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Pediatria22 julho 2025

Especialistas abordam preocupações nutricionais em crianças vegetarianas

Publicação refletiu sobre a prática de especialistas com relação às questões nutricionais e de crescimento em crianças com dieta vegetariana

Recentemente, em julho de 2025, o periódico The Journal of Pediatric Gastroenterology and Nutrition (JPGN) da European Society for Pediatric Gastroenterology, Hepatology, and Nutrition and North American Society for Pediatric Gastroenterology, Hepatology, and Nutrition (ESPGHAN) publicou um artigo refletindo a prática de alguns especialistas com relação às questões nutricionais e de crescimento em crianças com dieta vegetariana.  A publicação dos pesquisadores Puri e colaboradores descreve as definições de diferentes subtipos de dietas vegetarianas e aborda, de forma bastante didática, os riscos e recomendações nutricionais para um fornecimento adequado nessa população. De fato, a prevalência exata de crianças que adotam a dieta vegetariana é difícil de determinar, devido às diferentes definições na coleta de dados. Entretanto, em geral, a literatura descreve uma prevalência crescente globalmente. Ademais, embora tenham se tornado populares devido aos seus benefícios relacionados à preservação do meio ambiente, elas representam desafios nutricionais devido ao risco de deficiências calóricas e/ou nutricionais que podem afetar a saúde ou o crescimento de crianças e adolescentes. 

Definições 

A dieta vegetariana possui diferentes definições baseadas em aspectos culturais, regionais e socioeconômicos: 

  • Vegano: dieta feita estritamente à base de plantas, excluindo todos os produtos de origem animal; 
  • Lactovegetariano: dieta que exclui produtos de origem animal, com exceção de laticínios; 
  • Ovo-vegetariano: dieta que exclui produtos de origem animal, exceto ovos; 
  • Lacto-ovo-vegetariano: dieta que exclui produtos de origem animal, exceto laticínios e ovos; 
  • Pescetarianismo: dieta que exclui produtos de origem animal, exceto frutos do mar/peixes. Esta dieta pode incluir laticínios e ovos; 
  • Flexitarianismo: dieta que inclui, ocasionalmente, alimentos à base de carne com ingestão regular de outros produtos de origem animal, como laticínios, ovos e mel. 

Leia mais: Estudo mostra que uma dieta vegetariana foi associada a maiores chances de baixo peso em crianças

RISCOS NUTRICIONAIS E RECOMENDAÇÕES PARA UM FORNECIMENTO ADEQUADO EM DIETAS VEGETARIANAS E VEGANAS 

Ácidos graxos poli-insaturados ômega-3 

Há uma redução da ingestão desses nutrientes, devendo ser feita suplementação alimentar com óleos de semente de chia, linhaça, nozes, colza/canola, abacate, EPA e DHA derivados de algas. Pescetarianos podem optar por consumir óleos de crustáceos/peixes. 

Cálcio 

A ingestão de cálcio é insuficiente se forem evitados os laticínios. Recomendam-se: 

  • Alimentos ricos em cálcio: amêndoas, aveia, brócolis, feijão, laranjas, soja; 
  • Alternativas ao leite: leite de amêndoa fortificado, leite de aveia fortificado, leite de ervilha fortificado, leite de soja fortificado, sucos de frutas fortificados com cálcio. 

Ferro 

Com relação ao ferro, há dados conflitantes sobre o risco de deficiência em comparação com crianças onívoras. Recomenda-se o consumo de: 

  • Alimentos ricos em ferro: castanha de caju, cereais matinais fortificados, espinafre, feijão, lentilha, pistache, tofu; 
  • Fontes ovo-lacto-vegetarianas: ovos; 
  • Fontes de pescado: atum e sardinhas; 
  • Orientações devem ser fornecidas para evitar o consumo excessivo de inibidores da absorção de ferro, como fitatos, ácidos oxálicos e alimentos que contêm cálcio: 
  • Fitatos: acelga, amendoim, aspargos, chocolate, espinafre, feijão-branco, feijão-carioca, soja; 
  • Ácido oxálico: batata, beterraba, café, chá, chocolate, espinafre, framboesa, inhame, soja/missô, tofu. 

Proteínas 

Os dados sugerem uma ingestão proteica menor, mas adequada. No entanto, a distribuição do perfil de aminoácidos é menos otimizada do que a da proteína animal. Recomendam-se: 

  • Proteínas vegetais variadas: grãos de trigo, iogurtes, kamut, leguminosas, leite com proteína de ervilha, leite de aveia, leite de soja, nozes/manteigas de nozes, quinoa, tempeh, tofu, vegetais; 
  • Fontes ovo-lacto-vegetarianas: queijo, queijo cottage, iogurte, leite, ovos; 
  • Fontes pesqueiras: crustáceos, moluscos, peixes. 

Vitamina B12 

O risco de deficiência é maior em dietas veganas e há uma possível deficiência em bebês amamentados. Dessa forma, mães vegetarianas/veganas que amamentam devem tomar suplementos específicos de B12. Com relação à suplementação de B12 para crianças vegetarianas/veganas, recomendam-se: 

  • Fontes ovo-lacto-vegetarianas: queijo, queijo cottage, iogurte, leite, ovos; 
  • Fontes pesqueiras: crustáceos, moluscos, peixes; 
  • Fontes veganas: cereais fortificados, levedura nutricional, marmite, tempeh. 

Vitamina D 

Dados conflitantes sobre o risco de deficiência em comparação com crianças onívoras. Recomendam-se: 

  • Alternativas ao leite: leite de amêndoa fortificado, leite de aveia fortificado, leite de ervilha fortificado, leite de soja fortificado, cogumelos; 
  • Fontes ovo-lacto-vegetarianas: gemas de ovos, leite de vaca fortificado com vitamina D. 

Comentários 

O artigo destaca a necessidade de se conduzir, com cautela, uma dieta vegetariana/vegana com cautela para evitar deficiências nutricionais na faixa etária pediátrica. De fato, a preocupação da baixa ingestão de determinados nutrientes, essas dietas podem ser completas e seguras quando uma atenção especial é dada com relação à diversificação alimentar. Dessa forma, recomenda-se um acompanhamento adequado com o pediatra e com um nutricionista especializado nessa abordagem.   

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Referências bibliográficas

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