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Psiquiatria8 outubro 2024

Simulação de Sintomas (Malingering)

Simulação é a falsificação ou exagero de doença física ou mental para obter benefícios externos, como evitar trabalho ou responsabilidade.
Por Tayne Miranda

Simulação é a falsificação ou exagero de doença física ou mental para obter benefícios externos, como evitar trabalho ou responsabilidade, conseguir compensações financeiras (como benefícios sociais), procurar drogas, fugir de processos judiciais, evitar serviços militares, conseguir licença da escola ou licença remunerada do trabalho, entre outros. 

Pacientes com transtorno por uso de substâncias frequentemente simulam quadros álgicos, insônia e outras doenças para conseguir prescrição da droga de abuso. Segundo o Manual Estatístico e Diagnóstico de Transtornos Mentais (DSM-5-TR), a simulação não é um transtorno mental. Apesar disso, observa-se uma associação entre a simulação e os transtornos de personalidade antissocial e histriônico.  

A simulação pode ser diferenciada do transtorno factício pelo ganho secundário claro que é o objetivo da simulação. No transtorno factício os pacientes criam conscientemente sintomas físicos ou psicológicos buscando ganhos primários de natureza subjetiva ao ocuparem o lugar de doente. A adoção do papel de doente permite a esquiva de obrigações, sem que a pessoa seja responsabilizada.  

A pessoa doente pode ser visitada com mais frequência, pode participar de grupos e redes sociais, como sociedades específicas para doenças. Desse modo, é importante avaliar mudanças na forma de vida desde o início do quadro, bem como tentar estabelecer quais fatores foram desencadeantes e perpetuadores da situação. 

Apesar das diferenças conceituais, muitas vezes esses transtornos funcionam como um continuum, que varia desde o exagero dos sintomas, passando pela dissimulação ou ocultação, até o fingimento de sintomas. Esse modelo contínuo reflete uma gama de comportamentos, desde leves distorções da verdade até a criação completa de condições inexistentes. 

De modo geral os médicos têm dificuldade em suspeitar de simulação, uma vez que eles são treinados durante sua formação para acreditar que os pacientes estão lhes dizendo a verdade.  

Veja também: Código CID F68

A prevalência da simulação é difícil de determinar, especialmente na população em geral. Em contextos que envolvem questões legais, 10-30% das pessoas apresentam quadros decorrentes de simulações. 

Segundo o DSM-5-TR, deve-se suspeitar de simulação se qualquer combinação dos seguintes fatores for observada: 

  1. Contexto médico-legal de apresentação; 
  2. Discrepância entre o alegado estresse ou incapacidade do indivíduo e os achados e as observações objetivas; 
  3. Falta de cooperação durante avaliação diagnóstica e de obediência ao regime de tratamento prescrito; 
  4. Presença de transtorno da personalidade antissocial. 

Um estilo de entrevista sem julgamentos é muito importante: há evidências de que tal abordagem facilita mentiras mais flagrantes. Perguntas abertas, especialmente no início da entrevista, encoraja os fingidores a falar de forma mais ampla e a fornecer detalhes conflitantes/incoerentes.  

Ter acesso aos registros médicos passados também costuma ajudar na suspeita de simulação. Interrogar de forma direcionada sobre sintomas que não estão relacionados à queixa médica também pode ser uma alternativa, uma vez que em pacientes que desconheçam o quadro clínico vão tender a dar respostas positivas. Grandes variações na execução de determinadas tarefas e testes são sugestivas de simulação. 

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Referências bibliográficas

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