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Pediatria30 novembro 2025

Treprostinil nebulizado em crianças ventiladas: estudo avalia segurança e efeitos

Estudo avalia segurança e resposta ao treprostinil nebulizado em crianças sob ventilação mecânica. Veja achados e pontos clínicos essenciais.

A hipertensão pulmonar (HP) em pacientes pediátricos está comumente associada a doenças pulmonares e, infelizmente, o uso de vasodilatadores sistêmicos pode agravar o descompasso da ventilação-perfusão nesse contexto. Opções inalatórias como epoprostenol, iloprosta e treprostinil ajudam a mitigar a hipoxemia, embora o epoprostenol exija administração contínua e a meia-vida curta da iloprosta limite o uso ambulatorial. O treprostinil nebulizado (TN), com doses menos frequentes, demonstrou sucesso na HP em pediatria, incluindo administração por traqueostomia (TQT), no entanto, sua administração em crianças submetidas à ventilação mecânica (VM) ainda não havia sido relatada. Um estudo publicado na Pediatric Pulmonology descreve o uso de TN em uma coorte pediátrica em VM. 

treprostinil nebulizado em crianças ventiladas

Metodologia 

O estudo foi realizado no Nationwide Children’s Hospital, em Ohio, Estados Unidos. Foram incluídos todos os pacientes sob VM que receberam pelo menos uma dose de TN ao longo de 15 anos. Detalhes sobre a administração de TN estão disponíveis no suplemento. 

Dados demográficos, histórico, estudos diagnósticos, tratamentos e desfechos foram extraídos do prontuário eletrônico para o banco de dados Research Electronic Data Capture (REDCap).  

Resultados 

Um total de 53 crianças (sendo 53% do sexo feminino) receberam TN enquanto estavam em VM, sendo frequentemente usado concomitantemente com outros vasodilatadores pulmonares: óxido nítrico inalatório (92%), sildenafil (38%) e bosentana (23%). Além disso, 23 pacientes (38%) receberam albuterol simultaneamente. 

A mediana de idade no início do tratamento foi de 11 dias, pois a maioria (87%) dos pacientes era bebês para os quais o medicamento foi iniciado durante a hospitalização do parto.  

As etiologias da HP nesta coorte foram: 

  • Cardiopatia congênita (15%); 
  • Displasia broncopulmonar (17%); 
  • Hérnia diafragmática congênita (27%); 
  • HP persistente do recém-nascido (RN) (28%). 

O TN foi administrado por curto prazo durante a doença crítica, com a dosagem titulada de 18 mcg a cada 6 horas até 54 mcg com base na resposta. A pressão sistólica do ventrículo direito (VD) melhorou em 74% dos pacientes com dados de ecocardiograma e a maioria das crianças com função comprometida apresentou recuperação.  

Somente 14 pacientes (26%) tiveram efeitos colaterais: 

  • Três lactentes com hérnia diafragmática congênita e um com hipoplasia pulmonar grave apresentaram hemorragia pulmonar que motivou a descontinuação do medicamento; 
  • Cinco pacientes tiveram queda da saturação de oxigênio associada ao TN, mas somente um necessitou de descontinuação do medicamento (um paciente com displasia broncopulmonar); 
  • Oito pacientes (dos quais sete eram RN graves e todos estavam recebendo concomitantemente óxido nítrico inalatório sem outra terapia vasodilatadora pulmonar) evoluíram com hipotensão atribuída ao TN, o que levou à redução da dose em três e à descontinuação em dois. 

 No entanto, de modo geral, o TN foi bem tolerado e pareceu melhorar a mecânica do VD, corroborando seu papel como um potencial vasodilatador pulmonar em crianças submetidas à VM. É necessário destacar que as evidências são limitadas pelo desenho retrospectivo do estudo e pela falta de dados hemodinâmicos invasivos. 

Conclusão 

Muitas crianças com HP apresentam doença pulmonar subjacente e os vasodilatadores sistêmicos podem agravar a hipoxemia ao dilatar regiões pulmonares mal ventiladas. Agentes inalatórios, como o TN, têm, como alvo, áreas bem ventiladas, reduzindo esse risco e oferecendo uma opção mais segura. O estudo sugere que o TN pode ser administrado com segurança em RN e crianças em VM, é geralmente bem tolerado e parece eficaz, corroborando seu uso como terapia alternativa para o tratamento da HP nesses pacientes. 

Autoria

Foto de Roberta Esteves Vieira de Castro

Roberta Esteves Vieira de Castro

Graduada em Medicina pela Faculdade de Medicina de Valença ⦁ Residência médica em Pediatria pelo Hospital Federal Cardoso Fontes ⦁ Residência médica em Medicina Intensiva Pediátrica pelo Hospital dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro. Mestra em Saúde Materno-Infantil (UFF) ⦁ Doutora em Medicina (UERJ) ⦁ Aperfeiçoamento em neurointensivismo (IDOR) ⦁ Médica da Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica (UTIP) do Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE) da UERJ ⦁ Professora adjunta de pediatria do curso de Medicina da Fundação Técnico-Educacional Souza Marques ⦁ Membro da Rede Brasileira de Pesquisa em Pediatria do IDOR no Rio de Janeiro ⦁ Acompanhou as UTI Pediátrica e Cardíaca do Hospital for Sick Children (Sick Kids) em Toronto, Canadá, supervisionada pelo Dr. Peter Cox ⦁ Membro da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB) ⦁ Membro do comitê de sedação, analgesia e delirium da AMIB e da Sociedade Latino-Americana de Cuidados Intensivos Pediátricos (SLACIP) ⦁ Membro da diretoria da American Delirium Society (ADS) ⦁ Coordenadora e cofundadora do Latin American Delirium Special Interest Group (LADIG) ⦁ Membro de apoio da Society for Pediatric Sedation (SPS) ⦁ Consultora de sono infantil e de amamentação ⦁ Instagram: @draroberta_pediatra

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