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Pediatria6 dezembro 2023

Existe associação entre tratamento para infertilidade e TEA?

Estudo de coorte avaliou a associação entre infertilidade e seus tratamentos no risco de transtorno do espectro autista (TEA).

Fatores metabólicos e inflamatórios maternos (como síndrome dos ovários policísticos [SOP], endometriose e obesidade), bem como alterações epigenéticas da prole, foram implicados na patogênese do transtorno do espectro autista (TEA). Além disso, foram encontradas alterações epigenéticas em filhos de mulheres com antecedente prolongado de infertilidade, e também naqueles concebidos por injeção intracitoplasmática de esperma (ICSI), cuja principal indicação é a infertilidade masculina. Possíveis fatores mecanísticos para alterações epigenéticas após fertilização in vitro (FIV) ou ICSI incluem o meio de cultura do embrião e a manipulação do ovócito e do esperma durante a (ICSI).

Ouça também: Consulta pré-concepcional e propedêutica mínima da infertilidade [podcast]

Um artigo publicado no JAMA Network avaliou a associação entre infertilidade e seus tratamentos no risco de TEA e o efeito mediador de desfechos adversos selecionados da gravidez nessa associação.

Existe associação entre tratamento para infertilidade e TEA

Metodologia

Foi realizado um estudo de coorte de base populacional na província de Ontário, Canadá. Os participantes eram todos nascidos vivos únicos e multifetais com 24 ou mais semanas de idade gestacional e as mães tinham idades entre 18 e 55 anos. Foram excluídas gestações substitutas, gravidez que terminou em aborto induzido, óbito infantil antes dos 18 meses de idade e participantes com registros incompletos. O desfecho do estudo foi o diagnóstico de TEA aos 18 meses ou mais.

A exposição foi o modo de concepção:

  1. Concepção não assistida;
  2. Infertilidade sem tratamento (subfertilidade);
  3. Indução da ovulação (IO) ou inseminação intrauterina (IUI); ou
  4. FIV ou ICSI.

Os dados foram coletados de 2006 a 2018 e analisados de outubro de 2022 a outubro de 2023.

Resultados

Foram incluídos 1.370.152 bebês, sendo 703.407 (51,3%) do sexo masculino, e que foram acompanhados por uma mediana de 8,1 anos, começando aos 18 meses.

De um modo geral:

  • Concepção não assistida: 86,5% das mulheres (idade média: 30,1 anos);
  • Subfertilidade parental: 10,3% (idade média: 33,3 anos);
  • IO ou IUI: 1,5% (idade média, 33,1 anos);
  • FIV ou ICSI: 1,7% (idade média de 35,8 anos).

O diagnóstico de TEA foi feito em 1,6% das crianças e a

  • Concepção não assistida: 1,6%;
  • Subfertilidade parental: 2%;
  • IO ou IUI: 1,5% (idade média, 33,1 anos): 2%;
  • FIV ou ICSI: 1,7% (idade média de 35,8 anos): 1,9%.

A taxa de incidência (por 1.000 pessoas/ano) de TEA encontrada foi de 1,9 entre crianças no grupo de concepção não assistida, 2,5 no grupo de subfertilidade e 2,7 após tratamento de fertilidade. Houve um risco ligeiramente maior de TEA em crianças nascidas de indivíduos com infertilidade, o que pode ser parcialmente mediado por fatores obstétricos e neonatais. De acordo com os pesquisadores, após FIV ou ICSI, a proporção mediada por parto cesáreo foi de 29%, a gravidez multifetal foi de 78%, o nascimento prematuro foi de 50% e a morbidade neonatal grave foi de 25%.

Saiba mais: Tratamentos para infertilidade e os surtos em pacientes com esclerose múltipla

Conclusão

O estudo mostrou que houve um risco ligeiramente maior de TEA em bebês filhos de um indivíduo com infertilidade independente do tratamento, que pareceu parcialmente mediado por certos desfechos adversos da gravidez. Os pesquisadores destacaram que os esforços para diminuir a gravidez multifetal após OI ou IUI e FIV devem continuar a ser reforçados, juntamente com o desenvolvimento de planos de cuidados de gestação focados, tanto para indivíduos com subfertilidade como para aqueles que recebem tratamento de fertilidade.

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Referências bibliográficas

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