Durante o XXVII Congresso Brasileiro de Medicina Intensiva (CBMI 2022), a sessão temática “Sepse pediátrica no Brasil: incidência, mortalidade e diagnóstico precoce – onde estamos?” abordou pontos extremamente relevantes para a prática do intensivista pediátrico brasileiro. A sepse é um dos principais contribuintes para a carga global de doenças.
Conforme dados da literatura, a maioria dos casos e óbitos por sepse acontece em países de baixa e de média renda (infelizmente, há uma enorme variedade na capacidade dos sistemas de saúde pública e de prestação de cuidados de saúde agudos nesses países). Existe bastante heterogeneidade entre essas áreas de poucos recursos, incluindo importantes diferenças regionais, políticas e econômicas. Ainda assim, essas regiões são frequentemente afetadas por sistemas de saúde de baixa resiliência e abrigam pessoas com acesso limitado aos cuidados de saúde.
Na primeira palestra da sessão, o Dr. Arnaldo Prata-Barbosa enfatizou os principais desafios para reduzir o ônus da sepse pediátrica no Brasil e na América Latina e abordou inúmeros fatores envolvidos nessa realidade em países de média e de baixa renda:
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Morbidade e mortalidade pós-alta |
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Fatores de risco prévios |
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Condições de transporte |
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Centros de atenção primária |
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Centros de referência |
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Fonte: Prata-Barbosa, 2022 (adaptado de Rudd et al., 2018).
Diante desses fatores supracitados, o palestrante comentou sobre alguns passos essenciais para reduzir o ônus da sepse em locais com poucos recursos:
- Fortalecer a saúde pública e os sistemas de saúde de urgência:
- Enfrentar diretamente a pobreza e as desigualdades;
- Prevenir a propagação e a aquisição de doenças infecciosas;
- Cuidados de saúde primários acessíveis e de alta qualidade;
- Transporte público e serviços médicos hospitalares funcionantes;
- Centros médicos de referência sólidos, com boa infraestrutura (pessoal e recursos), acessíveis a todos;
- Laboratórios centrais de referência para microbiologia e outros testes específicos;
- Maior capacidade de oferecer cuidados intensivos, dentro e fora das UTIP;
- Utilizar critérios simples e eficazes para o diagnóstico precoce da sepse.
- Registrar, com precisão, os casos de sepse (codificação adequada);
- Realizar pesquisas inclusivas;
- Desenvolver diretrizes baseadas em dados específicos de países de baixa e média renda.
Por fim, Prata-Barbosa destacou que a sepse deve ser vista como um grande problema de saúde pública internacional. Dessa forma, os esforços para enfrentá-la devem ser focados na desigualdade econômica, nos determinantes sociais e na infraestrutura de saúde pública.
Autoria

Roberta Esteves Vieira de Castro
Graduada em Medicina pela Faculdade de Medicina de Valença ⦁ Residência médica em Pediatria pelo Hospital Federal Cardoso Fontes ⦁ Residência médica em Medicina Intensiva Pediátrica pelo Hospital dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro. Mestra em Saúde Materno-Infantil (UFF) ⦁ Doutora em Medicina (UERJ) ⦁ Aperfeiçoamento em neurointensivismo (IDOR) ⦁ Médica da Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica (UTIP) do Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE) da UERJ ⦁ Professora adjunta de pediatria do curso de Medicina da Fundação Técnico-Educacional Souza Marques ⦁ Membro da Rede Brasileira de Pesquisa em Pediatria do IDOR no Rio de Janeiro ⦁ Acompanhou as UTI Pediátrica e Cardíaca do Hospital for Sick Children (Sick Kids) em Toronto, Canadá, supervisionada pelo Dr. Peter Cox ⦁ Membro da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB) ⦁ Membro do comitê de sedação, analgesia e delirium da AMIB e da Sociedade Latino-Americana de Cuidados Intensivos Pediátricos (SLACIP) ⦁ Membro da diretoria da American Delirium Society (ADS) ⦁ Coordenadora e cofundadora do Latin American Delirium Special Interest Group (LADIG) ⦁ Membro de apoio da Society for Pediatric Sedation (SPS) ⦁ Consultora de sono infantil e de amamentação ⦁ Instagram: @draroberta_pediatra
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