A combinação de resultados de dois grandes trabalhos sobre pacientes com doença renal crônica, os estudos FIDELIO-DKD e FIGARO-DKD, trouxe resultados importantes publicados no ano de 2022 e apresentados em agosto durante o evento ESC. A análise combinada dos dados, cujo nome do estudo é FIDELITY, avaliou desfechos renais e cardiovasculares dos participantes mediante adição de antagonistas não esteroidais do receptor de mineralocorticoides (ARMs). Confira no vídeo a seguir:
Como reduzir a morbimortalidade de pacientes com diabetes tipo 2 e doença renal crônica?
A combinação de resultados reuniu mais de 13 mil pacientes com doença renal crônica e diabetes tipo 2. O grupo intervenção dessa análise recebeu a finerenona, um ARM, e os dados foram comparados com o grupo placebo.
Durante a análise, identificou-se que a mortalidade cardiovascular era a principal nesses pacientes integrantes do FIDELITY, em ambos os grupos. O grupo que recebeu a finerenona teve uma redução significativa de 14% na mortalidade cardiovascular e 23% na progressão da doença renal crônica. A mortalidade geral e a morte súbita cardíaca também foram reduzidas no grupo intervenção.
Tendo em vista o alto impacto dessa intervenção, vale a pena destacar os pacientes que sejam elegíveis para ela. Não se trata apenas de incluir a abordagem nos tratamentos para diabetes tipo 2, mas estratificar adequadamente o risco cardiovascular desses pacientes e identificar precocemente a doença renal crônica.
Os métodos para essa estratificação exigem a avaliação da microalbuminúria, muito mais sensível na detecção da lesão renal, e não a taxa de filtração glomerular estimada apenas. A microalbuminúria possui um importante aspecto preditor de risco cardiovascular, estando diretamente ligada a esse risco. Uma das razões para isso é ela ser um importante marcador de atividade inflamatória. Essa atividade é etiologia relevante da doença cardiovascular aterosclerótica.
Os fatores de risco para doença renal crônica são muitos, mas verificar o controle do diabetes é fundamental. A presença de diabetes tipo 2 já um fator de risco, ao qual podem se somar ainda hipertensão, dislipidemias, uso excessivo de anti-inflamatórios não esteroidais e limitada ingestão hídrica.
Quando utilizamos a relação albumina/creatinina, além de termos um importante marcador de intensidade ou extensão de doença, também temos um dimensionador de alvo de tratamentos para diabetes tipo 2 e doença renal crônica. A American Diabetes Association (ADA) indica que para pacientes com essa relação acima de 300mg/g a meta terapêutica é a redução de 30% desse valor.
Esses dados impactam grandemente os manejos clínicos ambulatoriais desses pacientes, especialmente nos cenários ambulatoriais de atenção primária. As fisiologias cardíaca e renal estão intrinsecamente relacionadas. Dessa forma, a otimização de manejos farmacológicos reduzindo polifarmácias e garantindo a proteção para os riscos cardiovasculares e renais é de grande importância. Com o surgimento da finerenona essa parece ser uma realidade possível, por ser um agente que atua tanto na inflamação quanto na fibrose cardíacas. Diferentemente do que acontece na insuficiência cardíaca, que possui pilares bem determinados para seu manejo, a redução de risco para progressão de doença renal crônica estava ligada apenas à utilização de bloqueadores do sistema renina-angiotensina-aldosterona. Agora, além desse pilar há um ARM que atua nesse desfecho e que é potencializado por inibidores do co-transportador sódio-glicose 2 (iSGLT2), por reduzir os riscos de hipercalcemias ligados à finerenona. Assim há sinergias e convergências tanto no tratamento da insuficiência cardíaca quanto da doença renal crônica, condições frequentemente sobrepostas.
Quizz
Agora é com você! Teste seus conhecimentos sobre tudo o que vimos até aqui respondendo o quizz abaixo:
Qual dos fatores de risco a seguir tem o maior impacto na aceleração do risco de DRC em seus pacientes?
AUso excessivo de AINEs
BHidratação inadequada
CColesterol alto
DDiabetes
Pressão alta
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