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Pediatria1 agosto 2023

Qual o impacto da infecção pelo SARS-CoV-2 em crianças no longo prazo?

As consequências em longo prazo das infecções pelo vírus SARS-CoV-2 têm sido cada vez mais relatadas. No entanto, a prevalência desses impactos e sua relevância permanecem incertas em pediatria. Uma interessante e recente revisão sistemática teve como objetivo avaliar a prevalência e as características clínicas da covid-19 na população pediátrica global. O estudo foi publicado …

As consequências em longo prazo das infecções pelo vírus SARS-CoV-2 têm sido cada vez mais relatadas. No entanto, a prevalência desses impactos e sua relevância permanecem incertas em pediatria. Uma interessante e recente revisão sistemática teve como objetivo avaliar a prevalência e as características clínicas da covid-19 na população pediátrica global. O estudo foi publicado na Pediatrics e encontra-se sintetizado a seguir. 

vacina contra a covid-19

Métodos

Os pesquisadores avaliaram as características clínicas de longo prazo da infecção pelo SARSCoV-2 em recém-nascidos (RN), crianças e adolescentes de até 19 anos definidos como sinais, sintomas e achados laboratoriais novos, recorrentes ou persistentes que ocorrem três ou mais meses após uma infecção confirmada pelo SARS-CoV- 2. Foram pesquisadas as bases de dados PubMed, Embase, Web of Science, Cochrane Library, banco de dados WHO covid-19, Google acadêmico, medRxiv, bioRxiv e vários bancos de dados de saúde pública. Além disso, foram incluídos artigos e pré-impressões publicados de dezembro de 2019 a dezembro de 2022 que investigaram a epidemiologia e as características clínicas persistentes pelo menos três meses após a covid-19. 

Resultados 

Um total de 27 coortes e quatro estudos transversais preencheram os critérios de inclusão, somando mais de 15.000 pacientes. Os pesquisadores descreveram que 16,2% relataram experimentar um ou mais sintomas persistentes de um mínimo de 20 principais características clínicas de covid-19 longa, em um período igual ou superior a três meses. As cinco manifestações clínicas de longo prazo mais prevalentes foram: odinofagia, febre persistente, distúrbios do sono, fadiga e fraqueza muscular, seguidas de tosse, cefaleia, dispneia, dor abdominal e diarreia. Outras manifestações descritas foram (em ordem decrescente): congestão nasal, alteração de olfato e/ou paladar, dor torácica e/ou aperto no peito, outros sintomas respiratórios, perda de peso, parestesia, dor muscular, rash cutâneo, artralgia, dificuldade de concentração, depressão, zumbidos, tontura, palpitação e tremores.  

O estudo não é isento de limitações: os artigos incluídos apresentaram grande heterogeneidade devido a variações significativas na definição de “covid longa”, duração do acompanhamento e método, podendo haver não resposta e outros possíveis vieses. 

Conclusão 

Os pesquisadores observaram que menos de um quinto das crianças e adolescentes com diagnóstico confirmado de covid-19 continuam apresentando pelo menos uma característica clínica persistente além de três meses após a fase aguda da infecção e que não pode ser explicada por um diagnóstico alternativo. De fato, a covid longa em pacientes pediátricos tem sido relatada com um amplo espectro de sintomas e com grande heterogeneidade entre os estudos. No entanto, a apresentação clínica pode mudar com o tempo. Por fim, os autores do artigo concluem que há a necessidade de estudos de alta qualidade, prospectivos e bem controlados para abordar essas questões e finalizam ressaltando que a prevenção da infecção pelo SARS-CoV-2 e a vacinação de crianças e adolescentes devem continuar sendo prioridade. 

Comentários 

O estudo apresenta uma figura contendo uma boa estratégia PRISMA aplicada para a execução de revisões sistemáticas (apesar de não estar descrita claramente, preenche a abordagem da pergunta PICO [patient, intervention, comparison, outcomes]). No entanto, peca ao incluir artigos em formato preprint, isto é, que não passaram por revisões aos pares. Fora isso, já é um passo muito relevante para a literatura global para a evolução do conhecimento de complicações de longo prazo da pandemia na pediatria.  

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Referências bibliográficas

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