Um estudo prospectivo sugere que bebês expostos ao acetaminofeno (paracetamol) durante a gestação têm maior risco de desenvolver problemas comportamentais. Devido ao amplo uso do medicamento entre mulheres grávidas, a hipótese pode ter implicações importantes na saúde pública.
No estudo, publicado em agosto de 2016 na Pediatrics, os pesquisadores avaliaram dados prospectivos de 7.796 mães, juntamente com seus filhos e parceiros. O uso de paracetamol foi registrado com base no auto-relato materno.
Entre as mães, 53% relatou o uso do acetaminofeno em 18 semanas de gestação, assim como 42% em 32 semanas. Em relação ao uso após a gestação, 89% das mães e 84% dos parceiros relataram seu uso após o nascimento. O estado comportamental foi avaliado usando um questionário de triagem comportamental, que mostrou que 5% das crianças aos 7 anos de idade tiveram problemas comportamentais.
Na análise inicial, o uso do acetaminofeno por parte da mãe, em 18 semanas de gravidez, foi associado com uma maior probabilidade de ocorrência de problemas de conduta e sintomas de hiperatividade na infância. Enquanto, o uso em 32 semanas foi associado com maiores chances de sintomas emocionais, de hiperatividade e problemas de conduta.
Houve uma maior associação entre o uso de paracetamol e problemas comportamentais e emocionais durante o terceiro trimestre de gestação em relação ao segundo. Desta forma, sugere-se que o tempo de uso pode ser um fator importante. Como há um desenvolvimento cerebral ativo do feto durante o terceiro trimestre de gestação, esta descoberta pode indicar que existem períodos quando o cérebro é mais sensíveis à exposição do medicamento.
O mecanismo para a influência do paracetamol no comportamento do bebê ainda não é conhecido, mas os autores sugerem que as propriedades de desregulação do sistema endócrino podem afetar o desenvolvimento fetal, o mesmo acontecendo com o desenvolvimento de metabólitos tóxicos pelo feto quando o acetaminofeno atravessa a placenta, ou a interrupção do desenvolvimento do cérebro através de estresse oxidativo.
Referências:
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