O 2° Congresso Sul-Americano e 4° Congresso Paulista de Urgências e Emergências Pediátricas, ocorrido na cidade de São Paulo neste fim de semana, mostrou uma série muito interessante de estudos brasileiros que foram apresentados em formato de pôster. Um deles avaliou a evolução temporal e a distribuição espacial de nascimentos prematuros no estado de Pernambuco no período de 2011 a 2020. O trabalho foi conduzido por pesquisadores da Universidade de Pernambuco (Campus Serra Talhada) e apresentado por Marília Santana.
Conforme descrito pelos autores, considera-se nascimento prematuro quando o parto ocorre antes de 37 semanas de idade gestacional, sendo um relevante e grave problema de saúde pública devido à elevada prevalência global. Anualmente, há cerca de 30 milhões de partos prematuros que, infelizmente, são acompanhados por uma alta mortalidade. Diante dessas informações, foi realizado um estudo observacional, quantitativo e descritivo por meio de dados secundários do Sistema de Informação dos Nascimentos Vivos, sendo analisado o registro de nascimentos que ocorreram entre 2011 e 2020.
Resultados apresentados
Os pesquisadores descreveram que o ano de 2012 se caracterizou pela maior taxa de mortalidade, com 11,7 prematuros para cada 100 nascidos vivos. Já 2018 foi o ano de menor taxa (10,4). Além disso, houve uma tendência decrescente no índice de prematuridade ao longo dos anos em todo o Estado de Pernambuco (R ajustado = 0,6545, p < 0,005). No que tange à distribuição espacial. 9,1% dos casos ocorreram no Sertão, 12,4% no vale do São Francisco, 19,9% na região Agreste e, a maior parte (58,6%), na região Metropolitana. Por fim, gestantes residentes na I Gerência Regional de Saúde (GERES) sediada em Recife contabilizaram 43,3% dos partos prematuros. Em seguida, na IV GERES (Caruaru), esse valor correspondeu a 13,9%.
Conclusões dos pesquisadores
No período do estudo, foi observada uma queda discreta do número de nascimentos prematuros em Pernambuco. Ademais, os pesquisadores notaram um predomínio da casuística na região Metropolitana do Estado, em especial entre as gestantes moradoras da I GERES. Dessa forma, o trabalho apresentado reforça a relevância da qualidade de assistência do pré-natal, principalmente com relação ao reconhecimento de fatores de risco que predispõem à prematuridade e a instituição de estratégias de prevenção em circunstâncias apropriadas. Por último, os autores destacaram a necessidade de um atendimento hospitalar de excelência com o objetivo, quando possível, de se adiar o parto e amparar o bebê prematuro, evitando-se as complicações da prematuridade.
Comentário
Parabenizo os autores pela abordagem de um tema tão pertinente e tão presente na realidade brasileira. Apesar da queda dos partos prematuros ao longo dos anos, os números se mantiveram elevados, destacando o papel do profissional de saúde na prevenção do parto prematuro através do pré-natal. Conforme observado pela apresentadora, Marília, não foi avaliado o que de fato correspondeu a números exclusivos da região Metropolitana, já que muitas mulheres residentes no interior do Estado são, muitas vezes, encaminhadas para área de Recife devido à falta de recursos. Além disso, pode haver gestantes que não recebem, de fato, atendimento oportuno e não foram contabilizadas nessa avaliação.
Para finalizar, ressalto que a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) reforça o valoroso papel do pediatra na assistência pré-natal: a consulta pediátrica de pré-natal vem sendo recomendada pela instituição como parte dos cuidados da gestante e do bebê no terceiro trimestre de gestação (idealmente entre 32 a 34 semanas de idade gestacional).
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