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Lactentes febris com idade igual ou inferior a 60 dias apresentam alto risco de infecções bacterianas graves. No entanto, a maioria dos modelos preditivos para identificação de crianças febris com risco de infecção bacteriana grave no momento da admissão na emergência está desatualizada. Além disso, não é baseada em dados epidemiológicos ou inclui biomarcadores como a procalcitonina, que não está amplamente disponível em ambientes de tratamento agudo.
Modelo preditivo para identificar lactentes febris com ≤60 dias com baixo risco de infecção bacteriana invasiva
Sendo assim, com o objetivo de derivar e validar internamente um modelo de predição para identificação de lactentes febris com idade igual ou inferior a 60 dias e com baixa probabilidade de infecção bacteriana invasiva (IBI), Aronson et al. conduziram o estudo A Prediction Model to Identify Febrile Infants ≤60 Days at Low Risk of Invasive Bacterial Infection, publicado em junho na revista Pediatrics, da Academia Americana de Pediatria1.
Foi realizado um estudo caso-controle retrospectivo, incluindo crianças febris ≤ 60 dias que deram entrada nas emergências de 11 hospitais entre 1° de julho de 2011 e 30 de junho de 2016. As crianças com IBI foram definidas pelo crescimento de um patógeno no sangue (bacteremia) e/ou no líquido cefalorraquidiano (LCR) (meningite bacteriana). Estes pacientes foram pareados por hospital e data de ida à emergência a dois pacientes controle sem IBI. Foram excluídos lactentes em mal estado geral e aqueles com condições crônicas complexas. Os preditores de IBI foram identificados através de regressão logística múltipla e validados internamente com validação cruzada de 10 vezes. Um escore para IBI foi calculado.
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Foram incluídos 181 lactentes com IBI [155 (85,6%) com bacteremia sem meningite e 26 (14,4%) com meningite bacteriana] e 362 pacientes controle. Destes, 23 lactentes com IBI (12,7%) e 138 pacientes controle (38,1%) tiveram febre apenas pela história. Quatro preditores de IBI foram identificados [área sob a curva 0,83 (IC95%: 0,79-0,86)] e incorporados a um escore IBI1:
- Idade <21 dias – 1 ponto;
- Temperatura mais alta registrada no departamento de emergência (38,0-38,4°C) – 2 pontos – ou ≥ 38,5°C – 4 pontos;
- Contagem absoluta de neutrófilos ≥5185 células por μL – 2 pontos;
- Resultados anormais no exame simples de urina – 3 pontos.
A sensibilidade e especificidade de um escore ≥ 2 foram 98,8% (IC95%: 95,75-99,9%) e 31,3% (IC95%: 26,3%-36,6%), respectivamente. Todos os 26 lactentes com meningite apresentaram escores ≥ 2. Entre os pacientes com pontuação < 2, a probabilidade pós-teste de IBI foi de 0,08% (assumindo uma probabilidade pré-teste de 2%)1,2.
Considerações Finais
Portanto, o estudo conclui que lactentes ≤60 dias de idade com febre somente pela história associada a um resultado normal de exame simples de urina e a uma contagem absoluta de neutrófilos <5185 células por μL têm baixa probabilidade de IBI.
Este algoritmo proposto por Aronson et al. é o primeiro modelo preditivo para identificar lactentes febris com ≤60 dias com baixo risco de IBI a abordar crianças admitidas no pronto-socorro com febre apenas pela história (incluindo aquelas com febre em casa ou clínica, mas não na emergência). Um escore clínico confiável poderá ajudar a evitar a punção lombar e a hospitalização nesses bebês de baixo risco. Contudo, embora seja bastante promissor, precisa ser validado externamente em estudos prospectivos antes de poder ser usado na prática clínica.
Referências:
- Aronson PL et al. A prediction model to identify febrile infants ≤60 days at low risk of invasive bacterial infection. Pediatrics 2019, v.144 2019.
- Scofi JS. A Promising Clinical Score for Identifying Low-Risk Febrile Infants in the ED. 2019. Disponível em: https://www.jwatch.org/na49272/2019/06/13/promising-clinical-score-identifying-low-risk-febrile?query=etoc_jwem&jwd=000020039906&jspc=IM. Acesso em: 29 de jun. 2019.
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