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Pediatria16 novembro 2022

CBMI 2022: Desafios sobre o ônus da sepse pediátrica no Brasil e América Latina

Foi apresentada no CBMI 2022) a sessão temática “Sepse pediátrica no Brasil: incidência, mortalidade e diagnóstico precoce – onde estamos?”.

Durante o XXVII Congresso Brasileiro de Medicina Intensiva (CBMI 2022), a sessão temática “Sepse pediátrica no Brasil: incidência, mortalidade e diagnóstico precoce – onde estamos?” abordou pontos extremamente relevantes para a prática do intensivista pediátrico brasileiro. A sepse é um dos principais contribuintes para a carga global de doenças.  

Conforme dados da literatura, a maioria dos casos e óbitos por sepse acontece em países de baixa e de média renda (infelizmente, há uma enorme variedade na capacidade dos sistemas de saúde pública e de prestação de cuidados de saúde agudos nesses países). Existe bastante heterogeneidade entre essas áreas de poucos recursos, incluindo importantes diferenças regionais, políticas e econômicas. Ainda assim, essas regiões são frequentemente afetadas por sistemas de saúde de baixa resiliência e abrigam pessoas com acesso limitado aos cuidados de saúde. 

Na primeira palestra da sessão, o Dr. Arnaldo Prata-Barbosa enfatizou os principais desafios para reduzir o ônus da sepse pediátrica no Brasil e na América Latina e abordou inúmeros fatores envolvidos nessa realidade em países de média e de baixa renda: 

Morbidade e mortalidade pós-alta 

  • Serviços inadequados de fisioterapia, terapia ocupacional, fonoaudiologia e psicologia; 
  • Falta de recursos de enfermagem e reabilitação qualificados para pacientes internados; 
  • Falta de registro de dados confiáveis; 
  • Ausência de diretrizes implementadas. 

Fatores de risco prévios 

  • Acesso limitado à medicina preventiva; 
  • Baixa cobertura vacinal; 
  • Desnutrição; 
  • Condições precárias de vida; 
  • Exposição a vetores animais; 
  • Educação materna. 

Condições de transporte 

  • Qualidade das vias públicas; 
  • Disponibilidade e custos de transporte público; 
  • Localização dos centros de saúde; 
  • Serviços de emergência pré-hospitalar. 

Centros de atenção primária 

  • Carência de recursos humanos e financeiros; 
  • Falta de experiência da equipe de saúde; 
  • Suprimentos insuficientes; 
  • Falta de treinamento e formação; 
  • Infraestrutura física inadequada; 
  • Medicamentos abaixo do padrão ou falsificados. 

Centros de referência 

  • Sistemas de referência pouco eficientes; 
  • Unidades de Terapia Intensiva Pediátrica (UTIP) com capacidade limitada; 
  • Carência de recursos humanos e financeiros; 
  • Falta de capacidade cirúrgica (eliminação de focos de infecção); 
  • Capacidade limitada de diagnóstico microbiológico; 
  • Falta de diretrizes consolidadas e implementadas; 
  • Registro precário de dados. 

Fonte: Prata-Barbosa, 2022 (adaptado de Rudd et al., 2018).

Diante desses fatores supracitados, o palestrante comentou sobre alguns passos essenciais para reduzir o ônus da sepse em locais com poucos recursos: 

  • Fortalecer a saúde pública e os sistemas de saúde de urgência:
  1. Enfrentar diretamente a pobreza e as desigualdades;
  2. Prevenir a propagação e a aquisição de doenças infecciosas; 
  3. Cuidados de saúde primários acessíveis e de alta qualidade; 
  4. Transporte público e serviços médicos hospitalares funcionantes; 
  5. Centros médicos de referência sólidos, com boa infraestrutura (pessoal e recursos), acessíveis a todos; 
  6. Laboratórios centrais de referência para microbiologia e outros testes específicos;
  7. Maior capacidade de oferecer cuidados intensivos, dentro e fora das UTIP; 
  8. Utilizar critérios simples e eficazes para o diagnóstico precoce da sepse. 
  • Registrar, com precisão, os casos de sepse (codificação adequada); 
  • Realizar pesquisas inclusivas; 
  • Desenvolver diretrizes baseadas em dados específicos de países de baixa e média renda. 

Por fim, Prata-Barbosa destacou que a sepse deve ser vista como um grande problema de saúde pública internacional. Dessa forma, os esforços para enfrentá-la devem ser focados na desigualdade econômica, nos determinantes sociais e na infraestrutura de saúde pública. 

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Referências bibliográficas

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