No XVII Congresso Brasileiro de Medicina Intensiva Pediátrica, que ocorreu em Salvador (BA) de 18 a 20 de maio, a Enfermagem esteve presente com temas de extrema relevância na prática diária das Unidades de Terapia Intensiva Pediátrica (UTIP) e Neonatal (UTIN). Destaco a apresentação da enfermeira Sabrina dos Santos Pinheiro (Canoas/RS), atual presidente da Associação Brasileira de Enfermagem em Terapia Intensiva (ABENTI). A palestrante nos mostrou medidas de gerenciamento de pneumonia associada à ventilação (PAV) em neonatologia.
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Definição e critérios diagnósticos
A PAV é definida como uma infecção pulmonar que se inicia 48 horas depois da intubação endotraqueal e instituição de ventilação mecânica (VM) pulmonar invasiva. É uma complicação frequente e grave em prematuros em VM, sendo considerada a segunda doença infecciosa mais frequente em UTIN (a mais comum é a infecção de corrente sanguínea associada a um cateter venoso central). Quanto menor a idade gestacional da criança, menor será o peso ao nascer e maior será a incidência de PAV. Dessa forma, é possível que a função imunológica e a maturidade pulmonar possuam relação próxima com a PAV.
O diagnóstico de PAV inclui os seguintes critérios – Quadro 1:
Quadro 1: Critérios diagnósticos para PAV:
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Legenda: PAV – pneumonia associada à ventilação.
Fonte: adaptado de Pinheiro, 2023.
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Checklist
De acordo com a enfermeira Sabrina Pinheiro, por se tratar de condição potencialmente prevenível, a incidência da PAV é um importante indicador de qualidade, já que permite mensurar a inconformidade entre a assistência prestada e o cuidado ideal que, em sua essência, deve ser seguro. Ela mostrou uma lista de medidas para serem incluídas na rotina das UTIN em formato de checklist diário a ser realizado pela equipe da unidade (é importante lembrar que a família deve ser instruída a participar ativamente de todo o processo) – Quadro 2.
Quadro 2: Checklist para prevenção de PAV em UTIN
1 | Manter decúbito elevado
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2 | Adequar, diariamente, o nível de sedação e realizar teste de respiração espontânea
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3 | Aspirar secreção subglótica diariamente
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4 | Fazer a higiene oral do paciente com antissépticos
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5 | Usar BNM de forma criteriosa
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6 | Dar preferência ao uso de VNI
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7 | Cuidados com o circuito do ventilador
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8 | Indicação e cuidado com os umidificadores
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9 | Indicação e cuidado com o sistema de aspiração
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10 | Evitar extubação não programada (acidental) e reintubação
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11 | Monitorar a pressão de cuff
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12 | Uso de sonda enteral
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Legenda: BNM – bloqueadores neuromusculares; PAV – pneumonia associada à ventilação; UTIN – Unidade de Terapia Intensiva Neonatal; VNI – ventilação não invasiva.
Fonte: adaptado de Pinheiro, 2023.
Para a higiene oral, o seguinte sistema de classificação etária e cuidados especiais deve ser adotado:
- Neonatal e 0 a 6 meses – sem dentição e COM aleitamento materno exclusivo (AME) – não há necessidade de higiene bucal, salvo orientação do cirurgião-dentista;
- Neonatal e 0 a 6 meses – sem dentição e SEM aleitamento materno – limpeza com gaze estéril, água destilada estéril ou filtrada;
- 6 a 12 meses – limpeza com gaze estéril, água destilada estéril ou filtrada;
- 2 meses a 3 anos – limpeza com swab de espuma ou gaze estéril, água destilada estéril ou filtrada. A presença de molares decíduos deve ser avaliada para desorganizar biofilme de forma mais efetiva;
- 4 a 12 anos – limpeza com swab de espuma ou escova de dentes, água destilada estéril ou filtrada;
- 12 a 14 anos – limpeza com swab de espuma ou escova de dentes, solução de clorexidina a 0,12% 1x dia, água destilada estéril ou filtrada;
- 14 a 18 anos – limpeza com swab de espuma ou escova de dentes, solução de clorexidina a 0,12% 2x dia, água destilada estéril ou filtrada.
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