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Pediatria6 fevereiro 2020

Existe relação entre depressão materna e dermatite atópica em crianças?

Pesquisadores encontraram uma associação entre a depressão materna pós-parto e o risco de desenvolver dermatite atópica (DA) em crianças e adolescentes.

Pesquisadores do departamento de Dermatologia da George Washington University School of Medicine, nos Estados Unidos, encontraram uma associação entre a depressão materna pós-parto e o risco de desenvolver dermatite atópica (DA) em crianças e adolescentes. O estudo Maternal Depression and Atopic Dermatitis in American Children and Adolescents foi publicado na última edição da revista Dermatitis.

Depressão materna e dermatite em crianças

Os autores Costner McKenzie e Jonathan Silverberg analisaram dados obtidos do Fragile Families and Child Wellbeing Study (FFCWS), um estudo de coorte prospectivo que incluiu 4898 crianças nascidas em 20 cidades metropolitanas americanas. O FFCWS incluiu entrevistas pessoais ao nascimento de cada criança (entre 1998 e 2000) e entrevistas telefônicas de acompanhamento com mães, pais, cuidadores primários e/ou crianças com idades de 1, 3, 5, 9 e 15 anos.

Os resultados da pesquisa rendem estimativas representativas das crianças urbanas americanas. O FFCWS foi conduzido como um esforço cooperativo do Princeton University’s Center for Research on Child Wellbeing and Center for Health and Wellbeing, do National Center for Children and Families, e do Columbia Population Research Center.

  • A história de um ano de DA foi determinada com base na resposta positiva do cuidador à pergunta “Nos últimos 12 meses, a criança teve eczema ou alergia cutânea?” avaliada nas idades de 5, 9 e 15 anos. A persistência da DA foi definida pelo número de anos em que ela foi relatada;
  • O histórico de asma foi determinado pela resposta positiva do cuidador a “Um médico ou profissional de saúde já lhe disse que a criança tem asma?”, avaliada nas idades de 5, 9 e 15 anos;
  • A perturbação do sono foi determinada pela resposta do cuidador a “Você diria que: não é verdade, até onde eu sei, às vezes é verdade ou frequentemente é verdade para: a criança tem problemas para dormir?” aos 5, 9 e 15 anos. As respostas “às vezes é verdade” ou “frequentemente é verdade” foram consideradas positivas;
  • Na entrevista de acompanhamento de 1 ano, a história de depressão pós-parto foi determinada pela resposta positiva da mãe a: “Nos últimos 12 meses, houve um momento em que você se sentiu triste, melancólica ou deprimida por 2 ou mais semanas seguidas? ”Nas entrevistas de acompanhamento de 5, 9 e 15 anos, a história de 1 ano de depressão materna ou paterna foi determinada pela resposta positiva da mãe ou do pai a“ Nos últimos 12 meses, houve algum momento em que você se sentiu triste, melancólico (a) ou deprimido (a) por duas ou mais semanas seguidas?”.

Leia também: Dermatite Atópica: apresentação clínica e abordagem

Resultados

Os pesquisadores descreveram os seguintes achados:

  • A história de depressão pós-parto foi associada à DA na infância em geral [regressão logística multivariável; odds ratio ajustada (aOR), 1,32; intervalo de confiança de 95% (IC95%), 1,06-1,64], particularmente aos 5 anos (aOR, 1,34; 95% IC 1,04-1,73) e 9 anos (aOR, 1,37; IC95% 1,10-1,70);
  • A depressão pós-parto foi associada a DA mais persistente (presente em 2 anos: aOR, 1,58; IC95%, 1,12–2,22; 3 anos: aOR, 1,73; IC95%, 1,15–2,60);
  • A depressão materna no ano anterior foi associada a chances significativamente maiores de DA aos 5 anos (aOR, 1,54; IC95%, 1,20–1,99), 9 anos (aOR, 1,36; IC95%, 1,10–1,71) e 15 anos (aOR, 1,43; IC95%, 1,13–1,80);
  • A depressão materna foi associada a maiores chances de DA durante 1 ano (aOR, 1,50; IC95%, 1,16–1,94), 2 anos (aOR, 1,60; IC95%, 1,16–2,19) ou nos 3 anos de entrevistas (aOR , 1,61; IC95%, 1,06-2,45).

Conclusão

Os pesquisadores concluíram que, nesse estudo, a depressão pós-parto e a depressão materna mais tardia na infância estão associadas ao aumento da DA e à sua persistência, ao aumento da asma e/ou dos distúrbios do sono.

Mais da autora: Dermatite de fraldas em crianças: como fazer prevenção e tratamento?

Para McKenzie e Silverberg, esses achados clinicamente relevantes devem levar a uma investigação mais aprofundada para o uso de ferramentas de triagem e intervenções que possam atenuar o risco de DA em crianças cujas mães têm depressão. No entanto, os autores destacam que pesquisas futuras são necessárias para confirmar essas associações, determinar seus mecanismos subjacentes e identificar estratégias de prevenção apropriadas.

Referência bibliográfica:

  • MCKENZIE, C.; SILVERBERG, J. I. Maternal Depression and Atopic Dermatitis in American Children and Adolescents. Dermatitis, v.31, n.1, p.75-80, 2020

Autoria

Foto de Roberta Esteves Vieira de Castro

Roberta Esteves Vieira de Castro

Graduada em Medicina pela Faculdade de Medicina de Valença ⦁ Residência médica em Pediatria pelo Hospital Federal Cardoso Fontes ⦁ Residência médica em Medicina Intensiva Pediátrica pelo Hospital dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro. Mestra em Saúde Materno-Infantil (UFF) ⦁ Doutora em Medicina (UERJ) ⦁ Aperfeiçoamento em neurointensivismo (IDOR) ⦁ Médica da Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica (UTIP) do Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE) da UERJ ⦁ Professora adjunta de pediatria do curso de Medicina da Fundação Técnico-Educacional Souza Marques ⦁ Membro da Rede Brasileira de Pesquisa em Pediatria do IDOR no Rio de Janeiro ⦁ Acompanhou as UTI Pediátrica e Cardíaca do Hospital for Sick Children (Sick Kids) em Toronto, Canadá, supervisionada pelo Dr. Peter Cox ⦁ Membro da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB) ⦁ Membro do comitê de sedação, analgesia e delirium da AMIB e da Sociedade Latino-Americana de Cuidados Intensivos Pediátricos (SLACIP) ⦁ Membro da diretoria da American Delirium Society (ADS) ⦁ Coordenadora e cofundadora do Latin American Delirium Special Interest Group (LADIG) ⦁ Membro de apoio da Society for Pediatric Sedation (SPS) ⦁ Consultora de sono infantil e de amamentação ⦁ Instagram: @draroberta_pediatra

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