Crianças podem se beneficiar de treinos de resistência?
De acordo com a Academia Americana de Pediatria, crianças de todas as idades podem se beneficiar de treinos de resistência sob supervisão adequada.
De acordo com recentes orientações da Academia Americana de Pediatria (American Academy of Pediatrics – AAP), crianças de todas as idades podem se beneficiar de treinos de resistência se estiverem sob supervisão adequada. Essas recomendações foram publicadas no jornal Pediatrics.
Treinos de resistência na atualidade
Segundo a AAP, os treinos de resistência estão se tornando cada vez mais importantes como parte integrante de regimes esportivos abrangentes, aulas de educação física escolar e programas de condicionamento físico após as aulas. O interesse no tema também tem aumentado diante do crescente número de jovens envolvidos em atividades esportivas, junto aos problemas de saúde por inatividade e excesso de peso. Além disso, os declínios de aptidão muscular da juventude moderna destacam a necessidade de participação no treino de resistência juvenil, tanto de não atletas quanto de atletas. Por fim, os pais geralmente pedem aos pediatras que ofereçam conselhos sobre segurança, benefícios e implementação de um programa eficaz de treino de resistência.
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A Academia destaca que os benefícios dos treinos de resistência incluem:
- Benefícios de performance: Embora o aumento de força muscular seja frequentemente um objetivo principal, outros benefícios podem ser obtidos. Melhorias no desempenho das habilidades motoras, ganhos de velocidade e potência, alfabetização física, redução do risco de lesões e promoção de reabilitação de lesões são alguns;
- Benefícios na saúde: Além de aumentar a força e a resistência muscular, os treinos de resistência demonstraram produzir muitos benefícios para a saúde. Melhorias no sistema cardiovascular, na composição corporal, na densidade mineral óssea, nos perfis lipídicos no sangue, na sensibilidade à insulina em jovens com sobrepeso, no aumento da resistência a lesões e na saúde mental, entre outros.
Em síntese, as recomendações da AAP são:
- Uma consulta com um médico deve ser feita antes de se iniciar um programa de treino de resistência em jovens com hipertensão não controlada, distúrbios convulsivos não controlados, condições cardiovasculares específicas ou histórico de tratamento com um quimioterápico da classe das antraciclinas;
- Se a criança for portadora de doença cardíaca congênita complexa, um cardiologista pediátrico deve ser consultado. Para que assim sejam obtidas orientações sobre segurança ou possíveis modificações no treino de resistência;
- Os treinos aeróbico e de resistência devem ser integrados ao desenvolvimento apropriado (treino neuromuscular adaptativo) para criar um programa abrangente de condicionamento físico;
- Em jovens com sobrepeso ou obesidade, os treinos devem começar com exercícios básicos de resistência em um programa mais aeróbico, para apoiar e incentivar atividades físicas bem-sucedidas em curto e em longo prazo;
- Devem ser incluídos exercícios de aquecimento dinâmico, esfriando com alongamentos menos intensos;
- As crianças devem ser incentivadas a ingerir líquidos adequadamente e a ter uma nutrição apropriada;
- A competência das habilidades de treino de resistência deve ser avaliada e um feedback em tempo real sobre a técnica de exercício deve ser fornecido. De forma a minimizar os riscos e maximizar os benefícios do treino. Os exercícios devem ser realizados inicialmente com pouca ou nenhuma carga até que a habilidade melhore e a técnica apropriada seja dominada. Cargas podem ser adicionadas, usando o peso corporal ou outras formas de resistência, desde que a forma adequada possa ser mantida. Em jovens com idade de treino mais avançada, maiores cargas e intensidades serão necessárias para aumentar a força muscular e a força na preparação para o esporte. O teste máximo de 1 repetição pode ser apropriado para desenvolver um programa individualizado e monitorar o progresso;
- Todos os principais grupos musculares da parte superior e inferior do corpo devem ser abordados;
- O tempo gasto no treino de resistência deve ser computado para reduzir o risco de lesões por atividade excessiva;
- Qualquer sintoma ou sinal de lesão ou treino excessivo deve ser avaliado antes de se retomar o treino;
- Exercícios de levantamento de peso e seus derivados devem ser incorporados por profissional qualificado;
- Os atletas devem ser educados sobre os riscos associados ao uso de substâncias que aumentam o desempenho e/ou drogas e esteroides anabolizantes: eles devem ser desencorajados a usar tais substâncias;
- A segurança deve ser aprimorada por profissionais qualificados, treinados e cientes dos aspectos únicos da juventude. Esses profissionais devem possuir um certificado reconhecido;
- Técnica e supervisão adequadas por um profissional qualificado como componentes de segurança são necessárias em qualquer programa de treino de resistência que envolva crianças e adolescentes.
A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) também recomenda que exercícios mais intensos, como musculação, por exemplo, sejam sempre realizados com o acompanhamento de um profissional. Uma vez que a prática regular de atividades de intensidade moderada a vigorosa pode colaborar com o aumento dos níveis circulantes do hormônio do crescimento (GH) e do fator estimulante do hormônio do crescimento (IGF1). Feitos de forma extenuante, essa atividade pode diminuir o ganho de altura, pela inibição do eixo GH/IGF-1.
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Referências bibliográficas:
- Stricker PR, et al. Resistance Training for Children and Adolescents. Pediatrics, e20201011, 2020
- Sociedade Brasileira de Pedatria. Promoção da Atividade Física na Infância e Adolescência. 2017. Disponível em: https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/19890e-MO-Promo_AtivFisica_na_Inf_e_Adoles-2.pdf Acesso em: 28/05/2020
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