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Pediatria17 janeiro 2025

Avaliação para a de síndrome de abstinência por alfa-2-agonistas em UTIP

Resultados de estudo mostram o desenvolvimento e os testes preliminares de um novo instrumento para avaliação de síndrome de abstinência iatrogênica por A2A

Atualmente, diretrizes relevantes, em especial o PANDEM Guidelines da Society of Critical Care Medicine, têm recomendado o uso da dexmedetomidina como um agente primário para sedação em Unidades de Terapia Intensiva Pediátrica (UTIP), particularmente em crianças e adolescentes em pós-operatórios de cirurgia cardíaca com extubação precoce esperada e para todos os pacientes pediátricos que requerem ventilação mecânica (VM). No entanto, o uso de dexmedetomidina por um período superior a cinco dias pode predispor à dependência fisiológica e à síndrome de abstinência iatrogênica (SAI) quando esse fármaco é suspenso. As manifestações clínicas mais frequentemente relatadas incluem agitação, hipertensão arterial e taquicardia.  

É importante destacar que o PANDEM também descreve que, até que uma ferramenta de triagem validada seja desenvolvida, o monitoramento da SAI por agentes alfa-2-agonistas (A2A) deve ser efetuado através de uma combinação de sintomas associados (taquicardia ou hipertensão arterial inexplicadas) associado à aplicação de um instrumento diagnóstico válido para SAI por opioides ou benzodiazepínicos.  

Recentemente, pesquisadores do Boston Children’s Hospital (BCH) liderados pela Dra. Martha Curley (University of Pennsylvania), publicaram os resultados de um estudo sobre o desenvolvimento e os testes preliminares de um novo instrumento para avaliação de SAI por A2A. A pesquisa foi publicada em dezembro de 2024 na Pediatric Critical Care Medicine 

UTI

Metodologia 

O estudo foi conduzido no BCH, um hospital infantil acadêmico, e foi dividido em três etapas. A etapa 1 consistiu em uma análise retrospectiva de prontuários de crianças que apresentaram manifestações clínicas documentadas de SAI por dexmedetomidina. O BCH havia implementado uma diretriz de desmame de dexmedetomidina. Dessa forma, para evitar viés, foram coletados dados de dois períodos, 2016 e 2019, isto é,  antes e depois da implementação da diretriz interna. Na etapa 2, o instrumento Withdrawal Assessment Tool-Alpha 2 Agonist (WAT-A2A) foi construído com base nos dados coletados na etapa 1. Por fim,  a etapa 4 incluiu um teste prospectivo utilizando o WAT-A2A em crianças submetidas a desmame de A2A. Nenhuma intervenção foi realizada.  

Foram incluídas crianças graves em desmame de, pelo menos, cinco dias de dexmedetomidina. Pacientes pediátricos em desmame concomitante de outros sedativos foram excluídos.  

Resultados 

Etapa 1 

Na etapa 1,  foram identificadas 530 crianças que receberam dexmedetomidina por mais de cinco dias consecutivos, sendo que 303/530 tiveram um aumento na dose após o desmame. Das 303 crianças, foram excluídas 220 em que o motivo documentado para o aumento da dose de dexmedetomidina não era atribuído à SAI ou não tivessem dados documentados. Portanto, foram incluídas 83/303 crianças restantes. Destas 83 crianças 

Nesta etapa, 59/83 (83%) tiveram agitação ou mudança no comportamento do estado usual; 38/83 (46%) apresentaram pelo menos um aumento de 20% na pressão arterial diastólica (PAD) e 72/83 (88%) tiveram pelo menos um aumento de 20% na frequência cardíaca (FC). A ausência ou presença de tremores foi documentada em 48 de 83 pacientes (58%) e, quando documentados, tremores ocorreram em 56% desses pacientes.Quando documentado, 56% (27/48) demonstraram tremores durante seu episódio de SAI.  

Etapa 2 

Foi construída a ferramenta WAT-A2A com base nos dados da etapa 1 e com quatro itens: FC, PAD, comportamento e tremores.  

Etapa 3 

A ferramenta WAT-A2A foi testada e teve bom desempenho em 82 crianças em desmame de A2A.  

Conclusão 

A ferramenta WAT-A2A mostrou, em uma avaliação inicial, ser válida e confiável para o desmame de A2A em UTIP, o que poderá auxiliar em um manejo mais eficaz, minimizando exposições desnecessárias. 

Comentário 

Apesar de se mostrarem seguros e serem recomendados por relevantes publicações internacionais para analgosedação de pacientes pediátricos em cuidados intensivos, os A2A não são isentos de efeitos colaterais e podem também ser fatores de risco para SAI e delirium nessa população. 

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Referências bibliográficas

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