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Pneumologia3 janeiro 2023

Teste de caminhada de 6 minutos na doença intersticial pulmonar: como utilizar? 

A utilização dos testes de campo deve ser precedida de alguns cuidados como a identificação de populações adequadas de pacientes com DPI.

O teste de caminhada de 6 minutos (TC6M) é usado para medir objetivamente a capacidade de exercício ao esforço, avaliar o prognóstico e avaliar a resposta ao tratamento instituído das doença pulmonares e está se tornando cada vez mais usado em contextos de doenças como DPOC e doenças pulmonares intersticiais (DPIs).

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Teste de caminhada de 6 minutos na doença intersticial pulmonar: como utilizar? 

Teste de caminhada e doença intersticial pulmonar

As DPIs são caracterizadas por fibrose e/ou inflamação do tecido pulmonar e apresentam um perfil heterogêneo de doença, além de componentes vasculares pulmonares que contribuem para as manifestações clínicas da doença. Pacientes com DPI frequentemente desenvolvem hipertensão pulmonar (HP), que está associada a uma maior necessidade de oxigênio suplementar, mobilidade reduzida e sobrevida diminuída. A maioria dos estudos envolvendo doenças fibrosantes avalia como desfecho primário a função pulmonar e qualidade de vida, com pouca valorização do TC6M, uma ferramenta prática e de fácil realização, que pode ser realizado durante a consulta médica.

A utilização dos testes de campo deve ser precedida de alguns cuidados como a identificação de populações adequadas de pacientes com DPI, considerando pacientes com comprometimento pulmonar e vascular da doença, que tendem a acontecer em pacientes mais idosos. Além disso, a avaliação do grau de progressão da doença esperado nesta população durante o estudo e como isso pode ser afetado pelo tratamento do estudo são possíveis fatores a serem incluídos na avaliação desses pacientes. Também é de grande valia a escolha da melhor variável analisada do TC6M como a dessaturação e a distância percorrida.

A padronização da realização do teste deve ser estimulada de forma a evitar a variação interobservador e a redução da chance de erros. O TC6M reflete a tolerância ao exercício diário e o status dos indivíduos como um todo, o que não é específico para DPI, doenças da circulação pulmonar ou presença de comorbidades extrapulmonares. A dessaturação de oxigênio poderia ser potencialmente mais relevante do que a CVF como desfecho primário em uma população com DPI avançada, uma vez que a CVF não reflete alterações no comprometimento funcional. Além disso, quedas na saturação de oxigênio ao exercício podem ser mais precoces do que a própria queda da CVF.

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O teste deve ser realizado em local calmo, sem a circulação ativa de pessoas que possam atrapalhar a realização do mesmo. Os sinais vitais são aferidos antes do teste e após, com medicações seriadas nos minutos subsequentes à recuperação. O paciente deve caminhar no melhor possível ao seu alcance, sem correr. Um oxímetro de pulso monitora o comportamento da saturação e da frequência cardíaca. Pacientes com dessaturação e menores distâncias percorridas tendem a ter pior prognóstico na evolução da doença.

Mensagens práticas:

  • O teste de caminhada é uma ferramenta simples e prática que pode predizer a sobrevida dos pacientes e sua resposta aos tratamentos realizados.
  • Pacientes com doenças intersticiais mais avançadas e com a presença de hipertensão pulmonar parecem ser melhores avaliados pelo TC6M.
  • Comparado com a ergoespirometria, o TC6M é considerado submáximo e de menor complexidade.

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