Na mesa-redonda intitulada “Puberdade em foco: sinais, crescimento e conduta”, realizada durante o 16º Congresso Brasileiro de Pediatria em Endocrinologia e Metabologia (COBRAPEM 2025), foram discutidos temas frequentes no ambulatório de pediatria geral, como odor axilar e pubarca precoce.
A Dra. Ana Carla pontuou que a adrenarca é um fenômeno fisiológico, caracterizado clinicamente pelo aumento de pelos nas regiões pubiana, genital e axilar, além de odor axilar, acne e oleosidade. Considera-se precoce quando o seu início ocorre antes dos oito anos nas meninas e antes dos nove anos nos meninos. Ressaltou também que essa condição é mais comum em crianças pequenas para a idade gestacional e naquelas com índice de massa corporal (IMC) elevado.
A palestrante reforçou ainda que a exposição a androgênios exógenos, bem como o uso de roupas de adultos por crianças, deve ser investigada na anamnese, pois esses fatores podem auxiliar na exclusão de outras etiologias. Além disso, enfatizou a importância do exame físico para diferenciar a pubarca precoce da hipertricose, uma vez que nesta última, há aumento generalizado de pelos finos, sem relação com excesso de andrógenos. Na pubarca precoce, por sua vez, os pelos tendem a ser mais longos e espessos.
Acrescentou que, mesmo quando precoce, a adrenarca geralmente tem evolução benigna, sendo manejada de forma conservadora, com acompanhamento clínico e reavaliações periódicas. Contudo, salientou que, na presença de sinais de alerta, é fundamental investigar diagnósticos diferenciais. Entre esses sinais, incluem-se: idade inferior a seis anos, hipertrofia do clitóris, escurecimento e aspecto rugoso da vulva em meninas, avanço da idade óssea em dois ou mais desvios-padrão, alterações de humor, timbre mais grave da voz, massa abdominal palpável e assimetria testicular.
Nos pacientes com aumento da velocidade de crescimento, recomendou a solicitação de radiografia para avaliação da idade óssea. Para crianças com adrenarca precoce antes dos seis anos, sinais de virilização ou evolução rápida do quadro, orientou a dosagem de androgênios séricos (sulfato de DHEA, testosterona, 17-alfa-hidroxiprogesterona e androstenediona). Ademais, na presença de telarca ou aumento do volume testicular, destacou que é necessário aventar a possibilidade de puberdade precoce central e solicitar as dosagens de LH, FSH e esteroides sexuais.
Por fim, concluiu a sua apresentação, ressaltando que a adrenarca precoce geralmente apresenta evolução benigna e reforçou a relevância do acompanhamento clínico regular, uma vez que uma das formas de discriminar entre casos autolimitados e as condições patológicas é a evolução ao longo do tempo.
Confira os destaques do COBRAPEM 2025!
Autoria

Amanda Neves
Editora médica assistente da Afya ⦁ Residência de Pediatria pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) ⦁ Graduação em Medicina pela UFPE
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