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Pediatria24 maio 2024

IACAPAP: Tratamento do TEA é tema de palestra no IACAPAP

No IACAPAP 2024, palestrante ressaltou que o TEA é uma condição que dura a vida toda, sendo que as necessidades e habilidades evoluem com o tempo.

O transtorno do espectro autista (TEA) é um dos temas de grande presença no congresso anual da International Association for Child and Adolescent Psychiatry and Allied Professions (IACAPAP). O evento está sendo realizado no Rio de Janeiro de 20 a 24 de maio de 2024, sendo o primeiro congresso da IACAPAP na América Latina. No simpósio “Comprehensive insights into Autism Spectrum Disorder: clinical features, genetic etiology, and contemporary treatment approaches”, o palestrante turci Hakan Öğütlü ressaltou o  tratamento do TEA em pediatria, sintetizado a seguir: 

 

Tratamento do TEA 

  • A abordagem do tratamento requer uma estratégia multidimensional e multidisciplinar; 
  • A intervenção precoce deve ter como objetivo alcançar os melhores resultados; 
  • Os tratamentos incluem uma variedade de abordagens comportamentais, psicossociais, educacionais, médicas e complementares; 
  • As opções variam de acordo com a idade e o estágio de desenvolvimento. 

 

Terapias farmacológicas 

  • Há diferentes classes de medicamentos que visam controlar sintomas, como hiperatividade, irritabilidade, agressividade, ansiedade e comportamentos repetitivos. Esses medicamentos proporcionam alívio sintomático parcial e são usados para tratar condições comórbidas comumente associadas ao TEA; 
  • Os medicamentos são escolhidos com base nas necessidades individuais do paciente e são frequentemente usados em combinação com intervenções não farmacológicas para alcançar os melhores desfechos. 

 

Antipsicóticos atípicos 

  • Risperidona: É o primeiro antipsicótico atípico aprovado pelo Food and Drug Administration (FDA) para TEA, tendo mostrado uma redução significativa da irritabilidade, agressividade, ansiedade, depressão e comportamentos repetitivos em adultos e crianças. Os efeitos colaterais incluem ganho de peso, fadiga e tontura. 
  • Aripiprazol: É o segundo antipsicótico atípico aprovado pela FDA para TEA e reduz a irritabilidade e os comportamentos agressivos do transtorno em crianças e adolescentes. Os efeitos colaterais comuns são sedação, salivação e tremores. 
  • Olanzapina: É eficaz na redução da irritabilidade, agressividade, ansiedade e hiperatividade, mas está associada a ganho de peso significativo e a efeitos colaterais metabólicos. 
  • Quetiapina: Apresenta resultados mistos, com alguns estudos indicando baixas taxas de resposta e alta incidência de efeitos colaterais, como sedação e ganho de peso. 
  • Ziprasidona: Estudos preliminares indicam melhora na agressividade e irritabilidade com ganho mínimo de peso. 

 

Psicoestimulantes 

  • Metilfenidato: É eficaz na redução da hiperatividade e impulsividade em pacientes com TEA e TDAH comórbido. No entanto, tem efeitos limitados nos principais sintomas do autismo, como retraimento social e comportamentos repetitivos. Os efeitos colaterais podem incluir retraimento social e irritabilidade. 

 

Antidepressivos 

  • Fluoxetina: Resultados mistos na redução do comportamento repetitivo e da ansiedade; 
  • Sertralina: Estudos limitados sugerem melhora na ansiedade e irritabilidade; 
  • Citalopram: Alguns pequenos estudos mostram benefícios na redução da ansiedade e de comportamentos repetitivos; 
  • Escitalopram: Estudos preliminares indicam melhora na impulsividade e no funcionamento psicossocial, mas com efeitos colaterais notáveis; 
  • Fluvoxamina: Apresenta benefícios potenciais em adultos com TEA, mas alta incidência de efeitos colaterais em crianças. 

