A fisiopatologia da DPOC é complexa e envolve a relação entre fatores ambientais, genéticos e a cascata inflamatória. O curso da doença é progressivo e marcado por período de exacerbação, o qual acelera a perda de capacidade pulmonar do paciente e aumenta a mortalidade. Diante disso, evitar exacerbação se tornou fundamental no tratamento da DPOC nos últimos anos.
Leia também: ATS 2023: Nova perspectiva no tratamento da sarcoidose: Efzofitimod
Pelo GOLD, o paciente deve ser classificado em exacerbador e não-exacerbador. O grupo exacerbador apresenta como arsenal terapêutico os broncodilatadores, sendo elegíveis ao uso de corticoide inalatório aqueles com eosinófilos acima de 300 ou podendo ser considerado acima de 100. Essa racional é resultado da importância que a resposta inflamatória T2 representa nesse tipo de paciente, sendo mais propensos a responder aos esteroides.
Nesse cenário, fazem parte dessa cascata as IL-4, IL13 e IL-5. Até o presente momento, estudos com bloqueadores de IL-5 apresentaram resultados ambíguos. Surge nesse cenário, os inibidores de IL-4R e IL-1, conhecido como dupilumabe.
Análise recente
O estudo BOREAS foi um estudo duplo-cego, randomizado, que investigou a eficácia e a segurança do uso de dupilumabe em pacientes DPOC moderado a grave em uso de tripla terapia. Foram randomizadas 939 pessoas entre 40 a 80 anos. Foram excluídos os pacientes asmáticos.
Como resultado, o uso de dupilumabe reduziu a taxa de exacerbação anual, com impacto tanto na qualidade de vida como na função pulmonar com acréscimo de 83 mL no VEF1 pós broncodilatador.
O professor K.F. Rabe ressalta que esse estudo tem como principal função fazer com que pacientes DPOC moderado a grave classificados como GOLD B permaneçam como tal, ou seja, não se tornando exacerbadores e acelerando a progressão da doença. Além disso, o professor ressalta que o estudo foi realizado durante a pandemia e que o uso de máscaras e a própria reclusão social reduziu o número de exacerbações, podendo haver influência desse período nos resultados.
Saiba mais: ATS 2023: Hipertensão pulmonar na doença intersticial
Em conclusão, a DPOC uma doença obstrutiva, cujo tratamento principal são os broncodilatadores, passa a ter em seu arsenal terapêutico medicações anti-inflamatórias, reduzindo exacerbação e melhorando a qualidade de vida.
Mensagens práticas:
- Surge uma luz no fim do túnel do tratamento da DPOC. Dupilumabe via seu mecanismo de ação otimiza o tratamento e reduz exacerbações sendo uma excelente alternativa para os pacientes refratários à tripla terapia.
Confira os destaques do congresso ATS 2023
Como você avalia este conteúdo?
Sua opinião ajudará outros médicos a encontrar conteúdos mais relevantes.