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Pediatria2 setembro 2025

Suplementação de vitamina D em neonatos prematuros. Qual dose escolher?

Confira indicações quanto à posologia de suplementação de vitamina D em neonatos prematuros e a comparação da eficácia entre duas doses de vitamina D3
Por Amanda Neves

Os neonatos pré-termo apresentam maior risco de deficiência de vitamina D ao se considerar a dieta e exposição solar insuficientes e o baixo estoque já que este seria formado no terceiro trimestre de gestação. Ademais, os filhos de mães que tiveram hipovitaminose D na gravidez também apresentam um fator de risco adicional. Consequentemente, estão suscetíveis ao comprometimento do crescimento e mineralização óssea e a complicações como o raquitismo.  

Diante disso, a suplementação de vitaminas no período neonatal suscita discussões. Na Tailândia, ainda são incipientes os dados sobre a prevalência de tal condição em prematuros e protocolos de manejo. Ademais, as diretrizes internacionais variam nas suas indicações quanto à posologia de suplementação. Enquanto que a Academia Americana de Pediatria recomenda 200 a 400 UI / dia de vitamina D para recém-nascidos com menos de 2500 g, a Sociedade Europeia de Gastroenterologia e Nutrição Pediátrica em 2022 recomendaram 400 a 700 UI/kg/dia (máximo de 1000 UI/dia).  

bebê recebendo suplementação de vitamina D

Desenho de estudo  

Neste contexto, foi realizado um estudo randomizado controlado em neonatos prematuros com idade gestacional inferior a 32 semanas ou com peso ao nascimento inferior a 1500 g com a finalidade de comparar a eficácia entre duas doses de vitamina D3 no que concerne a sua concentração sérica e as suas implicações nos parâmetros metabólicos ósseos (cálcio, fósforo, albumina e fosfatase alcalina). 

O estudo foi  realizado na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal do Hospital Maharaj Nakorn Chiang Mai, localizado na Tailândia, no período de março de 2024 a fevereiro de 2025. Neonatos com anormalidades gastrointestinais congênitas cirúrgicas, cromossomopatias, múltiplas anomalias, cardiopatias críticas, enterocolite necrosante ou com erro inato do metabolismo não foram considerados elegíveis para análise.  

Os participantes do estudo foram randomizados e alocados em dois grupos na proporção 1:1 para receber 400 UI ou 800 UI/dia de vitamina D3. A dosagem sérica de vitamina D, fósforo, albumina, cálcio e fosfatase alcalina foi realizada em dois momentos: antes da suplementação e seis semanas após.  

O estado da vitamina D, por sua vez, foi classificado em: deficiência (nível inferior a 12 ng/mL), insuficiência (12 a 20 ng/mL), suficiência (20 a 100 ng/mL) e toxicidade (superior a 100 ng/ml quando associada a alterações como hipercalciúria, hipercalcemia e hipoparatireoidismo).  

Resultados e Discussão 

Dos 38 recém-nascidos prematuros analisados, 82% apresentavam hipovitaminose D no início do estudo. Após seis semanas de suplementação, o nível sérico de 25 (OH) vitamina D aumentou de forma significativa nos dois grupos (p < 0,001 para ambos). 

Foi observada maior redução da prevalência de hipovitaminose D com o uso da vitamina D3 na dose de 800 UI/dia (redução de 89% para 5%) quando comparada à dose de 400 UI/dia (de 74% para 32%). Ademais, não foi observada deficiência de vitamina D no grupo que recebeu 800 UI/dia. 

Por outro lado, não houve diferenças estatisticamente significativas nos valores dos parâmetros metabólicos ósseos ou em relação à toxicidade entre os grupos.  

Conclusão 

O estudo evidenciou que a suplementação com 800 UI/dia de vitamina D3 aumenta de forma efetiva os seus níveis em seis semanas, sem estar atrelada à toxicidade em neonatos prematuros com hipovitaminose D. Este achado é corroborado por outros estudos que ressaltam o efeito dose-dependente da vitamina D3 e reforça a adoção de posologias mais altas para correção da deficiência em populações de risco como os pré-termos.

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Referências bibliográficas

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