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Pediatria9 dezembro 2024

WCPGHAN 2024: Desordens ligadas ao glúten - como diferenciá-las na prática clínica

Durante o WCPGHAN 2024 foram discutidas as diferentes condições clínicas relacionadas à sensibilidade ao trigo e ao glúten
Por Jôbert Neves

Durante o Congresso Mundial de Gastroenterologia, Hepatologia e Nutrição Pediátrica (WCPGHAN 2024), foram discutidas as diferentes condições clínicas relacionadas à sensibilidade ao trigo e ao glúten, incluindo a alergia ao trigo mediada por IgE, anafilaxia induzida por exercício dependente de trigo e sensibilidade ao glúten/trigo não celíaca. Trazendo os desafios em diagnosticar com precisão essas condições, particularmente a sensibilidade ao trigo não celíaca. De uma forma mais objetiva, segue uma visão de da uma destas condições abaixo:  

glúten

Alergia ao Trigo mediada por IgE: 

  • Uma condição alérgica relevante em crianças. 
  • Suspeitar quando estiver com um forte histórico de atopia (outras alergias alimentares, urticária, dermatite atópica, asma). 
  • Os sintomas (pele, respiratórios, GI – gastrointestinais) variam com a idade, com crianças mais novas mais propensas a ter sintomas GI e crianças/adultos mais velhos mais propensos a ter anafilaxia. 
  • Anticorpos IgE específicos para alergias frequentemente desaparecem até os 7 anos; níveis mais baixos de anticorpos são mais propensos a resolver a alergia. 

Anafilaxia Induzida por Exercício Dependente de Trigo: 

  • Condição rara, vista principalmente em adultos, embora alguns casos em adolescentes tenham sido relatados. 
  • Anafilaxia ocorre 10-60 minutos após o exercício, com ingestão de trigo 4 horas antes. 
  • A gravidade dos sintomas se correlaciona com as concentrações séricas do principal alérgeno, a omega-5-gliadina. 

Sensibilidade ao Glúten/Trigo Não Celíaca:

  • Descrita desde os anos 1970-80, mas mais reconhecida em crianças no século 21. 
  • Prevalência estimada em 1-10%, possivelmente em ascensão. 
  • Agente ofensivo não claro – pode ser o glúten ou outros componentes do trigo (por exemplo, frutanos, fibras). 
  • Sintomas incluem GI (semelhante à Síndrome do Intestino Irritável  – SII) e não GI, como fadiga. 
  • A fisiopatologia não é bem compreendida, mas pode envolver aumento da permeabilidade intestinal, ativação imunológica e hipersensibilidade visceral. 
  • O diagnóstico é desafiador, pois os sintomas podem se sobrepor a outras condições como a SII. 

Doença Celíaca vs. Sensibilidade ao Glúten/Trigo Não Celíaca: 

  • A doença celíaca possui critérios diagnósticos claros (HLA, anticorpos, histologia). 
  • A sensibilidade ao trigo não celíaca não possui testes diagnósticos definitivos, podendo representar um “cesto de lixo” de condições. 
  • A natureza transitória vs. vitalícia das condições não é clara. 

 Abordagem aos Anticorpos Celíacos Positivos: 

  • Importância de entender por que o teste foi solicitado (rastreamento vs. sintomático). 
  • Significado dos níveis de anticorpos – níveis mais altos são mais preditivos de doença celíaca. 
  • Cautela com anticorpos isolados positivos contra gliadina deaminada, pois podem ser transitórios. 

Mensagem prática:  

  • O diagnóstico preciso das condições clínicas relacionadas ao glúten é crucial para evitar dietas sem glúten desnecessárias. 
  • A doença celíaca é uma condição vitalícia, enquanto a alergia ao trigo e a sensibilidade ao trigo não celíaca podem ser transitórias. 
  • A interpretação precisa dos testes sorológicos relacionados ao glúten é essencial;  
  • Mais pesquisas são necessárias para melhor entender a fisiopatologia e os critérios diagnósticos para a sensibilidade ao trigo não celíaca 

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