A doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) é uma doença prevalente e cada vez mais impactante na prática clínica. Mudanças recentes na GOLD, a Global Initiative For Chronic Obstructive Lung Disease, a maior diretriz para seguimento desses pacientes, traz pontos interessantes para diagnóstico precoce e padronização do tratamento.
Nova definição de DPOC
A DPOC é uma condição respiratória caracterizada por sintomas respiratórios crônicos secundários a alterações enfisematosas (do parênquima pulmonar) ou das vias aéreas, de caráter persistente, frequentemente progressiva, caracterizada pela obstrução do fluxo aéreo. Ela é resultado de uma interação genética e de fatores ambientais sendo o cigarro o principal fator causador.
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Diagnóstico espirométrico
O marco do diagnóstico da doença é a presença de obstrução na prova de função pulmonar, tradicionalmente representada por uma relação VEF1/CVF < 0,7. Além desse valor fixo, tem-se discutido considerar valores abaixo do limite inferior da normalidade para caracterização de obstrução, uma vez que os preditos variam em cada população e também com a faixa etária.
A espirometria não deve ser utilizada rotineiramente para rastreio da doença pulmonar obstrutiva crônica. Entretanto, indivíduos sintomáticos e com fatores de risco (por exemplo, tabagistas acima de 20 anos/maço) devem ser avaliados.
Terminologia
Pré-DPOC é o termo que vem sendo utilizado para definir indivíduos de qualquer idade sintomáticos, que possuem algum grau de enfisema na tomografia de tórax ou anormalidades funcionais como hiperinsuflação, redução de VEF1 e CVF, ainda sem a presença de obstrução na prova de função pulmonar.
Taxonomia
A taxonomia agora é baseada na etiologia da doença pulmonar obstrutiva crônica.
DPOC-G: doença relacionada a alterações genéticas como a deficiência de alfa-1-antitripsina.
DPOC-D: doença precoce caracterizada por alterações no desenvolvimento ou prematuridade.
DPOC-C: aquela relacionada à exposição ao cigarro.
DPOC-P: causada por exposição à poluição do ar e à biomassa.
DPOC-I: associado a infecções como HIV, pós tuberculose, ou infecções da infância.
DPOC-A: associada a presença de asma.
DPOC-U: doença de origem indeterminada.
Classificação
A tradicional classificação do GOLD em A, B, C e D agora viraram apenas A, B e E. O grupo A mantém-se aquele com poucos sintomas e até uma exacerbação, sem internação hospitalar. O grupo B são os pacientes muito sintomáticos, também com até uma exacerbação e sem internações. Já o grupo E são os exacerbadores, independente dos sintomas, apresentando mais de duas exacerbações ou uma internação.
A estratificação de risco pelo VEF1 se mantém, dividindo os grupos em muito graves (VEF1 < 30% do previsto), graves (entre 30 e 50%), moderados (entre 50 e 80%) e leves (acima de 80%).
Tratamento da DPOC
Para o grupo A deve ser considerado monoterapia com broncodilatadores (LABA ou LAMA). No grupo B, deve-se considerar a associação de dois broncodilatadores, como LABA e LAMA. No grupo E, os exacerbadores, além da terapia dupla broncodilatadora, deve-se avaliar a presença de eosinofilia acima de 300. Nesses casos, o uso de corticoides inalatórios pode ser benéfico em associação com os broncodilatadores.
Pacientes com pneumonias de repetição e eosinófilos abaixo de 100 não devem receber corticoides inalatórios pelo pouco benefício.
Exacerbações da DPOC
A nova definição de uma exacerbação aguda passa a ser piora da dispneia, da tosse ou da tosse, com duração menor que 14 dias, que pode ser acompanhada por taquicardia ou taquipneia, associado com aumento da inflamação local e sistêmica.
Veja mais detalhes sobre o manejo das exacerbações na DPOC aqui!
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