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Pediatria7 dezembro 2024

WCPGHAN 2024: Esofagite eosinofílica - Um olhar para além do diagnóstico  

Sessão discutiu aspectos relacionados à qualidade de vida dos pacientes com esofagite eosinofílica (EoE).
Por Jôbert Neves

O impacto da alergia alimentar, em particular a esofagite eosinofílica (EoE), na qualidade de vida e nos custos financeiros global ainda é pouco discutido.  Temos uma ideia geral de que, doenças como a EoE, afetam sim a qualidade de vida dos pacientes, mas em que proporção? Como? Após o diagnóstico, existe algo que precisa ser considerado para tais pacientes? Na tentativa de responder parte destas perguntas, durante o Congresso Mundial de Gastroenterologia, Hepatologia e Nutrição Pediátrica, o WCPGHAN 2024, um tempo foi reservado durante uma das plenárias para aspectos relacionados à qualidade de vida dos pacientes com EoE.   

Definição e epidemiologia da alergia alimentar 

 A alergia alimentar é uma resposta exagerada do sistema imunológico a certos alimentos, que pode resultar em reações que vão de leves a potencialmente fatais. A prevalência de alergias alimentares está em ascensão, especialmente entre crianças e jovens adultos. Estudos indicam que aproximadamente 20% da população é afetada por condições alérgicas, incluindo rinite alérgica e alergias alimentares. 

  • A epidemiologia revela que a incidência de doenças alérgicas e imunomediadas tem subido de forma acentuada nas últimas décadas, levantando preocupações sobre fatores ambientais e modificações no estilo de vida. 

Esofagite Eosinofílica –  Relembre a definição e manifestações clínicas  

 A EoE é uma condição inflamatória crônica do esôfago, causada por uma reação alérgica a alimentos, com destaque para leite de vaca. Os sintomas incluem disfagia, impactação alimentar e, em crianças, pode haver falha no crescimento, dentre outros.  O diagnóstico é realizado por biópsias durante a endoscopia, onde o médico pode observar a presença de 15 ou mais  eosinófilos por campo no tecido esofágico.Há uma correlação significativa entre EOE e alergias alimentares mediadas por IgE, com muitos pacientes apresentando condições alérgicas adicionais, como asma e rinite alérgica. 

Veja também: AAP 2024: Atualização em doença do refluxo gastroesofágico  

Quais são os fatores que contribuem para o aumento das condições alérgicas? 

  • Exposição a fatores Externos: A hipótese da barreira epitelial sugere que a exposição a irritantes (como poluentes e compostos químicos), alérgenos e dietas alteradas pode comprometer a função da barreira epitelial em órgãos como o esôfago. 
  • Mecanismos de defesa: O epitélio esofágico possui junções apicais, que são essenciais para a sua função de barreira. A perturbação dessas junções pode levar a uma maior suscetibilidade a patógenos e alérgenos, resultando em uma cascata inflamatória. 

 Veja o impacto na qualidade de vida dos pacientes que vivem com EoE 

  •  Efeitos sociais e psicológicos: A EoE afeta gravemente a qualidade de vida dos pacientes, impactando a interação social, as atividades diárias e o bem-estar psicológico. A preocupação constante com reações alérgicas em ambientes sociais, como restaurantes, é comum. 
  • Barreiras ao tratamento: Estudos indicam que muitos pacientes enfrentam barreiras significativas ao tratamento, como preocupações com efeitos colaterais de medicamentos (ex. corticosteroides tópicos) e desafios associados a dietas restritivas, que prejudicam a nutrição e a socialização. 
  • Custos diretos e indiretos: O tratamento da EoE implica custos diretos, como consultas médicas, diagnósticos (ex. endoscopias) e medicamentos. Além disso, há custos indiretos, relacionados à perda de produtividade e impactos na vida familiar. 

Mensagem prática 

  • A crescente incidência de alergias alimentares, especialmente a esofagite eosinofílica, requer uma abordagem multidisciplinar que compreenda não apenas a intervenção médica, mas também suporte psicológico e social. Melhorar a educação sobre a gestão das condições alérgicas e promover uma maior conscientização pública pode ser um passo vital para apoiar pacientes e famílias afetada 
  • Pensar nessa possibilidade diagnóstica é fundamental diante de crianças com clínica de disfagia e impactação alimentar, em especial aquelas que possuem história de outras doenças alérgicas;  
  • O suporte psicológico para os pacientes e/ou para seus pais e cuidadores devem ser considerados devido ao grande impacto na qualidade de vida.  

Confira a cobertura completa do WCPGHAN 2024.

Autoria

Foto de Jôbert Neves

Jôbert Neves

Médico do Departamento de Pediatria e Puericultura da Irmandade da Santa Casa  de Misericórdia de São Paulo (ISCMSP), Pediatria e Gastroenterologia Pediátrica pela ISCMSP, Título de Especialista em Gastroenterologia Pediátrica pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).  Médico formado pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Coordenador Young LASPGHAN do grupo de trabalho de probióticos e microbiota da Sociedade Latino-Americana de Gastroenterologia, Hepatologia e Nutrição Pediátrica (LASPGHAN).

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