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Um trabalho bastante interessante mostrado no EuroElso 2019, de autoria de Biryukov e colaboradores, analisou retrospectivamente a literatura de pacientes que receberam oxigenação por membrana extracorpórea (extracorporeal membrane oxygenation – ECMO) venoarterial (VA) durante cirurgias para correção de estenose traqueal congênita.
Foram avaliados dados de 37 crianças. Houve dois tipos de canulação nestes pacientes: periférica (artéria carótida comum e veia jugular interna) e central (aorta e átrio direito). As cirurgias foram como se segue: traqueoplastia de deslizamento, reimplante de artéria pulmonar e reimplante de artéria subclávia direita. A idade dos pacientes variou de 15 dias a 12 anos. Dois pacientes (5,4%) morreram no período pós-operatório e 35 crianças (94,5%) receberam alta hospitalar.
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A duração média da ECMO foi de 126 minutos (mínimo de 72 e máximo de 142 minutos). Todos os pacientes foram decanulados no centro cirúrgico. O tempo médio de ventilação mecânica foi de 9,4 dias e o tempo médio de internação hospitalar foi de 36 dias. Houve sangramento relacionado a heparinização em apenas um pacientes, resultando em reabertura do esterno.
Os autores concluíram que a ECMO realizada durante o período intraoperatório permitiu a sobrevivência de praticamente 95% dos pacientes com estenose traqueal congênita. A estenose traqueal congênita é uma malformação rara e potencialmente letal, e que engloba diversas entidades patogenicamente distintas, porém associadas a uma diminuição do calibre da via aérea. Antes do advento da ECMO neste tipo de cirurgia, a taxa de sobrevivência destes pacientes era extremamente baixa (segundo os autores, em torno de 5%).
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Referências:
- BIRYUKOV, P. et al. Intraoperative extracorporeal membrane oxygenation in children with tracheal stenosis. Perfusion, v.34, n.1S, p.236-237, 2019.
- TERRA, R. M. et al . Tratamento cirúrgico das estenoses traqueais congênitas. Jornal Brasileiro de Pneumologia, v.35, n.6, p.515-520, 2009.
Autoria

Roberta Esteves Vieira de Castro
Graduada em Medicina pela Faculdade de Medicina de Valença ⦁ Residência médica em Pediatria pelo Hospital Federal Cardoso Fontes ⦁ Residência médica em Medicina Intensiva Pediátrica pelo Hospital dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro. Mestra em Saúde Materno-Infantil (UFF) ⦁ Doutora em Medicina (UERJ) ⦁ Aperfeiçoamento em neurointensivismo (IDOR) ⦁ Médica da Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica (UTIP) do Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE) da UERJ ⦁ Professora adjunta de pediatria do curso de Medicina da Fundação Técnico-Educacional Souza Marques ⦁ Membro da Rede Brasileira de Pesquisa em Pediatria do IDOR no Rio de Janeiro ⦁ Acompanhou as UTI Pediátrica e Cardíaca do Hospital for Sick Children (Sick Kids) em Toronto, Canadá, supervisionada pelo Dr. Peter Cox ⦁ Membro da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB) ⦁ Membro do comitê de sedação, analgesia e delirium da AMIB e da Sociedade Latino-Americana de Cuidados Intensivos Pediátricos (SLACIP) ⦁ Membro da diretoria da American Delirium Society (ADS) ⦁ Coordenadora e cofundadora do Latin American Delirium Special Interest Group (LADIG) ⦁ Membro de apoio da Society for Pediatric Sedation (SPS) ⦁ Consultora de sono infantil e de amamentação ⦁ Instagram: @draroberta_pediatra
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