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Pediatria18 abril 2023

Avanços na monitorização neurológica neonatal

Nos últimos anos, tivemos grandes avanços na monitorização neurológica no contexto da UTI Neonatal. Dentre esses avanços, vale ressaltar 3 aspectos especialmente importantes: a implementação de protoc…

Por Cadu Carlomagno

Nos últimos anos, tivemos grandes avanços na monitorização neurológica no contexto da UTI Neonatal. Dentre esses avanços, vale ressaltar 3 aspectos especialmente importantes: a implementação de protocolos de terapia mínima para prematuros em risco de sangramentos no sistema nervoso central (SNC), o eletroencefalograma de amplitude (aEEG) e o uso da espectroscopia no próximo infravermelho (NIRS).

Com o entendimento do maior risco de hemorragias intracranianas dentro das primeiras 72 horas após o nascimento, com papel coadjuvante da terapia dos prematuros abaixo de 32 semanas e peso ao nascimento menor de 1500 g no ocorreram essas hemorragias, surgiu a necessidade de implementar protocolos de terapia mínimo para prevenir tais patologias. Cada unidade neonatal deve escrever e implementar o seu próprio protocolo, mas em geral incluir ao máximo reduzir as manipulações desses prematuros nas primeiras 72 horas de vida, agrupando exame médico, cuidados de enfermagem e de fisioterapia em intervalos de aproximadamente 8-6 horas, reduzir luzes e ruídos da unidade, mantenha o bebê em decúbito dorsal horizontal com a cabeça em posição neutra (evitar pronar) e evite pesar ou realizar exames necessários nesse período.

Paralelo a isso, hoje em dia é possível avaliar a atividade neuronal desses pacientes através da monitorização eletroencefalográfica contínua e à beira leito do aEEG.

Figura 1: Monitorização eletroencefalográfica contínua

Ele nos permite avaliar a atividade neurológica basal do recém-nascido (e confirmar se ela está dentro do esperado para a idade gestacional – chamada de padrão descontínuo), assim como verificar a presença de ciclos sono-vigília e de convulsões. Vale lembrar que 80% das convulsões no período neonatal são subclínicas, ou seja, não foram apresentadas clinicamente.

Figura 2: Abaixo, em azul, traçado do aEEG com o traçado acima do EEG evidenciando convulsão (seta)

Avaliar continuamente a atividade elétrica neuronal permite tratar precocemente convulsões quando de fato ocorrem, como também estimar melhor o prognóstico neurológico do paciente durante esses primeiros dias de vida.

Por último, mas certamente não menos importante, o NIRS cerebral trata-se de um sensor localizado na região frontal do paciente, que nos permite avaliar a monitorização regional cerebral de O2 dos neurônios (rScO2).

Figura 3: NIRS cerebral localizado na região frontal do crânio e o monitor captando a rScO2 cerebral continuamente

Em situações de adequada oferta de oxigênio e de atividade neuronal haverá consumo do oxigênio circulante pelos neurônios, de modo que a monitorização contínua se manterá dentro de patamares adequados de 60 a 80%.

Figura 4: Gráfico mostrando que a zona segura da rScO2 ocorre na faixa aproximada de 60-80%

O aumento desse valor sustentado, com alteração da atividade de base do aEEG, pode sugerir piora da vitalidade neuronal, seja por convulsão ou eventualmente por ventilação mecânica agressiva, levando à hipocapnia e ao hipofluxo cerebral.

Em conjunto, essas estratégias de neuroproteção permitem que o neonatologista monitore continuamente a atividade cerebral de recém-nascidos de risco e otimize suas condutas para maior preservação de seu prognóstico neurológico.

Referências

  • SHAH, Nidhi Agrawal; WUSTHOFF, Courtney Jane. How to use: amplitude-integrated EEG (aEEG). Archives of Disease in Childhood-Education and Practice, v. 100, n. 2, p. 75-81, 2015.
  • Disponível em: https://www.mpo-mag.com/contents/view_breaking-news/2019-06-10/fda-oks-neonatal-indication-for-masimos-o3-regional-oximetry/#:~:text =Masimo%20anunciou%20que%20O3%20Regional, o%20oxygen%20in%20the%20brain. Acesso em: 16 nov 2022.
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