Anualmente são diagnosticados cerca de 2,2 milhões de casos de câncer de pulmão e 1,7 milhão de óbitos em todo o mundo. As políticas de cessação de tabagismo ajudaram na redução de novos casos, entretanto ainda há uma incidência elevada principalmente em países de baixa renda.
O rastreio de câncer de pulmão com tomografia de tórax anual está indicado para tabagistas atuais ou que cessaram em até 15 anos e demonstra forte benefício em redução de mortalidade por câncer e também em redução de mortalidade geral. Associado a novas opções terapêuticas, a sobrevida desses pacientes vem melhorando progressivamente desde 2013.
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Descrição dos casos
Cerca de 85% dos casos correspondem a câncer de pulmão não pequenas células (CPNPC) sendo o adenocarcinoma o subtipo mais comum. O surgimento de biomarcadores permitiu individualizar o tratamento com a terapia alvo e a imunoterapia. Atualmente, todos os pacientes recém-diagnosticados com adenocarcinoma de pulmão metastático (tabagistas ou não) possuem indicação de pesquisa de mutações drivers como, por exemplo, mutações no gene do EGFR, rearranjos do ALK e ROS-1, o que permitiu o surgimento e utilização dos inibidores de tirosino-kinase (TKIs) como crizotinibe, o erlotinibe e gefitinibe. Já os inibidores de check-point imunológico estimulam a destruição da célula tumoral através do reconhecimento de receptores pelo sistema imunológico. A expressão do PD-L1 na superfície tumoral obtida através de imunohistoquímica é alvo de drogas anti-PD1 e anti-PDL1 como o pembrolizumab e o atezolizumab.
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O diagnóstico também vem sendo aprimorado com o surgimento das biópsias líquidas, feitas a partir de uma amostra de sangue periférico e análise do DNA tumoral através de técnicas de sequenciamento genético.
A sobrevida média em cinco anos para pacientes no estádio I chega a 80% e para aqueles com estádio II e III varia entre 13-60%. O tratamento padrão para pacientes com estadiamento I, II e alguns IIIA é a ressecção cirúrgica, com adição de quimioterapia adjuvante em alguns casos e ganho de sobrevida. Para casos tecnicamente inoperáveis com estádio I, a radioterapia estereotáxica (SBRT) é a escolha. Diversos estudos com neoadjuvância envolvendo terapia alvo e imunoterapia vem sendo desenvolvidos, além de sua associação com quimioterápicos. A duração do tratamento com as novas drogas é questionável, mas admite-se pelo menos 24 meses em pacientes estáveis e que respondem aos imunoterápicos.
Os efeitos colaterais em pacientes em uso de imunoterapia podem ocorrer em até 6% dos casos em qualquer momento do tratamento, sobretudo em pacientes com doenças pulmonares prévias e doenças autoimunes.
Mensagem Prática
- O câncer de pulmão ainda é o que mais mata no mundo e diversos tratamentos vêm surgindo com aumento de sobrevida.
- O rastreamento do câncer de pulmão é extremamente importante e reduz mortalidade, além de ser custo-efetivo inclusive no Brasil.
- A individualização do tratamento é mandatória, dado o surgimento da terapia alvo dirigida e a imunoterapia.
Referências bibliográficas:
- Thai AA, Solomon BJ, Sequist LV, Gainor JF, Heist, RS. Lung Cancer. The Lancet. 2021; 398(10299)535-554. doi: 10.1016/S0140-6736(21)00312-3.
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