Logotipo Afya
Anúncio
Carreira17 junho 2025

Residência em Oncologia: guia completo da especialidade e formação

Com alta incidência de câncer e avanço tecnológico, a área se tornou ainda mais estratégica na jornada do paciente; saiba como é a residência
Por Redação Afya

A oncologia clínica é uma das especialidades médicas que mais crescem no Brasil — e isso não acontece por acaso. Com o aumento da incidência de câncer e o avanço de tecnologias como a genômica e a imunoterapia, o papel do oncologista tornou-se cada vez mais estratégico na jornada do paciente. Mas, afinal, o que faz esse especialista no dia a dia e como se preparar para essa carreira?

O que faz um médico oncologista no dia a dia

O oncologista clínico é o médico responsável por diagnosticar e tratar tumores malignos sólidos em adultos, com exceção dos cânceres hematológicos, como leucemias e linfomas. Sua rotina é majoritariamente ambulatorial, composta de consultas e acompanhamentos de pacientes, além de visitas hospitalares. É também comum a atuação em equipes multidisciplinares, ao lado de cirurgiões, radioterapeutas, nutricionistas e psicólogos.

O tratamento oncológico inclui uma ampla gama de abordagens, como quimioterapia, hormonioterapia, imunoterapia e terapias-alvo. “É uma especialidade em que a medicina de precisão se aplica aos mais diversos diagnósticos e proporciona um tratamento personalizado, com menos efeitos adversos”, explica a oncologista Lethícia Prado.

Subespecialidades da oncologia

A oncologia divide-se em três grandes áreas: clínica, cirúrgica e pediátrica. A oncologia clínica trata os pacientes com medicações sistêmicas, como quimioterapia, imunoterapia, hormonioterapia e terapias-alvo. O oncologista clínico acompanha o paciente desde o diagnóstico até o seguimento pós-tratamento, sem realizar procedimentos cirúrgicos.

Já a oncologia cirúrgica é exercida por cirurgiões com foco no tratamento cirúrgico de tumores sólidos, como câncer de mama, cólon, pulmão, entre outros. Não existe uma residência médica formal chamada “oncologia cirúrgica”, mas sim especializações cirúrgicas com foco oncológico, como cirurgia oncológica, mastologia, urologia oncológica, entre outras.

Enquanto o oncologista clínico prescreve medicamentos e conduz o tratamento contínuo, o cirurgião oncológico atua em intervenções pontuais, mas essenciais para o controle ou cura do câncer.

Como funciona a residência médica em oncologia

Para se tornar oncologista clínico, o médico deve completar dois anos de residência em clínica médica e, depois, mais três anos em oncologia clínica. A formação inclui estágios em ambulatórios, unidades de internação, pronto-atendimento, radioterapia e serviços externos.

Durante esse período, o médico residente passa por estágios em ambulatório oncológico, enfermaria, pronto-atendimento, cuidados paliativos, radioterapia, hematologia, cirurgia oncológica e centros de pesquisa clínica. A carga horária é intensa e inclui tanto atividades práticas quanto teóricas.

Residência

Diversas instituições de ensino de referência oferecem essa residência, como:

Durante o processo, o residente aprende a lidar com os desafios técnicos e emocionais da especialidade. “Lidamos com pacientes que estão enfrentando momentos extremamente difíceis. Mas é justamente essa complexidade que faz com que a oncologia seja tão recompensadora”, afirma Dra. Lethícia.

Perspectivas de carreira e mercado de trabalho

A estimativa é que o câncer se torne a principal causa de morte no mundo muito em breve. No Brasil, em diversas regiões, ele já faz mais vítimas fatais do que as doenças cardiovasculares. Segundo o INCA, a previsão é que surjam mais de 600 mil novos casos somente em 2025. Com isso, o mercado para oncologistas cresce, não apenas em quantidade de clínicas e hospitais, mas também em número de pesquisas, qualidade de ensino e desenvolvimento de terapias inovadoras.

“É uma especialidade que avança rápido, e isso exige atualização constante. As subespecializações têm se destacado, mas a demanda ainda varia muito conforme a região”, destaca a médica.

