A síndrome metabólica caracteriza-se pela associação de fatores de risco cardiometabólicos que aumentam o risco de doenças cardiovasculares e diabetes mellitus tipo 2 como adiposidade central, resistência insulínica, hipertrigliceridemia, dislipidemia e hipertensão arterial. Sua incidência tem aumentado, o que pode ser justificado pelas mudanças no estilo de vida e hábitos alimentares. Contudo, existem várias discrepâncias na sua definição na população pediátrica e grande parte das pesquisas são focadas nos adultos.
Desenho de Estudo
Neste contexto, foi realizado um estudo do tipo revisão sistemática com o objetivo de avaliar diferentes abordagens no manejo da síndrome metabólica em pacientes pediátricos.
Para isso, bases de dados como Medline, Scopus, Embase, Web of Science e Google Scholar foram utilizados, sendo selecionados artigos publicados até 15 de abril de 2025. Foram excluídos da análise: estudos in vitro, resumos de conferência, editoriais, capítulos de livros e trabalhos não publicados em inglês. Após triagem criteriosa, 31 artigos foram incluídos na revisão. Cabe destacar que houve variações nas definições diagnósticas de síndrome metabólica entre os estudos analisados.
Resultados e Discussão
Em relação aos resultados, as mudanças do estilo de vida, incluindo atividades físicas e ajustes da alimentação, foram as estratégias mais eficazes no tratamento da síndrome metabólica. Dois estudos evidenciaram melhora significativa no perfil metabólico e na redução da prevalência da síndrome metabólica em crianças e adolescentes com obesidade, após a adesão da dieta mediterrânea por 12 a 16 semanas.
No que se refere à atividade física, quando realizada 3 vezes por semana por 12 semanas, foi associada à redução da prevalência de síndrome metabólica de 12,9% para 7,5% além de promover melhoria dos parâmetros metabólicos das crianças e adolescentes acometidos por tal condição, segundo o estudo de Kamal e Ragy.
Tais achados foram corroborados por outros estudos, como o de Martino et al., que evidenciou que crianças com baixa adesão à dieta mediterrânea e com prática incipiente de atividade física apresentaram um risco sete vezes maior de desenvolver síndrome metabólica.
Do ponto de vista farmacológico, a metformina foi identificada como o medicamento mais frequentemente prescrito. Entretanto, sua eficácia isolada, em comparação às intervenções baseadas em mudanças de estilo de vida, não foi determinada.
A suplementação de vitamina D demonstrou benefícios na diminuição da prevalência da síndrome metabólica. Kelishadi et al., por exemplo, observaram uma redução significativa na resistência à insulina após 12 semanas de suplementação. Em contrapartida, a ingesta de produtos naturais, como suco de uva e de romã, não apresentou efeitos significativos na melhora dos parâmetros associados à síndrome metabólica pediátrica.
Conclusão
O presente estudo reforçou a importância da mudança de estilo de vida, especialmente a reeducação alimentar e atividade físicas regulares como a principal estratégia no manejo da síndrome metabólica pediátrica. No que tange às intervenções medicamentosas, a metformina foi citada como uma opção terapêutica visando a redução da resistência à insulina ao se considerar que tal componente é um dos fatores desencadeantes da síndrome metabólica.
Embora não tenha sido possível realizar uma meta-análise em função do número limitado de estudos de alta qualidade disponíveis, a revisão sistemática forneceu recomendações relevantes para a prática clínica e para a condução de futuras pesquisas relacionadas.
Como você avalia este conteúdo?
Sua opinião ajudará outros médicos a encontrar conteúdos mais relevantes.