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A Osteoartrite de quadril é uma condição que afeta principalmente pessoas com idade avançada, com sobrepeso/obesidade, com traumas e/ou malformações ósseas e as que, por alguma condição, não produza cartilagem com as características adequadas para exercer sua função nas articulações.
Os sintomas da OA de quadril são: dores locais (virilha, coxas, joelho, nádegas), rigidez matinal ou após período longo parado, crepitações e incapacidade funcional. Há nas diretrizes atuais a indicação de injeção de corticoides intra-articulares para pacientes com quadros álgicos de moderado a grave sem resposta à analgesia oral. Porém, trata-se de um procedimento invasivo que necessita de profissional especialista para sua realização e obviamente apresenta seus riscos. Os trials que testaram a eficácia dessa estratégia mostraram bons resultados, mas de curta duração (pico de melhora dor de 1 semana com queda subsequente).
Qual o papel dos anti-inflamatórios não hormonais na osteoartrite?
Recentemente, tivemos a publicação de um trial randomizado e duplo-cego holandês, desenvolvido entre 2011 e 2014, que testou se o tratamento com corticóide IM X placebo para pacientes com OA de quadril com dores refratárias à medicação oral (analgésicos comuns e AINES). Esse trial se mostrou eficaz na redução dos sintomas.
Os 107 pacientes foram randomizados para receber ou injeção de salina (n = 54) ou 40 mg de acetato de triamcinolona (AT) (N = 53). O desfecho primário foi a graduação e tipo de dor no quadril após 2 semanas. O desfecho secundário foi rever na 4ª, 6ª e 12ª semana de seguimento o desfecho primário. Foram analisados também outros aspectos mais específicos como exames radiológicos e laboratoriais, além de questionários para rigidez e dor articular.
Resultados
Desfecho primário: houve melhora significativa na dor no quadril em repouso no grupo que recebeu AT comparado ao placebo, sem diferença na dor ao caminhar.
Desfecho secundário: na 4ª, 6ª e 12ª semana de seguimento, o grupo que recebeu AT relatou melhora na dor em repouso e ao caminhar quando comparado ao grupo placebo, inclusive com melhora da rigidez.
Não houve efeitos adversos sérios e os dois grupos apresentaram taxas similares de uso de paracetamol, AINES e/ou opioides. Os resultados de melhora sintomática foram mais evidentes entre a 4ª e a 12ª semana em vez de ser na 2ª semana.
Limitações
- Não se comparou injeção intra-articular com a injeção IM de corticóide.
- Pacientes com diabetes foram excluídos.
- O número total de pacientes foi um pouco menor que o ideal segundo a análise estatística recomendava para o modelo do trial. Muitos pacientes se negaram a participar por não querer correr o risco de ser alocado no grupo placebo, relato presente em outros trials de modelo semelhante a este. Também tiveram que ser excluídos pacientes que não haviam tomado qualquer analgésico nos três meses que anteciparam o recrutamento de pacientes apesar de sentirem dores crônicas e incapacitantes.
Conclusão
A injeção de corticóide IM para OA de quadril refratária às medicações orais parece ser uma estratégia segura e eficaz para pacientes não-diabéticos. Entretanto, mais estudos são necessários para avaliar a segurança de tal estratégia e compará-la diretamente com a injeção intra-articular.
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Referência
Desirée M J dorleijn, Intramuscular glucocorticoid injection versus placebo. injection in hip osteoarthritis: a 12-week blinded randomised controlled trial; Ann Rheum Dis. 2018 Mar 7.
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