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Psiquiatria6 setembro 2016

Depressão nos idosos. Como identificar?

Muitas vezes, tristeza e depressão ocorrem no contexto de situações específicas. No entanto, os sintomas nos idosos podem surgir sem causas óbvias.

Por Rodrigo Buksman

Em agosto de 2014, o ator e comediante americano Robin Williams foi encontrado morto aos 63 anos após suicidar-se, devido a um quadro grave de depressão. Muitas vezes, tristeza e depressão ocorrem no contexto de situações específicas como a descoberta de uma doença grave, a perda de um emprego ou o luto, por exemplo. No entanto, os sintomas depressivos nos idosos podem surgir sem causas precipitantes óbvias.

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Desse modo, cabe ao médico investigar ativamente sinais e sintomas associados a essa síndrome. Tal recomendação se deve ao fato de que, na nossa prática diária, não são raros os casos nos quais pacientes e seus familiares confundem o sentimento normal de tristeza com depressão e omitem suas queixas, atribuindo de forma equivocada essa terrível condição ao processo natural de envelhecimento.

Algumas características que distinguem depressão e tristeza são o caráter persistente dos sintomas no caso da depressão e sua associação com outras manifestações clínicas como distúrbios do sono e apetite.

A alta prevalência de depressão é um problema mundial. Um levantamento feito em 10 países, Brasil inclusive, mostrou percentuais em adultos que variaram de 3% no Japão a 17% nos EUA, com a prevalência de 8 a 12% sendo encontrada na maioria dos países investigados. Estima-se através de estudos americanos que, quando o médico adota a estratégia de abordar o tema com todos os seus pacientes independentemente do motivo que os levou ao consultório, a frequência do diagnóstico aumenta de 10 para 47%.

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Mais artigos sobre depressão:

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Diversos instrumentos podem auxiliar o profissional de saúde a rastrear depressão. Questionários estruturados como a Escala de Depressão Geriátrica, PHQ-2, PHQ-9 e Inventário de Beck devem ser escolhidos de acordo com sua eficácia, experiência do examinador, tempo disponível para sua execução, dentre outros parâmetros.

O Inventário de Beck por exemplo, apesar de apresentar um bom binômio sensibilidade/especificidade para identificar Depressão Maior, (90% e 79% respectivamente), pode ser muito demorado por envolver 21 itens. Por outro lado, instrumentos simples como o PHQ-2 que envolvem apenas duas perguntas podem apresentar especificidade diagnóstica de até 90%.

Todos devem ter em mente que a identificação da depressão em idosos é tão importante quanto diagnosticar qualquer outra doença grave, principalmente por ser uma condição tratável. Além do aumento da morbidade e mortalidade, a Depressão Maior está associada a isolamento social, maior dependência funcional e ao aumento do uso dos serviços de saúde por idosos.

Considerando que não há exame laboratorial ou de imagem que confirme o diagnóstico e mude o foco da discussão para o tratamento, a importância da entrevista médica é exaltada, assim como a de uma boa relação médico-paciente.

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Autoria

Foto de Rodrigo Buksman

Rodrigo Buksman

Rodrigo Barros Buksman, concluiu a faculdade de Medicina em 2005. Completou seu treinamento como Clínico Geral na tradicional Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro, seguido de mais um programa de residência médica no Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE) / Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) onde tornou-se Geriatra. Após processo seletivo, passou por um período de treinamento intensivo no Departamento de Geriatria e Cuidados Paliativos do Hospital Mount Sinai (EUA) vinculado à Universidade de Nova Iorque (NYU). Retornou ao Brasil em 2010, ano em que obteve o Título de Especialista em Geriatria pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG/AMB). Aprovado em concurso público federal, passou a fazer parte do corpo clínico do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (INTO), onde acompanha pacientes em pré e pós operatório. Em meados de 2007 passou a fazer parte da rotina de Clínica Médica de um hospital privado de grande porte e tornou-se Chefe de Equipe. Nesse cenário ao longo de 8 anos especializou-se na condução e supervisão de casos clínicos de alta complexidade. Médico do Beep Saúde - Health Care On Demand.

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