Logotipo Afya
Anúncio
Pediatria11 novembro 2025

Reanimação cardiopulmonar pediátrica no Suporte Básico de Vida

Novas diretrizes de Suporte Básico de Vida Pediátrico (SAVP), foram divulgadas pela American Heart Association e a American Academy of Pediatrics.

 As novas diretrizes de Suporte Básico de Vida Pediátrico (SAVP) da American Heart Association junto com a American Academy of Pediatrics, publicadas em outubro de 2025 na Circulation, trazem as seguintes novidades: 

  • Para fazer as compressões torácicas em bebês, o uso dos dois maiores dedos ao longo do esterno foi eliminado por conta ineficácia em atingir a profundidade adequada. Agora, as técnicas de compressão recomendadas incluem o uso da técnica com a base de uma mão ou a técnica com os dois polegares envolvendo o tórax com as mãos. Se o socorrista não conseguir envolver fisicamente o tórax com as duas mãos, recomenda-se comprimir o tórax com a técnica com a base de uma das mãos; 
  • Para fazer as compressões torácicas em crianças, agora é preconizado comprimir somente com as duas mãos (antes o socorrista podia escolher entre comprimir com apenas a base de uma das mãos ou com as duas mãos); 
  • A cadeia de sobrevivência diante de parada cardiorrespiratória (PCR) incluir seis elos: 
  1. Reconhecimento de PCR e ativar o sistema de emergência; 
  2. RCP de alta qualidade; 
  3. Desfibrilação (quando necessária); 
  4. RCP avançada; 
  5. Cuidados após retorno da circulação espontânea (RCE); 
  6. Reabilitação e cuidado dos sobreviventes; 

Divisão das vítimas em RCP 

Em RCP, dividimos as vítimas em:  

  1. Bebês, que são os menores de 1 ano de idade; 
  2. Crianças, que são as vítimas a partir de 1 ano de idade até antes de entrada na puberdade, que em SBV é definida por presença de algum desenvolvimento mamário nas meninas (o mamilo deixa de ser plano), e presença de pêlos axilares nos meninos; 
  3. Adultos, que são as vítimas que já entraram na puberdade. 

Segurança da cena, diagnóstico de PCR e acionamento do sistema médico de urgência 

Verificar a segurança da cena antes de socorrer a vítima. A PCR é diagnosticada diante de vítima não responsiva a estímulo tátil e verbal, que não respira ou apresenta somente gasping e sem pulso (profissionais de saúde devem checar o pulso central e, se não detectarem em até 10 segundos, considerar que está sem pulso).  

Assim que diagnosticar PCR, acionar imediatamente o Serviço de Atendimento Médico de Urgência (SAMU) telefone 192 ou Bombeiros telefone 193. E solicitar que busquem o desfibrilador externo automático (DEA) idealmente de adulto se ≥8 anos de idade e DEA pediátrico (com carga atenuada) se <8 anos de idade. Se DEA com carga atenuada não estiver disponível, usar DEA de adulto. Se profissional de saúde treinado e desfibrilador manual disponível, preferencialmente usá-lo em bebê e criança. Usar o desfibrilador assim que disponível. As pás do desfibrilador devem ser posicionadas conforme o desenho das pás do DEA e com distância mínima de 1-2cm. Iniciar imediatamente RCP de alta qualidade. 

RCP de alta qualidade 

Os componentes da RCP de alta qualidade são: 

  1. Usar o desfibrilador assim que disponível; 
  2. Fazer sequência CAB (Compressões torácicas, Abertura de vias aéreas e Boa ventilação); 
  3. Colocar vítima idealmente sobre superfície firme (ex. chão) para otimizar a efetividade das compressões torácicas; 
  4. Iniciar imediatamente as compressões torácicas após o choque; 
  5. Comprimir: 
  • FORTE (≥1∕3 do diâmetro anteroposterior do tórax, que é 4cm em bebês, 5cm em crianças e 5-6cm em adultos); 
  • RÁPIDO 100-120∕minuto; 
  • Local e forma de compressão conforme tipo de vítima: 
  • Bebê: comprimir o esterno da vítima com os dois polegares logo abaixo da linha intermamilar, mas se não conseguir envolver fisicamente o tórax com as duas mãos, recomenda-se comprimir o tórax com a base (região tenar e hipotenar) de uma das mãos; 
  • Crianças e adultos: comprimir terço inferior do esterno da vítima com a técnica das duas mãos (apoiando apenas a base da mão dominante e com a outra mão entrelaçada) com os membros superiores estendidos; 
  • Permitindo o retorno total do tórax; 
  1. Minimizar interrupções das compressões torácicas (<10 segundos); 
  2. Na Abertura de vias aéreas, fazer tração de mandíbula para todas as vítimas e , na ausência de suspeita de trauma, hiperestender a cabeça da vítima; 
  3. Na Boa ventilação, inicialmente fazer ventilação com reanimador manual e máscara cobrindo nariz e boca (sem comprimir os olhos), vedando para evitar escape de ar, jogando ar suficiente para promover apenas leve elevação torácica. Evitar hiperventilação. 
  4. Na ausência de via aérea avançada, relação de compressões para ventilações: 
  5. 30: 2  se UM socorrista independentemente da idade da vítima; 
  6. 15:2 se DOIS socorristas para bebês e crianças; 
  7. 30: 2  se DOIS socorristas para adultos; 
  8. Evitar hiperventilação; 
  9. Fazer respiração boca-a-boca-nariz em bebê e respiração boca-a-boca em crianças e adultos. Se disponível, usar reanimador manual com máscara com fração inspirada de oxigênio (FiO2) a 100%. 
  10. Mudar o socorrista compressor a cada 2 minutos ou antes se fadiga; 
  11. Checar o ritmo cardíaco a cada 2 minutos; 

Autoria

Foto de Renata Carneiro da Cruz

Renata Carneiro da Cruz

Editora médica de Pediatria da Afya ⦁ Mestre em Saúde Materno-Infantil pela UFRJ ⦁ Residência em Pediatria Geral pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) ⦁ Residência em Medicina Intensiva Pediátrica pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA) ⦁ Graduação em Medicina pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

Como você avalia este conteúdo?

Sua opinião ajudará outros médicos a encontrar conteúdos mais relevantes.

Compartilhar artigo

Referências bibliográficas

Newsletter

Aproveite o benefício de manter-se atualizado sem esforço.

Anúncio

Leia também em Pediatria