científica, assim como a arte de cuidar e gerar uma efetiva relação médico-paciente.
Demanda acadêmica
Diretamente relacionada ao tópico anterior, a demanda acadêmica se configura na necessidade constante de estudo e atualização teórica na prática médica.
O fluxo atual de produção científica é extremamente rápido, sendo um grande desafio se manter atualizado com as últimas diretrizes e evidências.
O papel do residente na construção de uma rotina de estudos é essencial, estruturando e otimizando períodos para estudo teórico, principalmente relacionados com sua prática diária e demanda assistencial.
As instituições de ensino também são importantes nesse sentido, muitas vezes reservando períodos da grade educacional para sessões clínicas, aulas de temas relevantes e discussões de artigos.
Outro ponto é o estímulo para realização de projetos científicos, seja em um estudo clínico com intervenção terapêutica, seja na produção de artigos e participação em congressos. Esse contato com a produção científica é bastante presente nas universidades, uma vez que são elas as principais fontes de produção acadêmica, oferecendo oportunidades diversas para os interessados.
Demanda “além da medicina”
Embora muitas das vezes negligenciada, a demanda “além da medicina” envolve o cotidiano do residente fora das atividades na rotina médica.
É um tempo precioso para organizar a prática de atividade física, relacionamentos, espiritualidade, convívio familiar e outras atividades prazerosas.
Infelizmente, é muito comum a desorganização da gestão do tempo e desvalorização desses períodos “não médicos” que se misturam com afazeres de trabalho ou mesmo ficam esquecidos entre outras prioridades.
O impacto disso muitas das vezes se expressa em maior carga de estresse e sobrecarga emocional, predispondo a quadro de ansiedade e Burnout.
Conclusão
As diferentes demandas na residência médica se apresentam de forma diferentes nos cenários práticos das especialidades médicas, porém compartilham sua essência e desafios cotidianos.
A vivência prática e acadêmica são pilares fundamentais, assim como as atividades extraprofissionais, que devem ser articuladas de forma harmoniosa na rotina do jovem médico.
A residência é um caminho amplo e seguro para o desenvolvimento médico, impactando no amadurecimento da identidade médica, capacidade assistencial qualificada e até mesmo na ética profissional.
Autoria

Johnatan Felipe Ferreira da Conceicao
Revisor médico do Portal PEBMED. Graduado em Medicina pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Contato: [email protected] Instagram: @johnatanfelipef
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