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Pediatria26 agosto 2019

Uso de cetamina intranasal na Emergência Pediátrica

Estudo teve objetivo de avaliar as percepções do pediatra e os resultados decorrentes da administração de doses variadas de cetamina intranasal.

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A cetamina é um medicamento sedativo e analgésico seguro e amplamente utilizado em departamentos de emergência pediátrica. Entretanto sua administração intranasal (IN) ainda não é disseminada em pediatria.

Cetamina intranasal na pediatria

Dessa forma, com o objetivo de avaliar as percepções do pediatra e os resultados decorrentes da administração de doses variadas de cetamina IN para ansiólise, sedação ou analgesia em crianças, Guthrie e colaboradores (2019) conduziram o estudo Use of Intranasal Ketamine in Pediatric Patients in the Emergency Department, publicado em julho na revista Pediatric Emergency Care.

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Metodologia

Os autores realizaram um estudo prospectivo associado a revisão de prontuários de 196 pacientes pediátricos com idade igual ou superior a 6 meses admitidos no período de janeiro a maio de 2018 em uma emergência pediátrica americana e que receberam cetamina IN. O objetivo primário foi determinar a satisfação do pediatra com o uso da cetamina IN. Os objetivos secundários incluíram a comparação dos desfechos estratificados por dose, eventos adversos, avaliação de insucesso do tratamento e tempo de permanência na Emergência Pediátrica. 

Resultados

Os pediatras ficaram muito confortáveis ​​com o uso da cetamina IN (escore 100/100), muito satisfeitos com sua eficácia (escore 90/100) e satisfeitos com o conforto do paciente (escore 75/100). O conforto do paciente foi otimizado quando as doses empregadas estavam entre 3,0 e 5,0 mg/kg. Quinze pacientes (7,7%) não tiveram sucesso com a administração de cetamina IN e necessitaram de outros sedativos para a execução do procedimento (40% dessas falhas com o uso de cetamina IN ocorreram durante a realização de procedimentos ortopédicos). No geral, a taxa de eventos adversos foi de 6%, porém estes efeitos foram considerados pequenos [náuseas (n = 3; 1,5%), tontura (n = 2; 1%) e sonolência (n = 2; 1%)]. Nenhum paciente necessitou de suporte ventilatório ou intubação endotraqueal.

Saiba mais: Erros relacionados ao uso de medicamentos na emergência pediátrica: você sabe como reduzir?

Em uma análise secundária, 232 pacientes que receberam cetamina IN foram comparados a 263 pacientes que haviam sido submetidos a sedação completa com outros medicamentos por via intravenosa (IV) antes de procedimentos no ano anterior (janeiro a junho de 2017). O tempo médio de internação foi significativamente menor no grupo cetamina IN (238 minutos versus 332 minutos).

Conclusão

Os autores concluíram que a cetamina IN foi capaz de proporcionar ansiólise, sedação e analgesia seguras e bem-sucedidas em pacientes pediátricos no departamento de Emergência Pediátrica. Apesar de o estudo apresentar uma metodologia fraca para a avaliação do tempo médio de internação com o uso de cetamina IN, os pesquisadores puderam demonstrar que o uso da cetamina IN reduziu os recursos necessários para tornar as crianças confortáveis ​​para os procedimentos, e os pediatras ficaram satisfeitos com seus efeitos no conforto do paciente. A maioria dos pacientes que apresentou insucesso com o uso de cetamina IN foi submetida a procedimentos mais demorados e dolorosos, o que justifica a necessidade da associação de outros medicamentos EV. 

 

Referências:

Autoria

Foto de Roberta Esteves Vieira de Castro

Roberta Esteves Vieira de Castro

Graduada em Medicina pela Faculdade de Medicina de Valença ⦁ Residência médica em Pediatria pelo Hospital Federal Cardoso Fontes ⦁ Residência médica em Medicina Intensiva Pediátrica pelo Hospital dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro. Mestra em Saúde Materno-Infantil (UFF) ⦁ Doutora em Medicina (UERJ) ⦁ Aperfeiçoamento em neurointensivismo (IDOR) ⦁ Médica da Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica (UTIP) do Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE) da UERJ ⦁ Professora adjunta de pediatria do curso de Medicina da Fundação Técnico-Educacional Souza Marques ⦁ Membro da Rede Brasileira de Pesquisa em Pediatria do IDOR no Rio de Janeiro ⦁ Acompanhou as UTI Pediátrica e Cardíaca do Hospital for Sick Children (Sick Kids) em Toronto, Canadá, supervisionada pelo Dr. Peter Cox ⦁ Membro da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB) ⦁ Membro do comitê de sedação, analgesia e delirium da AMIB e da Sociedade Latino-Americana de Cuidados Intensivos Pediátricos (SLACIP) ⦁ Membro da diretoria da American Delirium Society (ADS) ⦁ Coordenadora e cofundadora do Latin American Delirium Special Interest Group (LADIG) ⦁ Membro de apoio da Society for Pediatric Sedation (SPS) ⦁ Consultora de sono infantil e de amamentação ⦁ Instagram: @draroberta_pediatra

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