Em nossa publicação de conteúdos compartilhados do Whitebook Clinical Decision, vamos falar sobre a doença de Alzheimer. A doença é caracterizada como um declínio cognitivo, que envolve um ou mais domínios da cognição (memória, aprendizado, função executiva, linguagem, etc).
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Esse déficit deve ocorrer, notadamente, em relação ao status prévio e deve ser grave o bastante para interferir na função diária e independência do paciente. Os déficits cognitivos e funcionais são progressivos e associados à alterações comportamentais que influenciam não apenas a vida do próprio indivíduo, como também a do ciclo familiar no qual ele está inserido.
Epidemiologia
É fundamental entender que a DA aumenta sua incidência de acordo com a idade. Por isso, entre indivíduos na faixa etária entre 65-70 anos, a incidência é de 5/1.000. Por sua vez, entre indivíduos com idade superior a 85 anos, a incidência se aproxima a 60-80/1.000.
Outro meio interessante de entender o impacto da DA na sociedade é perceber que esta é responsável por 60-80% de todos os casos de demência diagnosticados.
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Quadro clínico da doença de Alzheimer
Diante de um paciente com quadro demencial, a primeira etapa é considerar os motivos de queixa de memória em idosos e etiologias reversíveis:
-
- Envelhecimento normal;
- Depressão;
- Doença sistêmica;
- Efeito colateral de medicação;
- Deficiência cognitiva leve;
- Hipotireoidismo;
- Carência de vitamina B12.
O comprometimento da memória é o sintoma inicial mais comum da demência da DA. Em pacientes com a forma típica da doença, déficits em outros domínios cognitivos podem aparecer com, ou após, o desenvolvimento do comprometimento da memória.
Memória episódica declarativa: o subtipo da memória primariamente afetado. Podemos caracterizá-la como a memória responsável por lembrar fatos e datas.
Ainda é possível subdividi-la em:
Memória imediata: é aquela que usamos para repetir algo que aconteceu imediatamente antes (ex.: um número de telefone que acabou de ser escutado);
Memória para fatos recentes: é aquela que usamos para lembrar algo que ocorreu há algum tempo (ex.: lembrar uma pequena sequência numérica, após um período de distração). Como essa janela de tempo pode ser variável, é possível explicar como alguns fatos antigos (como aqueles que ocorreram há dias ou meses) não podem mais ser recordados no paciente com DA, justamente porque ele perde a capacidade de consolidação dos fatos recentes.
Além disso:
- A disfunção executiva e o comprometimento visuoespacial estão frequentemente presentes no início, enquanto déficits na linguagem e sintomas comportamentais geralmente se manifestam mais tarde no curso da doença. Esses déficits se desenvolvem e progridem de forma insidiosa;
- Há disfunção executiva, caracterizada pela incapacidade de resolver problemas que antes eram facilmente solucionados. Além disso, a capacidade de percepção da doença é afetada nos pacientes com DA. Assim, eles passam a não mais perceber a doença (uma condição conhecida como anosognosia: Perda de consciência);
- Com a evolução da doença, os sintomas passam a acometer outros domínios cognitivos, tornando a distinção entre os tipos de demência mais difícil. Sintomas como alucinações e ilusões tornam-se comuns com o tempo;
- Mais raros, os déficits de linguagem, as anormalidades visuoespaciais ou mesmo as funções executivas podem ser prejudicados, como o sintoma inicial mais proeminente nas formas atípicas;
- Outros sintomas: apraxia, disfunção olfatória e distúrbios do sono.
Curso clínico
A DA progride inexoravelmente. O progresso da doença pode ser medido com escalas de estado mental, como o miniexame do estado mental (MMSE), a avaliação cognitiva de Montreal (MoCA) e a escala de classificação de demência clínica.
Embora o curso clínico medido por tais escalas não seja necessariamente linear, vários estudos descobriram que os pacientes diminuem de 3-3,5 pontos, em média, no MMSE a cada ano, com uma minoria (< 10%) com declínio mais rápido e progressivo de 5-6 pontos no MMSE anual.
Fatores de risco
- O fator de risco mais importante para o desenvolvimento da doença é a idade;
- A presença de alelo APOE4, o baixo nível educacional, uma história familiar de DA e fatores de risco cardiovasculares também aumentam a chance de desenvolvimento da doença;
- Estima-se que dois terços das pessoas diagnosticadas com DA são mulheres.
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