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Pediatria17 novembro 2022

CBMI 2022: Sepse nas unidades de terapia intensiva pediátrica

A palestra “Epidemiologia da Sepse nas Unidades de Terapia Intensiva Pediátrica no Brasil” foi apresentada no CBMI 2022.

No XXVII Congresso Brasileiro de Medicina Intensiva (CBMI 2022) que aconteceu de 10 a 12 de novembro em Brasília, a Dra. Vanessa Lanziotti (Rio de Janeiro/RJ) apresentou a palestra “Epidemiologia da Sepse nas Unidades de Terapia Intensiva Pediátrica no Brasil”, em uma sessão temática exclusiva sobre sepse.

A palestrante destacou o contexto mundial da sepse: é um problema global, sendo uma das principais causas de mortalidade de crianças no mundo e de admissão em Unidades de Terapia Intensiva Pediátrica (UTIP), mesmo em países desenvolvidos. Ademais, é tratada como prioridade de saúde pela Organização Mundial de Saúde (OMS). De acordo com dados da Global Health Alliance, 47-50 milhões de casos ocorrem anualmente, com cerca de 11.000.000 de óbitos (aproximadamente 1 morte a cada 2,8 segundos). Outro dado importante: 1 em cada 5 óbitos no mundo ocorre devido à sepse. Infelizmente, os sobreviventes podem cursar com complicações permanentes.

A Dra. Vanessa salientou dados de um estudo realizado na América Latina por Souza e colaboradores e publicado em 2021: em uma amostra de crianças graves de cinco países latino-americanos, a prevalência de choque séptico nas primeiras 24 horas de admissão e a mortalidade relacionada à sepse foram maiores em hospitais públicos do que em privados. Além disso, a maior mortalidade relacionada à sepse em crianças internadas em UTIP públicas foi associada a maior gravidade na admissão na unidade, mas não com o tipo de hospital.

Outro estudo realçado pela Dra. Vanessa analisou o perfil epidemiológico da sepse em 144 Unidades de Terapia Intensiva Pediátrica do país. O artigo The epidemiology of sepsis in paediatric intensive care units in Brazil (the Sepsis PREvalence Assessment Database in Pediatric population, SPREAD PED): an observational study, publicado no periódico The Lancet Child and Adolescent Health, incluiu dados de 252 pacientes, resultando em uma prevalência de sepse grave de 25%, com uma taxa de mortalidade de 19,8% por sepse grave. Os fatores associados a mortalidade foram: vacinação incompleta, vacinação desconhecida, escore pSOFA no diagnóstico e infecção nosocomial. Por fim, somente 8% dos pacientes morreram nas primeiras 72 horas de vida.

Leia mais: Estudo mostra que as prevalências de sepse e de choque séptico em crianças no Brasil são elevadas. 

CBMI 2022: Epidemiologia da sepse nas UTIs pediátricas no Brasil

E qual é a importância desses dados?

De acordo com a Dra. Vanessa, o conhecimento dessas informações permite:

  • Conhecer nossos dados locais e nossa realidade nacional;
  • Medidas de melhoria da qualidade que precisam ser implementadas para reconhecimento e diagnóstico da sepse;
  • Medidas preventivas para reduzir infecções associadas à assistência à saúde e aumentar a cobertura vacinal;
  • Mostrar, de forma indireta, cuidados inadequados e desigualdades sociais;
  • Orientação de políticas de alocação de recursos;
  • Orientação de iniciativas para melhorar o atendimento à sepse em UTIP em países de baixa renda.

Durante a apresentação, a palestrante mencionou um estudo que analisou as necessidades de profissionais que trabalham em ambientes com recursos limitados — estes diferem substancialmente de ambientes ricos em recursos. O artigo destaca que os vários desafios enfrentados precisam ser levados em consideração durante o desenvolvimento de diretrizes de sepse e choque séptico em pediatria.

Por fim, a Dra. Vanessa ressaltou obstáculos para a realização de pesquisa em países de baixa e média renda de acordo com um estudo feito pelo PALISI Global Health:

  • Carência de pesquisadores experientes;
  • Falta de cultura relacionada à pesquisa clínica;
  • Sobrecarga de trabalho nas UTIP;
  • Falta de treinamento em pesquisa;
  • Dificuldade de recrutar pacientes;
  • Ausência de tempo dedicado exclusivamente para pesquisas;
  • Ausência de carreira em pesquisa;
  • Dificuldade de suporte estatístico;
  • Diferentes modelos de previsão/estratificação de risco;
  • Capacidade limitada dos serviços de microbiologia;
  • Despreparo dos conselhos de ética;
  • Inexperiência na elaboração de manuscritos;
  • Dificuldade de publicar em revistas de impacto;
  • Escassez de periódicos científicos locais.

CBMI 2022: Confira a cobertura do Congresso Brasileiro de Medicina Intensiva

Autoria

Foto de Roberta Esteves Vieira de Castro

Roberta Esteves Vieira de Castro

Graduada em Medicina pela Faculdade de Medicina de Valença ⦁ Residência médica em Pediatria pelo Hospital Federal Cardoso Fontes ⦁ Residência médica em Medicina Intensiva Pediátrica pelo Hospital dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro. Mestra em Saúde Materno-Infantil (UFF) ⦁ Doutora em Medicina (UERJ) ⦁ Aperfeiçoamento em neurointensivismo (IDOR) ⦁ Médica da Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica (UTIP) do Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE) da UERJ ⦁ Professora adjunta de pediatria do curso de Medicina da Fundação Técnico-Educacional Souza Marques ⦁ Membro da Rede Brasileira de Pesquisa em Pediatria do IDOR no Rio de Janeiro ⦁ Acompanhou as UTI Pediátrica e Cardíaca do Hospital for Sick Children (Sick Kids) em Toronto, Canadá, supervisionada pelo Dr. Peter Cox ⦁ Membro da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB) ⦁ Membro do comitê de sedação, analgesia e delirium da AMIB e da Sociedade Latino-Americana de Cuidados Intensivos Pediátricos (SLACIP) ⦁ Membro da diretoria da American Delirium Society (ADS) ⦁ Coordenadora e cofundadora do Latin American Delirium Special Interest Group (LADIG) ⦁ Membro de apoio da Society for Pediatric Sedation (SPS) ⦁ Consultora de sono infantil e de amamentação ⦁ Instagram: @draroberta_pediatra

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