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Pediatria27 maio 2024

IACAPAP 2024: Discussões sobre a síndrome de Tourette 

Apresentação mostrou resultados de estudos sobre síndrome de Tourette em crianças e adolescentes

A síndrome de Tourette (ou “síndrome de Gilles de la Tourette”) foi um dos temas abordados no quarto dia do IACAPAP 2024 pela psiquiatra e pesquisadora Valsamma Eapen (Austrália). A Dra. Eapen mostrou resultados de alguns de seus estudos sobre o tema.  

IACAPAP 2024 Discussões sobre a síndrome de Tourette 

Síndrome de Tourette (Eapen et al., 2017) 

A síndrome de Tourette (ST) é um transtorno do neurodesenvolvimento que surge na infância e é marcado pela presença de múltiplos tiques motores e vocais. Esses tiques geralmente aparecem antes dos 10 anos, seguem um curso variável de aumento e diminuição, e tendem a melhorar com o passar dos anos. 

Em 90% dos pacientes, a ST é acompanhada por condições comórbidas ou coexistentes. Exemplos: 

  • Transtorno obsessivo-compulsivo (TOC); 
  • Comportamento obsessivo-compulsivo; 
  • Transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH);  
  • Transtorno do espectro do autismo (TEA), em alguns casos); 
  • Etiologia genética compartilhada:  
    • Enxaqueca — consideravelmente mais frequente na ST do que na população em geral e em várias populações de controle, com evidências interessantes de uma.  
  • Sem uma etiologia compartilhada:  
    • Depressão; 
    • Ansiedade não relacionada ao TOC; 
    • Ansiedade de separação; 
    • Explosões impulsivas de raiva; 
    • Transtornos de arrancar cabelos e cutucar a pele; 
    • Abuso de substâncias; 
    • Transtorno de conduta; 
    • Transtorno desafiador de oposição; 
    • Transtornos de personalidade; 
    • Transtornos de aprendizagem. 

Fluxograma para o manejo da ST (Eapen et al., 2017) 

Na suspeita de ST, o diagnóstico deve ser confirmado considerando outros transtornos de tiques e realizando as investigações indicadas.  

  • Suspeita de ST: iniciar psicoeducação; 
  • Se há tiques, mas sem indicação de tratamento, o paciente deve ser monitorado; 
  • Se há tiques e o paciente apresenta comorbidades com tratamento prioritário, estas comorbidades devem ser tratadas; 
  • Se há indicação para o tratamento de tiques, este deve ser feito, de preferência (e se houver disponibilidade), por terapia comportamental (terapia de reversão de hábitos, intervenção comportamental abrangente para tiques, exposição e prevenção de resposta). Se os tiques ainda estiverem com indicação de tratamento, devem ser avaliados: combinação de farmacoterapia e terapia comportamental e/ou farmacoterapia combinada com diferentes agentes. Se os tiques ainda estiverem com indicação de tratamento, deve, ser consideradas terapias alternativas em centros especializados (estimulação cerebral profunda, canabinoides e toxina botulínica, entre outros); 
  • Se há indicação para o tratamento de tiques, com preferência para tratamento farmacológico, a farmacoterapia deve ser iniciada.  

Em suma: Se os sintomas não forem angustiantes e/ou não causarem disfunção, é recomendada a terapia de suporte, como a psicoeducação. No caso de sintomas angustiantes, devem ser aplicadas intervenções farmacológicas ou não farmacológicas. No entanto, se houver comorbidades mais incapacitantes que a ST, essas devem ser priorizadas no tratamento. Mesmo com o sucesso do tratamento, o monitoramento contínuo permanece essencial. 

Tratamento (Eapen et al., 2022) 

  • Explicar, tranquilizar e fornecer psicoeducação aos pais, professores e colegas; 
  • Consultar grupos de apoio à ST; 
  • Tratamento não farmacológico:  
    • Terapia cognitivo-comportamental (TCC); 
    • Terapia de reversão de hábitos; 
    • Exposição e prevenção de resposta; 
    • Apoio à aprendizagem e à sala de aula. 
  • Tratamento de comorbidades: 
    • TOC: TCC e inibidores seletivos de recaptação da serotonina; 
    • TDAH: clonidina e guanfacina podem auxiliar nos tics e no TDAH; estimulantes; atomoxetina.  
  • Farmacoterapia:  
    • Alfa-adrenérgicos (clonidina, guanfacina); 
    • Antipsicóticos de segunda geração (risperidona, aripiprazol); 
    • Benzamidas (tiaprida, sulpirida); 
    • Antipsicóticos de primeira geração (haloperidol, pimozida); 
    • Outros agentes: injeção de toxina botulínica; canabinoides; 
    • Tiques graves refratários: estimulação cerebral profunda. 

Impacto da síndrome de Tourette na qualidade de vida dos pacientes (Eapen et al., 2017) 

A ST afeta crianças, adolescentes e adultos globalmente e tem efeitos profundos na qualidade de vida (QV), juntamente com suas comorbidades, durante toda a vivência do indivíduo. A QV é acometida em diversos domínios, influenciados por tiques e outras comorbidades associadas à ST: 

  • Impactos psicológicos; 
  • Impactos obsessivos; 
  • Impactos físicos; 
  • Impactos na escola e/ou no trabalho; 
  • Impactos cognitivos. 

 Confira os destaques do IACAPAP 2024! 

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