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Pediatria9 dezembro 2019

Vírus herpes simples (HSV): um caso de infecção congênita

Classicamente, as infecções do grupo TORCH incluem: toxoplasmose; outras infecções; rubéola; citomegalovírus (CMV) e vírus herpes simples (HSV).

Classicamente, as infecções do grupo TORCH incluem:

  • Toxoplasmose;
  • “Outras infecções”;
  • Rubéola;
  • Citomegalovírus (CMV);
  • Vírus herpes simples (HSV).

A infecção perinatal adquirida pelo HSV apresenta-se classicamente em três formas:

  • Doenças da pele, olhos e boca;
  • Encefalite;
  • Doença disseminada.

Recentemente, Haffner, O’Connor e Zempel publicaram, no jornal Pediatric Neurology, um caso raro de infecção congênita por HSV.

médico escrevendo relato de caso de herpes congênita, prontuário e estetoscópio em foco na frente das mãos do médico

Relato de caso de herpes congênita

  • Bebê prematuro, 34 semanas e 5 dias de idade gestacional estimada;
  • Prematuridade secundária a ruptura prematura de membranas;
  • A história pré-natal não era notável, havendo sorologias negativas, incluindo HSV e varredura anatômica normal com 20 semanas de gestação;
  • Na sala de parto, foram observadas lesões vesiculares que desapareceram rapidamente, evoluindo para placas eritematosas. O bebê exibia movimentos mioclônicos;
  • Quando um eletroencefalograma (EEG) foi realizado, os movimentos mencionados acima não apresentaram correlação eletrográfica. A criança estava em estado epilético, que foi tratado com midazolam;
  • O exame oftalmológico revelou coriorretinite;
  • A ressonância magnética (RM) demonstrou encefalomalácia cística grave com panventriculomegalia maciça e perda quase completa do parênquima cerebral e cerebelar;
  • As reações em cadeia da polimerase (PCR) da nasofaringe e do líquido cefalorraquidiano foram positivas para o HSV-2. As amostras ocular, retal e sanguínea foram negativas;
  • O exame patológico da placenta foi positivo para HSV-1 e -2;
  • Foi iniciado aciclovir 60 mg/kg/dia para tratamento do lactente;
  • O bebê evoluiu para insuficiência respiratória, insuficiência adrenal central e Síndrome da secreção inapropriada de hormônio antidiurético (syndrome of inappropriate secretion of antidiuretic hormone – SIADH).
  • Os cuidados foram redirecionados para medidas de conforto no quinto dia da vida. No entanto, a criança evoluiu rapidamente para óbito.

O que fazer?

Com este relato, os autores destacam que, mesmo com a ausência de histórico materno do HSV, é necessário um alto índice de suspeita para iniciar imediatamente o tratamento com aciclovir, a fim de otimizar os resultados.

Embora o tratamento não reverta complicações neurológicas já instaladas, pode impedir a progressão da doença naqueles apenas com envolvimento cutâneo.

Referência bibliográfica:

Autoria

Foto de Roberta Esteves Vieira de Castro

Roberta Esteves Vieira de Castro

Graduada em Medicina pela Faculdade de Medicina de Valença ⦁ Residência médica em Pediatria pelo Hospital Federal Cardoso Fontes ⦁ Residência médica em Medicina Intensiva Pediátrica pelo Hospital dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro. Mestra em Saúde Materno-Infantil (UFF) ⦁ Doutora em Medicina (UERJ) ⦁ Aperfeiçoamento em neurointensivismo (IDOR) ⦁ Médica da Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica (UTIP) do Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE) da UERJ ⦁ Professora adjunta de pediatria do curso de Medicina da Fundação Técnico-Educacional Souza Marques ⦁ Membro da Rede Brasileira de Pesquisa em Pediatria do IDOR no Rio de Janeiro ⦁ Acompanhou as UTI Pediátrica e Cardíaca do Hospital for Sick Children (Sick Kids) em Toronto, Canadá, supervisionada pelo Dr. Peter Cox ⦁ Membro da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB) ⦁ Membro do comitê de sedação, analgesia e delirium da AMIB e da Sociedade Latino-Americana de Cuidados Intensivos Pediátricos (SLACIP) ⦁ Membro da diretoria da American Delirium Society (ADS) ⦁ Coordenadora e cofundadora do Latin American Delirium Special Interest Group (LADIG) ⦁ Membro de apoio da Society for Pediatric Sedation (SPS) ⦁ Consultora de sono infantil e de amamentação ⦁ Instagram: @draroberta_pediatra

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