A ultrassonografia intestinal (IUS) é uma modalidade de imagem em rápida evolução que está transformando a avaliação e o manejo das doenças inflamatórias intestinais (DII), incluindo a doença de Crohn e a colite ulcerativa. Durante o Congresso Mundial de Gastroenterologia, Hepatologia e Nutrição Pediátrica (WCPGHAN 2024), essa modalidade e sua aplicabilidade foram discutidas.
Essa técnica de ultrassonografia realizada à beira do leito é feita sem a necessidade de preparação intestinal, jejum ou sedação, tornando-se uma opção amigável ao paciente que aumenta a acessibilidade e o conforto, em especial na pediatria. À medida que o interesse global na IUS cresce, compreender suas capacidades, vantagens e integração na prática clínica é essencial para melhorar os resultados dos pacientes em DII.
Veja os principais Insights sobre a Ultrassonografia Intestinal:
Definição e Capacidades da IUS
A IUS é definida como uma ultrassonografia não invasiva realizada à beira do leito que fornece uma visão imediata sobre a saúde intestinal. Ela avalia marcadores críticos de inflamação, incluindo a espessura da parede intestinal e perda da estratificação normal das camadas intestinais, por exemplo. Além disso, a IUS é benéfica para identificar complicações como fístulas, estenoses e abscessos, oferecendo informações valiosas além das técnicas de imagem convencionais.
Comparação com outros testes diagnósticos
A IUS demonstrou uma forte correlação com os achados endoscópicos e pode efetivamente substituir ou complementar procedimentos mais invasivos, segundo as evidências apresentadas durante a plenária. Por exemplo, enquanto a endoscopia continua sendo o padrão-ouro para a avaliação direta da mucosa, a IUS oferece uma avaliação em tempo real especificamente para a inflamação colônica, superando a ressonância magnética quando se trata de detectar envolvimento colônico. Essa capacidade permite um manejo mais personalizado e preciso das DII.
Incorporação da IUS na prática clínica
A integração da IUS na prática clínica de DII está ganhando força, impulsionada por sua acessibilidade e mínima invasividade. Programas de educação e treinamento estão sendo estabelecidos para padronizar a instrução em IUS para os residentes em gastroenterologia, aprimorando as habilidades na avaliação não invasiva, apesar de ainda pouco presentes na realidade do gastroenterologista pediátrico. Além disso, a IUS fornece um meio de monitorar a eficácia do tratamento ao longo do tempo, tornando-se uma candidata primária para ser utilizada como um ponto final em ensaios clínicos, potencialmente reduzindo os custos associados a tais estudos.
Implicações clínicas e envolvimento do paciente
A IUS permite que os clínicos obtenham rapidamente informações sobre o estado inflamatório de um paciente, orientando decisões sobre potenciais alterações de tratamento. Além disso, capacita os pacientes ao demonstrar visualmente o estado de sua doença, promovendo uma melhor compreensão e uma abordagem colaborativa em seus cuidados. Esse engajamento pode impactar significativamente a experiência de tratamento e a adesão dos pacientes.
Conclusão e mensagem prática
- A ultrassonografia intestinal representa um avanço significativo no manejo das doenças inflamatórias intestinais.
- A IUS fornece uma avaliação rápida e não invasiva da inflamação intestinal e das complicações que a posiciona como uma ferramenta vital tanto em ambientes clínicos quanto de pesquisa.
- A exploração contínua do papel da IUS na avaliação da eficácia do tratamento e seu potencial para servir como um marcador substituto para a cicatrização histológica sinaliza um futuro promissor para essa modalidade de diagnóstico no panorama do manejo das DII.
Confira a cobertura completa do WCPGHAN 2024.
Autoria

Jôbert Neves
Médico do Departamento de Pediatria e Puericultura da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (ISCMSP), Pediatria e Gastroenterologia Pediátrica pela ISCMSP, Título de Especialista em Gastroenterologia Pediátrica pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). Médico formado pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Coordenador Young LASPGHAN do grupo de trabalho de probióticos e microbiota da Sociedade Latino-Americana de Gastroenterologia, Hepatologia e Nutrição Pediátrica (LASPGHAN).
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