Salários, certificações e atuação profissional

Hoje um Médico Oncologista Clínico ganha em média R$ 10.797,07 para uma jornada de trabalho de 24 horas semanais de acordo com pesquisa do Portal Salário junto a dados de 123 profissionais admitidos e desligados em regime CLT nos últimos 12 meses divulgados pelo Novo CAGED. Oncologistas cirúrgicos, no entanto, geralmente recebem mais, e os rendimentos variam conforme localidade e nível de experiência.

Frentes de atuação

O oncologista pode atuar em diferentes frentes, como:

  • Hospitais gerais ou especializados: é onde há maior demanda por oncologistas, tanto no setor público quanto privado;
  • Clínicas oncológicas: muitos profissionais atuam em ambulatórios especializados, realizando seguimento de pacientes, aplicação de protocolos terapêuticos e acompanhamento a longo prazo;
  • Centros de pesquisa clínica: oncologistas podem participar de ensaios clínicos que testam novas drogas e abordagens terapêuticas;
  • Indústria farmacêutica: profissionais com perfil técnico e comunicativo podem atuar em consultoria médica, pesquisa e desenvolvimento, ou como medical science liaison (MSL);
  • Ensino e acadêmico: muitos oncologistas lecionam em faculdades de medicina ou atuam em programas de residência médica, ajudando na formação de novos profissionais;
  • Gestão de saúde e políticas públicas: com o aumento dos casos de câncer, há também espaço para atuação em gestão hospitalar, planejamento de redes oncológicas e formulação de políticas públicas em saúde.

Papel da SBOC e certificações

A Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) é a principal entidade representativa dos médicos oncologistas clínicos no Brasil. Ela tem um papel central na defesa da profissão, na atualização científica dos profissionais e na promoção de boas práticas clínicas no tratamento do câncer.

Entre suas principais atribuições estão:

  • Conceder o Título de Especialista em Oncologia Clínica, em parceria com a AMB (Associação Médica Brasileira);
  • Organizar congressos, simpósios e jornadas científicas, como o Congresso Brasileiro de Oncologia Clínica;
  • Publicar diretrizes e protocolos de tratamento, alinhados com as melhores evidências científicas;
  • Representar os oncologistas em fóruns regulatórios, como a ANS, ANVISA e Ministério da Saúde;
  • Promover educação médica continuada, com cursos, aulas e acesso a publicações científicas internacionais.

Certificação para atuar como oncologista clínico

Para ser reconhecido oficialmente como oncologista clínico no Brasil, é necessário:

  1. Ter CRM ativo;
  2. Concluir residência médica em Oncologia Clínica, credenciada pelo MEC;
  3. Obter o Título de Especialista em Oncologia Clínica, concedido pela SBOC/AMB — normalmente por meio da prova de título, que exige a comprovação da formação e aprovação em exame teórico.

Embora a titulação não seja obrigatória por lei para o exercício da especialidade (basta ter o RQE – Registro de Qualificação de Especialidade no CRM), ela é altamente valorizada no mercado de trabalho, especialmente em instituições de referência, concursos públicos, convênios e seguradoras.

Além disso, para se manter atualizado e competitivo, é recomendado que o oncologista participe das atividades da SBOC e esteja em constante formação — a oncologia é uma das especialidades médicas que mais evolui ano após ano.

O impacto humano e tecnológico

Além da formação técnica, o oncologista precisa estar preparado para lidar com pacientes em estágios terminais. Segundo Dra. Lethícia Prado, isso muda a forma como se enxerga a vida: “Nossos pacientes nos ensinam sobre o que realmente importa. A oncologia nos permite viver experiências que nos transformam.”

Com a chegada da genômica e da medicina personalizada, a oncologia continua sendo uma das fronteiras mais inovadoras da medicina atual. Para quem busca uma carreira desafiadora, humana e em constante evolução, esse pode ser o caminho ideal.

A escolha da melhor instituição vai depender dos seus objetivos, local de residência e perfil de formação desejado.

A Afya está sempre atenta às novidades do universo da residência médica, trazendo conteúdos atualizados e dicas valiosas para ajudar você nessa jornada. Para não perder nenhuma atualização sobre editais, provas e oportunidades, acompanhe a seção Carreira do nosso site e fique por dentro de tudo!

Como você avalia este conteúdo?

Sua opinião ajudará outros médicos a encontrar conteúdos mais relevantes.

Compartilhar artigo

Referências bibliográficas

Newsletter

Aproveite o benefício de manter-se atualizado sem esforço.

Anúncio

Leia também em Residência