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Psiquiatria1 julho 2019

A solidão é fator de morbidade?

A solidão como morbidade tem sido foco de várias pesquisas pelo o mundo, visto sua alta prevalência. Ela está relacionada com risco de várias doenças.

Por Caroline Oka

Tempo de leitura: [rt_reading_time] minutos.

A solidão como morbidade tem sido foco de várias pesquisas pelo o mundo, visto sua alta prevalência. Sentir-se só pode ser extremamente deletério e está relacionado com risco aumentado de hipertensão, doenças cardiovasculares, depressão, declínio cognitivo, Alzheimer e outras doenças.

Um estudo publicado no Annals Of Family Medicine observou os pacientes que usam a atenção primária, a fim de entender as características e o comportamento daqueles que se consideraram sós. Ele foi realizado no primeiro semestre de 2019,  por pesquisadores norte-americanos de diversas universidades. Para esse estudo, foi feita uma pesquisa transversal em pacientes usuários adultos de unidades de atenção primária do Colorado e da Virgínia através de questionário que incluía medidas validadas de solidão.

No total, 1246 questionários foram respondidos, em 16 unidades básicas diferentes. A idade média dos participantes foi de 52 anos e a maioria era mulher (63%), branca (71%) e vivendo em perímetro urbano.

Solidão na Atenção Primária

No estudo, a solidão teve prevalência global de 20% e houve um declínio conforme a faixa etária, sendo mais prevalente nos pacientes com menos de 25 anos (33%) e menos nos maiores de 65 anos (11%). 

Em relação à demografia, pacientes divorciados, separados, viúvos ou solteiros mostraram-se mais sós do que os casados.  A ocupação também teve influência nesse status, sendo a solidão estatisticamente mais prevalente nos indivíduos desempregados ou incapacitados para o trabalho. Sexo, raça e local de residência não pareceram influenciar. 

Leia mais:  Solidão pode desempenhar papel causador na doença de Alzheimer

Solidão x Saúde

Os entrevistados com problemas de saúde eram mais propensos a relatar solidão (P <.01), havendo uma correlação inversamente proporcional entre o estado de saúde e solidão. Houve também uma associação significativa entre o número de dias com saúde física ou mental ruim no mês anterior e a solidão (P <0,01).

Essa associação permaneceu significativa ao se ajustar para todas as características dos pacientes (OR = 1,04; IC95%, 1,02-1,06) ou situação de emprego e relacionamento (OR = 1,05; IC95%, 1,031,07). Um alto nível de solidão foi positivamente associado a todas as medidas de utilização de serviços de saúde (visitas à unidade de atenção primária, unidades de urgência e emergência e número de hospitalizações). 

Conclusão

O estudo demonstrou que a solidão é comum na atenção primária e associado à piores condições de saúde e à maior utilização dos serviços de saúde. É preciso mais estudo para entender melhor o valor do rastreio da solidão e intervenções para tratar solidão. Entretanto, outros estudos são necessários para entender o valor do rastreamento e uso de intervenções para tratar a solidão na atenção primária.

 

Referências: 

  • Mullen, Rebecca A., et al. “Loneliness in primary care patients: a prevalence study.” The Annals of Family Medicine 17.2 (2019): 108-115.

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