A rinite alérgica é caracterizada pela inflamação da mucosa nasal por alérgenos mediada por IgE. Pode ter implicações na qualidade de vida, interferindo no rendimento escolar, nas atividades laborais e no sono. Apresenta alta prevalência e manifesta-se com sintomas como congestão nasal, prurido, espirros e coriza.
Desenho de Estudo
Neste contexto, foi conduzido um estudo do tipo metanálise, com o objetivo de identificar os fatores de risco associados à rinite alérgica em crianças com idade pré-escolar.
Para isso, foram consultadas bases de dados como PubMed, Embase, Cochrane e Web of Science, sendo selecionados estudos observacionais, publicados até 20 de janeiro de 2025, que abordassem fatores de risco para rinite alérgica em pacientes com idade entre 3 e 6 anos. Após análise criteriosa, 10 estudos de coorte foram incluídos na metanálise, englobando um total de 94774 pré-escolares.
Resultados e Discussão
No que concerne aos resultados, a presença de animais de estimação foi considerada fator de proteção para o desenvolvimento de rinite alérgica (OR -0,57; IC95%: 0,41-0,78). Tal achado pode ser justificado pelo mecanismo de imunomodulação, tendo em vista que a exposição precoce a animais de estimação auxilia na maturação do sistema imune e na sua diversificação, com consequente redução nas reações alérgicas.
Por outro lado, o histórico parental de rinite alérgica (OR: 2,4; IC 95%: 2,01-2,87), asma (OR: 2,45; IC 95%: 1,53-3,3) e eczema (OR: 1,72, IC 95%: 1,48-1,99) esteve associado a um maior risco de rinite alérgica.
Ademais, os resultados deste estudo indicaram que crianças do sexo masculino apresentam um risco aumentado de rinite alérgica quando comparados às do sexo feminino (OR: 1,54, IC 95%: IC 95%: 1,37-1,72), o que é ratificado por outros estudos que verificaram resposta imunológica mais intensa em indivíduos do sexo masculino, implicando maior probabilidade de desencadear uma reação alérgica.
A via de parto cesariana (OR: 1,32, IC 95%: 1,08-1,1,1) também foi associada a um risco maior de rinite alérgica. Outros estudos apontam que bebês nascidos por cesariana apresentam comprometimento do desenvolvimento do sistema imunológico, em razão da ausência do contato com a microbiota materna presente no canal do parto, o que pode resultar na redução da tolerância imunológica.
Além disso, a umidade ambiental também foi considerada um fator de risco, possivelmente devido à maior quantidade de alérgenos em ambientes úmidos.
Saiba mais: Rinite alérgica: ferramentas para o diagnóstico na prática clínica
Conclusão
O estudo destaca a influência dos fatores genéticos e ambientais no risco de rinite alérgica em crianças, favorecendo a compreensão sobre o tema e o delineamento de estratégias de prevenção e intervenção.
Autoria

Amanda Neves
Editora médica assistente da Afya ⦁ Residência de Pediatria pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) ⦁ Graduação em Medicina pela UFPE
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