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Pneumologia10 setembro 2021

Atualização sobre DPOC: o que dizem as principais diretrizes

A DPOC é uma doença heterogênea e complexa, com muitos indivíduos apresentando fenótipos diferentes e características semelhantes. Saiba mais.

A DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica) é uma doença extremamente heterogênea e complexa, com muitos indivíduos apresentando fenótipos diferentes e características semelhantes. Muito além da função pulmonar, fatores como baixa capacidade de exercício, exacerbações e hospitalizações são fatores preditores de prognóstico e mortalidade e é importante conhecê-los para a individualização do tratamento.

Saiba mais: SUS terá novo tratamento para doença pulmonar obstrutiva crônica

DPOC

Diretrizes e estudos

Segundo as novas diretrizes do GOLD 2021, o tratamento precisa ser individualizado levando-se em conta risco de exacerbações e a intensidade de sintomas. A terapia broncodilatadora ainda permanece como o cerne do tratamento, sendo a terapia tripla indicada em casos selecionados. Estudos recentes com análises post-hoc demonstraram redução de mortalidade por todas as causas em pacientes utilizando a terapia tripla em relação a terapia dupla, sobretudo em pacientes com história concomitante de asma, eosinófilos acima de 300 e duas ou mais exacerbações moderadas no último ano. Além disso, aqueles com carga tabágica muito elevada e tabagistas ativos têm pior resposta à terapia broncodilatadora, especialmente em relação ao uso de corticoides inalatórios. 

O uso de opioides para controle de dispneia nessa população ainda precisa ser melhor estudado, já sendo bastante utilizados em fases avançadas da doença. Drogas como corticoide oral de manutenção não devem ser utilizadas e a oxigenoterapia domiciliar com o mínimo de 15h/dia deve ser indicada para aqueles hipoxêmicos. Pode-se avaliar uso de oxigênio durante atividades físicas, não havendo benefício em oxigenoterapia noturna exclusivamente. Pacientes retentores com quadros crônicos podem ter benefício de uso de ventilação não invasiva domiciliar em dois níveis de pressão.

A reabilitação pulmonar é indicada para todos os pacientes e estudos mais recentes encontraram melhora na capacidade física com a utilização de cateter nasal de alto fluxo e máscaras com reservatório durante a reabilitação em pacientes com DPOC grave e hipoxemia. Em relação à vacinação, além das vacinas contra influenza e pneumocócica já conhecidas, vale a pena lembrar que esses indivíduos devem ser vacinados contra a Covid-19 e também contra a coqueluche. Quanto à prevenção da doença, a queima de biomassa ainda é um fator importante no Brasil, sobretudo a exposição à fumaça intradomiciliar.

Recentemente, o uso de cigarros eletrônicos chamou a atenção para o surgimento do EVALI (Injúria Pulmonar relacionada ao uso de cigarros eletrônicos) e os dados ainda são controversos, porém há uma tendência ao aumento de risco para surgimento de DPOC. Com isso, não há recomendação de substituição de cigarros convencionais pelos eletrônicos. 

Foi acrescentado no GOLD 2021 fatores que aumentam o risco para desenvolvimento de câncer de pulmão, sendo eles: idade acima de 55 anos, carga tabágica acima de 30 maços/ano, presença de enfisema na tomografia, redução da relação VEF1/CVF, IMC < 25 kg/m2 e história familiar de câncer de pulmão.

Em relação à Covid-19, há a indicação de testagem de todos os pacientes que apresentam deterioração dos sintomas e o tratamento segue as mesmas recomendações para pacientes sem DPOC.

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Mensagens práticas

  • A cessação de tabagismo, vacinação e reabilitação são fundamentais para complementar o tratamento farmacológico;
  • Corticoide inalatório parece ter mais benefício para aqueles com eosinófilos mais altos e exacerbadores;
  • A terapia tripla não é indicada para todos os pacientes com DPOC. Precisamos individualizar caso a caso.

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Referências bibliográficas

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