Whitebook: você sabe sobre a coqueluche?
Em nossa publicação semanal de conteúdos compartilhados do Whitebook Clinical Decision, vamos falar sobre essa doença que tem registrado aumento de casos recentemente.
Baixe agora gratuitamente o Whitebook e tenha tudo sobre todas as condutas médicas, na palma da mão!
Fisiopatologia
As formas patogênicas de Bordetella pertussis apresentam cápsula e levam ao quadro infeccioso devido ao acometimento do trato respiratório. O homem representa o único reservatório natural. O período de incubação consiste de cinco a dez dias (variação de quatro a 42 dias). A transmissão ocorre por contato direto por meio de gotículas de secreção da orofaringe, eliminadas durante a fala, tosse e/ou espirro desde o 5o dia após exposição até a 6a semana do início do quadro paroxístico.
Anamnese e Exame Físico
A coqueluche apresenta três fases consecutivas.
Fase catarral:
- No período de uma a duas semanas, ocorrem manifestações respiratórias e sintomas como febre, mal-estar geral, coriza e tosse seca, seguidos de surtos de tosse progressivos em intensidade e frequência, evoluindo para crises de tosses paroxísticas.
Fase paroxística:
- Fase caracteristicamente afebril ou com febre baixa, com picos possíveis diários e com paroxismos de tosse seca com crises súbitas (até 30 episódios em 24 horas), incontroláveis, rápidas e de curta duração;
- Durante as crises, o paciente apresenta importante dificuldade inspiratória, com congestão facial e, eventualmente, cianose, podendo apresentar, consequentemente, apneia e êmeses;
- O estreitamento da glote pode levar ao som denominado de “guincho”;
- Essa fase dura de duas a seis semanas.
Fase de convalescença:
- Ocorre o desaparecimento dos paroxismos, sendo substituídos pela tosse comum, com duração de duas a seis semanas, ou até mesmo três meses.
Em indivíduos parcialmente vacinados ou vacinados há mais de cinco anos, a doença não se apresenta sob a forma clássica. Ela apresenta formas atípicas, com tosse persistente sem paroxismos, guincho característico ou vômito pós-tosse.
Em lactentes jovens (especialmente < 6 meses) ocorre maior frequência de formas graves, potencialmente letais, devido a episódios de apneia, parada respiratória, convulsões e desidratação decorrente dos episódios repetidos de vômitos.
Abordagem terapêutica
A antibioticoterapia consiste no uso de Azitromicina (1ª linha) ou de Claritromicina, Eritromicina ou Sulfametoxazol + trimetoprima.
A imunidade adquirida decorre da infecção ou pela vacinação com o mínimo de três doses (para menores de 1 ano, aos 2, 4 e 6 meses, com intervalo de 30-60 dias), com a vacina pentavalente (tríplice bacteriana – DTP + Hib + hepatite B) aos 15 meses, e um segundo reforço aos 4 anos com a DTP. Após cinco a dez anos da última dose da vacina, em média, a proteção pode ser pouca ou inexistente.
A vacina dTpa (acelular) é recomendada para crianças com risco aumentado de eventos graves adversos à vacina com células inteiras. Uma estratégia adicional é vacinar todas as gestantes com a vacina do tipo adulto — dTpa, que deverá ser administrada a cada gestação, a partir da 20ª semana. Em gestantes que não foram vacinadas durante a gravidez, aplicar uma dose de dTpa no puerpério o mais precocemente possível. Para profissionais de saúde, administrar dTpa e reforço a cada dez anos com dTpa para indivíduos com esquema previamente completo. Para aqueles com esquema de vacinação básico incompleto, administrar uma dose de dTpa e completar o esquema com uma ou duas doses de dT, de forma a totalizar três doses da vacina.
Quimioprofilaxia:
- Consiste no mesmo esquema para tratamento com antimicrobianos, sob as seguintes indicações para os comunicantes:
- Com idade < 1 ano;
- Com idade entre 1-7 anos não vacinados ou com situação vacinal incompleta ou desconhecida;
- > 7 anos com contato íntimo e prolongado com caso suspeito de coqueluche no período de transmissibilidade (21 dias antes dos sintomas até três semanas após o início da fase paroxística);
- > 7 anos com contato íntimo e prolongado com comunicante vulnerável no mesmo domicílio;
- Profissionais de saúde ou que trabalham com crianças.
Observação: Comunicante vulnerável: neonatos contactantes de sintomáticos respiratórios; < 1 ano, com menos de três doses de pentavalente ou tetravalente ou DTP; < 10 anos não imunizados ou com vacinação incompleta; mulheres no último trimestre de gestação; imunocomprometidos ou doença crônica grave.
Como você avalia este conteúdo?
Sua opinião ajudará outros médicos a encontrar conteúdos mais relevantes.