 

Agonistas dos receptores alfa-2-adrenérgicos 

  • Clonidina: Ajuda a reduzir a hiperexcitação e a melhorar as interações sociais. Também é usada para controlar distúrbios do sono e hiperatividade; 
  • Guanfacina: A formulação de liberação prolongada (guanfacina-ER) é eficaz na redução da hiperatividade, impulsividade e distração. Os efeitos colaterais incluem fadiga e diminuição do apetite. 

 

Terapias não farmacológicas 

Terapia social comportamental (TSC): Seu objetivo é melhorar a independência funcional e a qualidade de vida, visando a regulação emocional, habilidades sociais e comunicação. Tipos:  

  • Análise comportamental aplicada: Utiliza métodos de ensino estruturados para melhorar as habilidades linguísticas, cognitivas, sensório-motoras, as interações sociais e as habilidades da vida diária; 
  • Intervenção comportamental intensiva precoce: Aumenta o funcionamento intelectual em crianças pequenas com TEA, dividindo habilidades complexas em subcompetências simples. 

O modelo de Denver é um dos modelos de desenvolvimento que podem ser usados nesta prática. 

As intervenções-alvo neste modelo de terapia focam em habilidades cognitivas específicas, como comunicação funcional, reconhecimento de emoções e promoção da independência. 

 

Terapia cognitivo-comportamental (TCC) 

  • É altamente estruturada, tornando-a adequada para pacientes com TEA; 
  • É usada para tratar ansiedade e sintomas depressivos comórbidos, comportamentos perturbadores e alguns sintomas principais do TEA; 
  • Inclui psicoeducação, treinamento em habilidades sociais, instrução sobre autocuidado e reconhecimento e compreensão de pensamentos e sentimentos; 
  • Vários estudos e meta-análises mostraram que a TCC reduz significativamente a ansiedade e melhora as habilidades sociais. 

 

Saúde cognitiva e integrativa (SCI) 

  • Anteriormente conhecida como “medicina complementar e alternativa”, é usada juntamente com tratamentos tradicionais para tratar os sintomas do TEA; 
  • Práticas comuns de SCI incluem terapias de integração sensorial, ioga, acupuntura e massagem; 
  • A musicoterapia mostra evidências promissoras para melhorar a interação social, a comunicação verbal e a reciprocidade emocional; 
  • As evidências para SCI são variadas, sendo necessários estudos mais rigorosos. 

 

Ômega-3, vitaminas e fitoterápicos 

  • Ácidos graxos de ômega-3, vitaminas (A, C, D, E, B6, B12) e medicamentos fitoterápicos (Gingko biloba, gengibre) são usados para melhorar a saúde geral e controlar os sintomas do TEA; 
  • Alguns estudos sugerem benefícios, mas são necessários mais ensaios clínicos para confirmar a sua eficácia no tratamento dos sintomas do TEA. 

 

Intervenções dietéticas 

  • Dietas sem glúten ou sem caseína: Podem ajudar a controlar os sintomas gastrointestinais e melhorar o comportamento; 
  • Dietas cetogênicas e com carboidratos específicos: usadas para tratar problemas metabólicos e digestivos. 

Essas dietas podem melhorar a saúde geral, mas não tratam diretamente os principais sintomas do TEA. 

 

Ocitocina e vasopressina 

  • Ocitocina (OT): A administração intranasal aguda e repetida de OT mostrou potencial na redução de comportamentos repetitivos e na melhoria da cognição social. A administração intranasal de OT é segura, mas apresenta resultados mistos em benefícios em longo prazo; 
  • Vasopressina: A vasopressina via antagonistas de receptores, como o balovaptano, mostra-se promissora na melhoria das interações sociais e da comunicação em pacientes com TEA. 

O palestrante ressaltou que o TEA é uma condição que dura a vida toda, sendo que as necessidades e habilidades evoluem com o tempo. Dessa forma, adaptação e apoio contínuos são necessários para enfrentar desafios e objetivos em mudança. Por fim, com intervenções apropriadas, muitos indivíduos com TEA levam uma vida plena, alcançando vários graus de independência e integração social. 

 

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