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Pediatria27 julho 2025

FDA aprova genipina, um corante azul gardênia

FDA aprova genipina, corante azul natural, para uso em alimentos. Iniciativa reforça transição para aditivos menos artificiais.

Em 14 de julho de 2025, o órgão americano Food and Drug Administration (FDA) anunciou que deferiu a petição do Gardenia Blue Interest Group (GBIG) para a utilização da genipina, um corante azul gardênia, em diversos alimentos, em níveis consistentes com as boas práticas de fabricação.   

A genipina é derivada do fruto da gardênia, uma planta perene com flores. O FDA aprovou o corante para uso em água saborizada sem gás ou enriquecida, bebidas esportivas, sucos e bebidas de frutas, chás prontos para beber, doces e balas. Nos últimos dois meses, é o quarto corante derivado de fontes naturais aprovado pela instituição. Os outros três corantes derivados de fontes naturais aprovados em maio de 2025 foram:  

  • Extrato de flor de ervilha-borboleta: trata-se de um corante azul que pode ser usado para obter uma gama de tons, incluindo azuis brilhantes, verdes naturais e roxo intenso. 
  • Extrato de galdiéria azul: é um corante azul derivado da alga vermelha unicelular Galdieria sulphuraria; 
  • Fosfato de cálcio: consiste em um pó branco. 

É importante destacar que, conforme divulgado no site do FDA e segundo a seção 721 da lei federal americana de alimentos, medicamentos e cosméticos, os corantes devem ser aprovados pelo FDA antes de serem usados em produtos alimentares.  A determinação se um aditivo corante é seguro para consumo considera a exposição alimentar humana projetada ao aditivo corante, os dados toxicológicos e outras informações relevantes, como literatura publicada. A partir da aprovação do corante pelo FDA, qualquer fabricante pode usá-lo seguindo as normas de utilização. Segundo o comunicado do FDA, desde abril, quando o secretário Robert Kennedy anunciou uma série de medidas para trabalhar com a indústria na eliminação gradual de corantes sintéticos à base de petróleo em alimentos, cerca de 40% da indústria alimentícia se comprometeu com uma eliminação voluntária desses corantes. 

Além da aprovação da genipina, o FDA também anunciou, no mesmo dia, que enviou uma carta aos fabricantes incentivando-os a acelerar a eliminação gradual do FD&C Vermelho nº 3 em alimentos, incluindo suplementos alimentares, antes de 15 de janeiro, sendo que o prazo obrigatório é até 2027.  

Comentários 

Considero bastante pertinente a proposta de substituir, nos alimentos, o uso de corantes artificiais derivados do petróleo, como a eritrosina (conhecida também como FD&C Vermelho nº 3) por opções de origem vegetal, como a genipina. É bastante provável que a genipina traga menos efeitos adversos para a saúde em longo prazo, por ser natural. No entanto, ainda penso que há necessidade de mais pesquisas para avaliar os efeitos em longo prazo deste aditivo corante. É extremamente relevante refletir sobre o propósito da utilização de corantes nos alimentos, que se destina a torná-los, de fato, mais atrativos visualmente. No contexto da alimentação infantil, cabe questionar se há, de fato, necessidade de adicionar corantes aos alimentos. Em minha experiência pessoal, vivenciei episódios de urticária na infância relacionados a corantes alimentares. Como pediatra, defendo a promoção de uma alimentação baseada em alimentos in natura e minimamente processados, em detrimento dos ultraprocessados. Atualmente, sabemos que a prevenção de doenças e a promoção de saúde para o futuro adulto têm início ainda na infância, sendo papel fundamental do pediatra dialogar abertamente com as famílias sobre os prejuízos que o consumo de alimentos ultraprocessados pode acarretar tanto no curto quanto no longo prazo. 

Autoria

Foto de Roberta Esteves Vieira de Castro

Roberta Esteves Vieira de Castro

Graduada em Medicina pela Faculdade de Medicina de Valença ⦁ Residência médica em Pediatria pelo Hospital Federal Cardoso Fontes ⦁ Residência médica em Medicina Intensiva Pediátrica pelo Hospital dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro. Mestra em Saúde Materno-Infantil (UFF) ⦁ Doutora em Medicina (UERJ) ⦁ Aperfeiçoamento em neurointensivismo (IDOR) ⦁ Médica da Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica (UTIP) do Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE) da UERJ ⦁ Professora adjunta de pediatria do curso de Medicina da Fundação Técnico-Educacional Souza Marques ⦁ Membro da Rede Brasileira de Pesquisa em Pediatria do IDOR no Rio de Janeiro ⦁ Acompanhou as UTI Pediátrica e Cardíaca do Hospital for Sick Children (Sick Kids) em Toronto, Canadá, supervisionada pelo Dr. Peter Cox ⦁ Membro da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB) ⦁ Membro do comitê de sedação, analgesia e delirium da AMIB e da Sociedade Latino-Americana de Cuidados Intensivos Pediátricos (SLACIP) ⦁ Membro da diretoria da American Delirium Society (ADS) ⦁ Coordenadora e cofundadora do Latin American Delirium Special Interest Group (LADIG) ⦁ Membro de apoio da Society for Pediatric Sedation (SPS) ⦁ Consultora de sono infantil e de amamentação ⦁ Instagram: @draroberta_pediatra

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