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Um trabalho americano publicado no Journal of Pediatrics no ano passado comparou qual opção de tratamento era mais custo efetivo para otite média aguda em crianças com menos de 2 anos na atenção primária. Os pesquisadores juntaram dados de outras pesquisas e separaram os pacientes em cinco grupos distintos:
- Pacientes com prescrição de amoxicilina.
- Pacientes com prescrição de amoxicilina – clavulanato.
- Pacientes com prescrição de cefdinir (cefalosporina ainda pouco usada em nosso meio).
- Conduta expectante, com retorno do paciente.
- Conduta expectante, porém com prescrição de antibiótico (amoxicilina) para que o responsável pela criança inicie o uso da medicação em um segundo momento, caso não haja melhora.
Para calcular a custo efetividade de cada conduta, foram analisados os efeitos colaterais de cada medicação, custo com visitas médicas e custo de antimicrobianos. O impacto da conduta na vida dos pacientes foi analisado de acordo com uma pontuação, que estimava a quantidade de dias vividos com boa qualidade nos trinta dias seguintes ao diagnóstico. Assim, o índice que calculava a custo efetividade era feito com a razão entre custo do tratamento e dias vividos com boa qualidade.
Complicações como mastoidites não foram consideradas, pois são muito raras e não interfeririam no resultado.
Embora mais barata, a conduta expectante também teve impacto em mais dias vivendo com pior qualidade de vida, o que deixou o índice prejudicado e fez dela uma opção ruim. Além disso, embora não houvesse custos com antimicrobianos como nas outras opções terapêuticas, houve maior custo com atendimento médico.
A conduta em que a prescrição já era deixada com os pais em um segundo momento foi considerada menos custo-efetiva, pois era associada a mais dias com menor qualidade de vida e o antibiótico geralmente era adquirido e administrado.
Entre as condutas que levavam em conta a administração imediata de antibióticos, amoxicilina e amoxicilina-clavulanato obtiveram melhor resposta na qualidade de vida do paciente que cefdinir. A resposta clínica à amoxicilina e amoxicilina-clavulanato foi parecida, o que favorece a escolha da amoxicilina como primeira linha, devido seu custo muito menor. Amoxicilina-clavulanato seria uma segunda opção.
Os autores também ressalvam ao final que esse estudo teve algumas limitações, como não terem considerado que o uso imediato de antimicrobianos pode aumentar a prevalência de bactérias resistentes. Eles também consideram que em outros cenários, como em locais em que adquirir antibiótico seja custoso ao paciente ou sistema, a conduta expectante possa ser a escolhida.
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Referências:
- A Cost-Utility Analysis of 5 Strategies for the Management of Acute Otitis Media in Children, The Journal of Pediatrics, vol 189 – outubro de 2017
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