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Psiquiatria18 agosto 2023

Abordagem multimodal no tratamento do TDAH

A abordagem multimodal, que inclui tratamento medicamentoso e suporte multidisciplinar, é fundamental para o paciente com TDAH.

Por Vanessa Moraes

Este conteúdo foi produzido pela Afya em parceria com Cellera Farma de acordo com a Política Editorial e de Publicidade do Portal Afya.

O Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é uma disfunção neurobiológica com redução dos neurotransmissores dopamina e norepinefrina na fenda sináptica principalmente na região do córtex pré-frontal 2, gerando impacto na atenção, impulsividade, agitação psicomotora, além de afetar habilidades cognitivas, como resolução de problemas, planejamento, atenção prolongada, flexibilidade, inibição de resposta e memória de trabalho. O tratamento multimodal é fundamental para melhorar o prognóstico do paciente com TDAH1,3.

A prevalência mundial estimada é de 3% a 8%2 em crianças e adolescentes, e sua persistência na idade adulta tem uma prevalência estimada entre 2,5% e 3%5. No Brasil, a prevalência do TDAH é semelhante à relatada em todo o mundo8.

Devido à complexidade dessa condição, é recomendada uma abordagem multimodal, que inclui intervenções não medicamentosas, como terapia cognitivas e comportamentais, psicopedagoga e adaptações na escola e no ambiente familiar para auxiliar o paciente 3,5.

Na abordagem medicamentosa, as medicações psicoestimulantes, como o metilfenidato, são utilizadas como tratamento de primeira linha para o TDAH4. Esse medicamento é derivado da anfetamina, atua inibindo os transportadores de norepinefrina e dopamina na fenda sináptica (DAT e NAT), impedindo sua recaptura e aumentando sua disponibilidade no espaço sináptico. Isso resulta na melhoria dos sintomas de desatenção, impulsividade e na otimização das funções executivas e do controle inibitório 4,7.

Na sua farmacocinética, o metilfenidato é administrado via oral e rapidamente absorvido, as concentrações plasmáticas máximas são atingidas aproximadamente duas horas após a administração. Ele é biotransformado pela carboxilesterase CES1A1 no fígado, e 78 a 97% da dose administrada é excretada pela urina 4.

Atualmente existem diferentes apresentações do Metilfenidato:

A) Cloridrato de Metilfenidato de liberação imediata9:

  • Apresentação: comprimido de 10 mg;
  • Pico de ação: 1 a 3 horas após ingestão;
  • Meia-vida: 2 a 3horas;
  • Duração: 3 a 6 horas;
  • Número de tomadas/dia: 2 a 3 tomadas;
  • Indicações: titulação de dosagem e pacientes com menor condições financeiras;
  • Vantagens: de mais fácil titulação de dose e valor mais em conta;
  • Desvantagens: menor adesão ao tratamento devido a quantidade de tomadas, mais flutuação plasmática, podendo apresentar alteração de eficácia do medicamento ao longo do dia. O comprimido não pode ser partido9.

B) Cloridrato de Metilfenidato de ação prolongada sistema SODAS (Spheroidal oral drug Absorption system) :

  • Apresentação: cápsula gelatinosa de 10, 20, 30 e 40mg;
  • Pico de ação bimodal: com absorção imediata de metade da dose, e a outra metade 4 horas após a ingestão;
  • Meia-vida: 4 horas;
  • Duração: 8 horas;
  • Número de tomadas/dia: 1 a 2 tomadas;
  • Indicações: mantém eficácia homogênea ao longo do dia;
  • Vantagens: as flutuações entre o pico e a depressão do medicamento são menores do que a de ação imediata. De acordo com a bula, a capsula pode ser aberta e colocada sobre alimento leve e em temperatura ambiente;
  • Desvantagens: preço9.

C) Cloridrato de Metilfenidato de ação prolongada sistema de liberação osmótica (OROS):

  • Apresentação: comprimido de 18mg, 36mg e 54mg;
  • Pico de ação: 6 a 8 horas após a ingestão;
  • Meia-vida: 3,5 horas;
  • Duração: 12 horas;
  • Número de tomadas/dia: 1 tomada;
  • Indicação: mantém efeito homogêneo e tem maior duração;
  • Vantagens: liberação controlada ao longo do dia, permitindo distribuição homogênea e precisa da dose, minimizando as flutuações entre pico e vale, reduzindo o efeito rebote. Melhor adesão ao tratamento devido a dose única diária;
  • Desvantagens: Conforme a bula, o comprimido deve ser engolido inteiro. Outra desvantagem é o preço do medicamento.

A decisão sobre qual apresentação utilizar deve ser individualizada, o efeito do medicamento pode ser dose dependente, por isso, as doses devem ser tituladas conforme a resposta terapêutica 3,4,7.

As formulações de ação prolongada estão associadas a melhor adesão terapêutica e têm menor risco de efeito rebote 7.

Dentre os efeitos colaterais, os principais são: redução de apetite, insônia, irritabilidade, dores abdominais, náuseas, vômitos, tremores, cefaleia. A maioria destes tem redução e pode sumir com a continuidade do tratamento7.

Em conclusão, o tratamento do TDAH com metilfenidato deve ser realizado de forma integrada, considerando diferentes abordagens terapêuticas e a colaboração entre profissionais de saúde, educadores e familiares. A combinação adequada de medicamentos, terapia comportamental, psicoterapia e apoio educacional pode otimizar os resultados e melhorar a qualidade de vida dos pacientes com TDAH2,5, 6.

Autoria

Foto de Vanessa Moraes

Vanessa Moraes

Médica neurologista infantil pela sociedade brasileira de neurologia infantil, acupunturista pela associação médica brasileira de acunputura e neurofisiologista pelo HCFMUSP.

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