Os distúrbios gastrointestinais funcionais são comuns na população pediátrica e são definidos com base nos critérios de Roma IV. De acordo com estes mesmos critérios, cerca de 21% dos pacientes pediátricos têm diagnóstico de algum distúrbio funcional, como a dor abdominal funcional e a cólica do lactente, por exemplo. Estudos prévios já evidenciaram a relação entre doenças alergias e os problemas gastrointestinais, porém os dados são limitados e mais elucidações são necessárias.
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Diante disso, Braccio e colaboradores, do Reino Unido realizaram um estudo, apresentado ESPGHAN 2023, com objetivo de investigar a prevalência de sintomas gastrointestinais em crianças com doenças alérgicas e na população pediátrica em geral. Além disso, também objetivou avaliar e descrever o fenótipo gastrointestinal de crianças com doenças alérgicas e explorar a qualidade de vida de crianças com doenças alérgicas relacionadas à presença de sintomas gastrointestinais.
Para realizar o estudo, eles coletaram dados a partir de um questionário clínico eletrônico anônimo, explorando diversas variáveis clínicas, como o histórico de alergia, sintomas gastrointestinais, história alimentar e a qualidade de vida dos pacientes em relação à presença dos sintomas. Apesar das limitações em relação à forma com que o estudo foi executado, dentre os resultados, temos os seguintes achados:
- Diarréia e dor abdominal são significativamente mais prevalentes entre crianças com alergias em comparação com a população pediátrica em geral;
- Os pais de crianças alérgicas relataram preocupações com o crescimento, alimentação e desmame e problemas como recusa alimentar, dor de estômago, medo de comer, correr para o banheiro, engasgar-se e sentir-se inchado;
- Os sintomas gastrointestinais afetam a qualidade de vida dessas crianças, com grande impacto em suas atividades diárias, sono e humor.
Com um desenho de estudo frágil, os autores concluíram que os distúrbios gastrointestinais funcionais são possivelmente mais comuns em crianças com alergias e afetam sua qualidade de vida de forma mais expressiva. Esse estudo preliminar fomenta a discussão sobre essa associação e retrata a dificuldade diária do manejo de tais pacientes, com queixas múltiplas e com correlação nem sempre tão clara.
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