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Pediatria30 agosto 2025

Tromboprofilaxia em adolescentes

Estudo mostra que tromboprofilaxia farmacológica reduz o risco de TEV hospitalar em adolescentes graves, reforçando a urgência de diretrizes baseadas em evidências.

Atualmente, a literatura indica um aumento acentuado no tromboembolismo venoso pediátrico adquirido em hospital (TEV-AH) nos últimos 20 anos, com uma incidência estimada de uma em cada 50 crianças graves hospitalizadas. Embora a tromboprofilaxia farmacológica (TPF) tenha sido investigada em subgrupos pediátricos específicos, como aqueles com neoplasias hematológicas, doença cardíaca, covid-19 ou cateteres venosos centrais (CVC), ainda faltam estudos prospectivos na população pediátrica grave em geral. Essa escassez, combinada com preocupações sobre riscos de sangramento, levou a uma ampla variabilidade nas práticas de prevenção de TEV. Embora CVC, infecções concomitantes e internação hospitalar prolongada sejam consistentemente identificados como fatores de risco relevantes, os modelos preditivos existentes carecem de validação robusta. Grupos multinacionais como o International Society on Thrombosis and Haemostasis (ISTH) e o Scientific and Standardization Committee and the Children’s Healthcare Advancements in Thrombosis Consortium (Consórcio CHAT) ressaltam a necessidade urgente de estratégias de TP baseadas em evidências.  

Um estudo publicado na Pediatric Critical Care Medicine avaliou se a TP, incluindo farmacológica, mecânica ou em combinação, está associada à redução do risco de TEV-AH entre adolescentes graves. 

Metodologia 

Trinta e duas Unidades de Terapia Intensiva Pediátrica (UTIP) norte-americanas participaram da coleta de dados. O estudo consistiu em uma análise prospectiva de caso-controle e validação do modelo de risco para TEV. 

Os casos foram extraídos do Registro CHAT e incluíram pacientes com idade igual ou superior a 12 anos e inferior a 19 anos, internados em uma das UTIP participantes, entre janeiro de 2012 e junho de 2021, com TEV-AH confirmado radiograficamente. Os controles não tinham TEV-AH. Foram excluídos pacientes com diagnóstico de TEV-AH antes ou na data da admissão na UTIP. As intervenções foram TPF com anticoagulação profilática e mecânica, por meio de compressão pneumática intermitente. 

Resultados 

Foram obtidos 163 casos e 975 controles e ambos apresentaram dados demográficos e antropométricos semelhantes, com idade média de 15,4 ± 1,9 anos na admissão, leve predominância do sexo masculino (51,5%) e índice de massa corporal (IMC) mediano de 22,5 kg/m². Os casos apresentaram, quando comparados aos controles (todos com significância estatística, p < 0,001):  

  • Maior frequência de CVC (89% vs. 21,1%); 
  • Mediana de tempo de internação mais prolongado (29 dias vs. 6 dias); 
  • Maior necessidade de ventilação mecânica invasiva (VMI) por pelo menos um dia (52,2% vs. 11,8%); 
  • Tratamento mais frequente para infecção (48,5% vs. 16%); 
  • Maior prevalência de histórico de trombofilia (27,6% vs. 2,1%); 
  • Imobilidade completa ou mobilidade muito limitada no momento da admissão (72,6% vs. 22,1%).  

Com relação aos 163 casos de TEV-AH: 

  • Foram identificados clinicamente após uma mediana de sete dias de hospitalização; 
  • Trombose venosa profunda (TVP) em pescoço, membros ou abdômen ocorreu em 145 (89%); 
  • Dezesseis (9,8%) tiveram embolia pulmonar; 
  • Noventa e cinco (58,3%) dos eventos de TEV-AH estavam relacionados a CVC (sendo 64,5% classificados como intravenosos percutâneos, 27% CVC percutâneos e 10,5% CVC tunelizados); 
  • 59,8% não receberam nenhum tipo de profilaxia, 7,6% receberam TPF, 23,5% receberam TP mecânica e 9,2% receberam TPF e mecânica.  

Os níveis de risco de TEV (baixo, moderado e alto) foram calculados utilizando critérios de pontuação validados. A TPF e combinada, mas não a TP mecânica isoladamente, foram independentemente associadas à redução do risco de TEV-AH, usando regressão logística multivariável para contabilização do risco de TEV-AH para covariáveis protrombóticas adicionais e entre cada nível de risco de TEV. 

Conclusão 

Os pesquisadores observaram que a TPF, isoladamente ou combinada à TP mecânica, está associada à redução do risco de TEV-AH em adolescentes graves previamente classificados como de risco moderado ou alto para esta condição. Além disso, eles identificaram, como fatores adicionais de risco, a exposição prolongada à VMI e a imobilidade aguda. O estudo, portanto, é relevante para orientar o delineamento de ensaios clínicos, urgentemente necessários, sobre TP em adolescentes graves em UTIP. 

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Referências bibliográficas

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