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Pediatria26 dezembro 2024

WCPGHAN 2024: Uso de biológicos na gravidez e impacto no neurodesenvolvimento

Na plenária de doença inflamatória intestinal foi apresentado estudo que avaliou o impacto da exposição intra-útero a medicamentos biológicos.
Por Jôbert Neves

Durante o Congresso Mundial de Gastroenterologia, Hepatologia e Nutrição Pediátrica (WCPGHAN 2024), que aconteceu em Buenos Aires, na Argentina, foi apresentado, na plenária de doença inflamatória intestinal (DII), um estudo que avaliou o impacto da exposição intra-útero a medicamentos biológicos no desenvolvimento neuropsicomotor (DNPM) de crianças durante o primeiro ano de vida.  Este estudo foi realizado ao longo de cinco anos na Espanha e utilizou um desenho prospectivo e observacional, avaliando gestantes com DII, com monitoramento tanto durante a gravidez quanto ao longo do primeiro ano após o nascimento, com foco nos desfechos de DNPM.

  • Desenho do estudo e definições

Dados de prontuário de cerca de 820 mulheres com DII durante a gravidez em 60 centros na Espanha, foram avaliados; 

O desenvolvimento neuropsicomotor foi avaliado utilizando um questionário de neurodesenvolvimento; 

O foco principal do estudo foi avaliar habilidades motoras, linguagem e comportamento social aos 12 meses.
 

  • População do estudo e exposição

702 mães das 820 inscritas completaram o estudo, com 300 fornecendo dados suficientes. 

Entre as crianças, filhas de mães com DII, 38% foram expostas à biológicos, predominantemente adalimumabe e infliximabe, intra-útero. 

As mães que receberam biológicos tendiam a ser mais jovens, tinham uma história mais longa da doença e, com mais frequência, tinham doença de Crohn em comparação com colite ulcerativa.

Resultados

  • A análise estatística, incluindo fatores multivariados, revelou que nascer de uma mãe com doença de Crohn quase dobrou a probabilidade de alcançar desenvolvimento psicomotor normal. 
  • A prematuridade correlacionou-se com desenvolvimento psicomotor diminuído, destacando sua importância como fator de risco. 
  • A exposição intra-útero a biológicos não aumentou independentemente do risco de neurodesenvolvimento prejudicado. 
  • Partos vaginais eram mais comuns entre os bebês não expostos à biológicos, o que também correlacionou com melhores desfechos em certas circunstâncias. 

Conclusão e mensagem prática  

O estudo reforça que a exposição intra-útero a medicamentos biológicos para o tratamento de DII não prejudica o DNPM de uma criança durante o primeiro ano de vida. Os dados sugerem que, enquanto o tipo de DII materna, particularmente a doença de Crohn, e fatores como prematuridade são mais influentes, os biológicos permanecem seguros para uso durante a gravidez. Isso apoia as diretrizes médicas atuais para continuar a administração de tratamentos biológicos em mulheres grávidas com DII, garantindo a saúde materna e a segurança fetal. Esses achados fornecem uma tranquilidade crucial para os profissionais de saúde e pacientes, ajudando a guiar decisões informadas sobre o manejo da DII durante a gravidez. 

Confira a cobertura completa do WCPGHAN 2024.

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