Surto de sarampo atinge crianças não vacinadas nos Estados Unidos

A Academia Americana de Pediatria (AAP) emitiu uma importante nota em 24/02/2025. Nos Estados Unidos, um surto de sarampo em dois Estados atingiu quase 100 pessoas, a maioria delas crianças não vacinadas. Segundo as autoridades de saúde pública, é provável que novos casos sejam relatados nos próximos dias.   

Veja também: RJ confirma primeiro caso de sarampo de 2025

Desde o final de janeiro, o Texas Department of State Health Services (DSHS) registrou 90 casos da doença, sendo que 16/90 pacientes evoluíram com internação hospitalar. Desses 16, nove não haviam sido vacinados ou sua situação vacinal era desconhecida. Somente 5/16 indivíduos foram vacinados. Além disso, 26/90 pacientes eram crianças de 0 a 3 anos, 51/90 tinham idades entre 5 e 17 anos, 10/90 tinham 18 anos ou mais e em 3/90 a idade não foi identificada. Cinquenta e sete casos dos 90 registrados ocorreram no condado de Gaines County, onde a taxa de isenção de vacina é de quase 18% entre crianças do jardim de infância no ano letivo de 2023-2024.   

Outros registros foram feitos nos seguintes condados: Dawson (6); Ector, Lubbock e Lynn (1 em cada); Terry (20) e Yoakum (4). No Novo México, nove casos foram identificados no condado de Lea (divisa com Gaines County): quatro casos na faixa etária de 5 a 17 anos e cinco em indivíduos com 18 anos ou mais.   

No dia 26 de fevereiro de 2025, uma declaração foi feita pela Dra. Susan Kressly (presidente da AAP) em virtude do primeiro óbito relacionado ao sarampo no Texas: “Como pediatra, fico profundamente consternada ao saber que uma criança faleceu devido ao sarampo. Esta é uma perda trágica e devastadora, e nossos pensamentos estão com a família e a comunidade afetada. Uma morte causada por uma doença evitável já é demais.  A vacina tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola – MMR) prepara o sistema imunológico das crianças para detectar e combater esses vírus, protegendo-as contra doenças graves. O motivo pelo qual muitos pais nos Estados Unidos não precisaram se preocupar com o sarampo por décadas é a ampla imunização com essa vacina segura e eficaz. No entanto, quando as taxas de vacinação caem em uma comunidade, a doença pode se espalhar, colocando em risco os mais vulneráveis—especialmente as crianças pequenas. Nenhum pai deveria passar pela dor de perder um filho para uma doença evitável. As vacinas salvam vidas. Os pediatras estão aqui para conversar com as famílias sobre a saúde de seus filhos, incluindo como ter acesso às vacinas. Precisamos fortalecer os programas de imunização para garantir que todas as crianças tenham a chance de crescer saudáveis e fortes.” 

Transmissão

O sarampo é uma doença viral, que se propaga por meio de gotículas contaminadas transmitidas pelo contato ou pela dispersão no ar quando uma pessoa infectada respira, tosse ou espirra. O vírus pode permanecer no ambiente, contaminando por até duas horas depois que o doente saiu do local.  

Quadro clínico

As primeiras manifestações clínicas se iniciam cerca de uma ou duas semanas depois da exposição ao vírus: febre alta, coriza, tosse, olhos vermelhos e lacrimejantes. Após alguns dias, surge uma erupção cutânea com manchas vermelhas e planas, que inicia na face e se alastra pelo pescoço, tronco e restante do corpo. O doente pode transmitir a infecção desde aproximadamente quatro dias antes do início da erupção até quatro dias depois. Outras manifestações podem incluir diarreia, otite e pequenas manchas brancas na parte interna das bochechas.  

Complicações

Pode haver complicações graves, como deficiência intelectual, encefalite, pneumonia e surdez. Infelizmente, a doença pode evoluir para óbito.  

Comentário 

O surto de sarampo nos Estados Unidos deve servir de alerta global. Infelizmente, onde as taxas de vacinação caem, a doença reaparece.  

Em 2019, o Brasil perdeu o certificado de eliminação do sarampo (“livre do sarampo”), recebido em 2016. Surtos recorrentes e a queda na cobertura vacinal levaram à reintrodução do vírus no país. Conforme o calendário vacinal de 2024 do Programa Nacional de Imunizações (PNI), a vacina tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) é indicada da seguinte forma: 

• 12 meses: primeira dose da tríplice viral; 

• 15 meses: vacina tetraviral (sarampo, caxumba, rubéola e varicela) para crianças que já tenham recebido a primeira dose da tríplice viral; 

• Adolescentes: se não houver história prévia de vacinação, pode-se iniciar o esquema com duas doses da tríplice viral a qualquer momento.